A materialização do amor ao próximo no trabalho voluntário na Igreja no Brasil

“Para que todas as crianças tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10). É por este motivo que a Pastoral da Criança atua em todo o Brasil, acompanhando mais de 883 mil crianças, 53 mil gestantes, de 843 mil famílias, zelando pelo cuidado desde o nascimento e durante toda a primeira infância. Para que isso aconteça, mais de 153 mil voluntários estão mobilizados, sendo 83 mil líderes. Juntos, eles levam a missão pastoral para 3.535 municípios e 28.676 comunidades. Estes são dados do primeiro trimestre deste ano produzidos pelo Sistema de Informação da Pastoral da Criança,

Não é novidade que a maior parte do voluntariado da Pastoral da Criança é formada por mulheres (92%). Mas a participação dos homens também vem aumentando e somando cada vez mais nesta rede de solidariedade, mostrando que o cuidado com a criança é papel de todos. Em relação à idade, 60% dos voluntários têm entre 30 e 59 anos, 27% até 29 anos e 13% já chegaram aos 60 ou mais. Poder contar com a colaboração de todas as gerações é um exemplo de como o conhecimento, a experiência e a novidade podem conviver e gerar bons frutos. E vários filhos e filhas já seguiram o exemplo de seus pais no serviço ao próximo.

Voluntários da Pastoral da Criança em casa de beneficiários

A partir de uma pesquisa realizada em 2015, com líderes, coordenadores e apoios de todos os estados, a coordenação nacional descobriu que a média de escolaridade aumentou entre os voluntários da Pastoral da Criança. Atualmente, quase 39% deles possuem ensino médio completo, 19% já concluíram o ensino superior e 6% começaram o ensino superior, mas ainda não terminaram. Muitos são os casos de pessoas que voltaram a estudar porque se sentiram inspirados pela missão junto às famílias, na certeza do potencial que cada voluntário tem de aprender, tanto com a cabeça, quanto com o coração.

Juntos, os líderes e voluntários de apoio realizam muito mais do que as importantes ações básicas e complementares. São, na prática, o exercício diário da solidariedade, da amizade e do amor ao próximo. Para Dr. Nelson Arns Neumann, Coordenador Internacional da Pastoral da Criança, “na convivência com a comunidade, além da partilha de conhecimento sobre saúde, nutrição, educação e cidadania, há doação de tempo, de escuta e a compreensão dos saberes dos outros, das diferenças e particularidades de cada local. Por vezes, eles são os únicos que entram em casas de difícil acesso e constroem com as famílias uma relação de confiança que é levada para a vida toda. Em outros casos, mobilizam os vizinhos para chamar a atenção das autoridades e fazer valer os direitos das crianças e gestantes daquela comunidade, ou para resolver uma situação de dificuldade”.

Nelson Arns, coordenador internacional da Pastoral da Criança, em visita às famílias

A dedicação dos voluntários da Pastoral da Criança ajudou a produzir no Brasil uma mudança de mentalidade sobre os cuidados com a criança. As comunidades descobriram a sua força transformadora. Milhares de pessoas se sentem valorizadas onde vivem, sabem dialogar, assumem compromissos para melhorar a realidade em que vivem, fazem história e contribuem para a continuidade da história.

O trabalho voluntário na Pastoral da Criança

O voluntário pode ser um líder comunitário, que acompanha em média 12 famílias da vizinhança, com orientações sobre a saúde da gestante e da criança, desenvolvimento infantil, cidadania (direitos e deveres) e participação nos conselhos saúde, direitos da criança, segurança alimentar. Todos os meses os líderes visitam as famílias para ver como estão as crianças menores de 6 anos; e fazem uma celebração da vida com as crianças acompanhadas da comunidade, momento em que realizam o acompanhamento nutricional, atividades de brinquedos e brincadeiras e rodas de conversa com as gestantes, por exemplo. Eles também realizam uma reunião de reflexão e avaliação para discutir os assuntos da comunidade. (Foto: Agente pesa criança 3 – Legenda: Voluntários da Pastoral da Criança monitorando peso das crianças)

Os voluntários de apoio colaboram com estas atividades dos líderes, especialmente no dia da celebração da vida, com o preparo de um lanche para as crianças e como brincadores. Sabemos que as pessoas dispõem de menos tempo para ser voluntário hoje em dia, especialmente nas cidades. Além de cuidar da família em casa é preciso trabalhar fora. Sobra somente o final de semana. Converse em casa sobre este assunto. Descubra como se envolver com os líderes da Pastoral da Criança, de acordo com a realidade de sua comunidade.

Para se tornar líder é preciso fazer uma capacitação oferecida pela Pastoral da Criança sobre saúde e desenvolvimento da criança. Enquanto participa da capacitação, o voluntário pode conhecer mais sobre o trabalho e ajudar como apoio da Pastoral da Criança. Existem também voluntários para outras ações como capacitadores, conselheiros, articuladores, brinquedistas, colaboradores das hortas domésticas e comunicadores populares.

O trabalho voluntário traz melhores resultados quando os serviços públicos funcionam bem, com acesso e qualidade. A participação da comunidade nos conselhos de políticas públicas amplia as conquistas da Pastoral da Criança. Os voluntários da Pastoral da Criança que atuam como Articuladores junto ao Conselho Municipal de Saúde têm a missão de prevenir a mortalidade infantil e melhorar o acesso aos serviços de saúde.

Trabalho de monitoramento do desenvolvimento das crianças

Se quiser ser um voluntário da Pastoral da Criança e desenvolver ações de saúde, nutrição, educação, cidadania e espiritualidade de forma ecumênica nas comunidades pobres, visando promover o desenvolvimento integral das crianças, desde a concepção aos seis anos de idade, e a melhoria da qualidade de vida das famílias, informe-se na sua paróquia ou entre em contato com a coordenação da Pastoral da Criança na sua cidade. Endereços e telefones também estão disponíveis em: www.pastoraldacrianca.org.br.

Rede de voluntários é a alma da Pastoral da Criança 

Com o apoio e o esforço de cada um dos voluntários, a Pastoral da Criança, desde sua fundação, desempenha um papel essencial em prol da sociedade brasileira e de outros 10 países. A rede de voluntários, formada por mais de 153 mil pessoas, que dedicam seu tempo e conhecimento pelas crianças, são a alma da Pastoral. Em sua entrevista, a coordenadora nacional da Pastoral da Criança, irmã Veneranda Alencar, destaca o poder transformador de cada voluntário, tanto para a comunidade, quanto para sua própria vida – ao estimular a autoconfiança e a autoestima das pessoas.

Irmã Veneranda Alencar, coordenadora nacional da Pastoral da Criança

O que move as pessoas a serem voluntárias?

A solidariedade, doar aos outros os próprios conhecimentos, talentos e o próprio tempo é uma das maiores satisfações que podemos ter na vida. Quando você doa algo para os outros, sem querer nada em troca, aquilo que você recebe é muito mais do que aquilo que você doa.

Que benefícios este tipo de atividade gera no voluntário?

A maioria dos voluntários relata que sentem uma alegria imensa quando ajudam os outros, todos se beneficiam, o voluntário, a instituição e principalmente a pessoa que é atendida. O serviço voluntário pode contribuir para a cidadania e a participação social das pessoas e também, ajuda na realização pessoal e muitas vezes profissional.

Qual é a importância dos voluntários para a Pastoral da Criança?

Os voluntários são a base da Pastoral da Criança, são eles que realizam o trabalho fantástico em todo o Brasil e no exterior, voluntariamente. São pessoas amadas e escolhidas por Deus, que aceitam a missão de levar vida e esperança a todos, com prioridade aos irmãos mais empobrecidos de nossas comunidades.

O que motiva uma pessoa a ser voluntária da Pastoral da Criança?

O objetivo principal dos voluntários da Pastoral da Criança é transformar o anúncio de Jesus Cristo em ação concreta, para que todas as crianças tenham vida e a tenham em abundância. A fé em Cristo é a força motora da Pastoral e é capaz de aquecer o coração de todos. Na Pastoral da Criança, o voluntário tem uma missão a cumprir, ele desenvolve o seu trabalho gratuitamente, para que o mundo seja melhor a partir das crianças. Na Pastoral da Criança todos podem ser voluntários o que conta é a motivação, o desejo de ajudar, o prazer de se sentir útil. Lembrando que é sempre uma via de mão dupla, o voluntário doa e recebe.

A Pastoral da Criança completa neste ano 35 anos de missão. Que mensagem a senhora gostaria de dedicar a todos os líderes e demais voluntários da Pastoral da Criança que independentemente da idade se dedicam às crianças, gestantes e famílias que acompanham  em suas comunidades?

5 de dezembro, é dia da Pastoral da Criança e do Voluntariado. Quero agradecer a todos os voluntários da Pastoral da Criança que são verdadeiramente extraordinários no seu ser, no seu agir, no doar o seu tempo e as suas capacidades. Faço um apelo a todos que tem disponibilidade de tempo e tanta vontade de fazer o bem, para que se juntem a nós nesta corrente do bem que tanto ajudou e continua ajudando, para que as pessoas conquistem mais cidadania e tenham os seus direitos respeitados e com isso, possam resgatar a autoconfiança, a alegria, a automotivação e também o seu amor próprio e, principalmente, para que todas as crianças tenham vida e a tenham em abundância. Parabéns a todos os líderes da Pastoral da Criança.

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