A força da vida consagrada

A vida consagrada é movida pela força extraordinária do amor que impele as pessoas a um compromisso! “A caridade na verdade, que Jesus Cristo testemunhou com a sua vida terrena e, sobretudo, com a sua morte e ressurreição, é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira. O amor é uma força extraordinária, que impele as pessoas a comprometerem-se, com coragem e generosidade, no campo da justiça e da paz. É uma força que tem sua origem em Deus, Amor eterno e Verdade absoluta” (Bento XVI, Caridade na Verdade 1).

Deus Pai chama todas as pessoas para participarem de sua vida e de sua glória, pois “não é um Deus de mortos, mas de vivos” (Mc 12,27). Os consagrados e as consagradas são chamados, escolhidos, para participarem da plenitude da Vida visibilizada em Jesus Cristo, a revelação do Amor. Chamada à plenitude da Vida que na tradição da Igreja vem denominada santidade, a Vida Consagrada participa da dinamicidade da caridade de Deus. Participação que não é escolha da pessoa, mas correspondência amorosa diante da delicadeza do chamado: “vem e segue-me”.

O convite, o chamado, à consagração, é o tesouro inigualável que faz vender tudo, porque encontrou a maior riqueza, o tudo de sua vida. O tesouro, o bem querer que é uma pessoa: Jesus Cristo. Ele faz viver, desperta desejos novos, sonhos novos, novo amor, nova vida, faz reviver a pessoa inteira! Ele faz do consagrado e consagrada, seu familiar, porque compartilha com eles a mesma vida que procede do Pai e oferece uma união íntima com Ele, obediência à Palavra do Pai, para produzir frutos de amor em abundância (DAp 133).

Os e as consagradas experimentam “que a vinculação íntima com Jesus no grupo dos seus é participação da Vida saída das entranhas do Pai, é se formar para assumir seu estilo de vida e suas motivações (cf. Lc 6,40b), viver seu destino e assumir sua missão de fazer novas todas as coisas” (DAp 131). A participação na vida e na missão de Jesus é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento do consagrado e da consagrada, que na confissão de São Paulo ressoa: “já não eu, mas Cristo que vive em mim”.

A plenitude da vida humana, a transformação, a maturação, o desabrochar, desenvolvida plenamente em Cristo, vai acontecendo na medida em que a força extraordinária do amor vai gerando um comprometimento com a justiça e a paz. Justiça e paz que são a medida do Reino. A vocação de estar com Ele, participar do “sonho” do Pai, do projeto do Pai, é ser como Ele: próximo dos sofredores, e gerar uma sociedade sem excluídos, seguir a sua prática comendo com publicanos e pecadores, acolher os pequenos e as crianças, curar os leprosos de nosso tempo, perdoar e libertar os pecadores, falar com a Samaritana de hoje (DAp 135).

A essa Vida toda pessoa consagrada é chamada, essa é a sua vocação, essa é também a sua missão. Para a vida consagrada não existe dicotomia entre a vocação e a missão, não são dois momentos estanques. Se o amor visibilizado em Jesus Cristo é a força vital para o desenvolvimento da pessoa, a vida consagrada na Igreja é dinamizada por essa força.

“Quando encontrei tuas palavras, alimentei-me; elas se tornaram para mim uma delícia e a alegria do coração, o modo como invocar teu nome” (Jr 15,16). O amor não chamou, chama! O chamado, a vocação, dá a dinamicidade a todas as ações, pensamentos e desejos. O chamado é dinâmico vai transformando a pessoa, vai consagrando todo o ser.  A pessoa da vida consagrada não vive para si mesmo, porque o amor sempre envia para o outro. A vocação e a missão são a expressão da força propulsora que unifica a vida: o amor chama, o amor envia. Vocação que é missão e missão que vocação. A vocação e a missão de participar da Vida saída das entranhas do Pai, de estar com Jesus e anunciar a sua vida, morte e ressurreição, de anunciar o amor do Pai, fazer-se próximo dos sofredores, gerar um mundo novo de acolhida, perdão, de cura, de liberdade e de acolhimento.

Sensíveis à ação do Espírito que tudo renova, transforma e fecunda os consagrados e as consagradas vivem com generosidade e gratuidade a sua vocação e missão.

Dom Leonardo Ulrich Steiner

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