À sandália de Franciscano sucede o escapulário de Carmelita

Dom Caetano Ferrari
Diocese de Bauru (SP)

Pentecostes é a solenidade celebrada no domingo de hoje em toda a Igreja. Na primeira leitura da santa Missa lê-se em Atos dos Apóstolos, capítulo 2, versículos de 1 a 11, que “Quando chegou o dia de Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo…” Na página evangélica da santa Missa, lida em Jo 20, 19-23, a Liturgia nos lembra o que aconteceu na noite daquele primeiro dia da semana em que Jesus ressuscitara. Os discípulos se encontravam em lugar fechado, por medo dos judeus, e mesmo estando fechadas portas e janelas, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos se alegraram. Novamente, repetiu a saudação da paz e prosseguiu: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio. E depois soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos’”. O apóstolo Paulo, conforme a segunda leitura, 1Cor 12,3b-7.12-13, reflete afirmando que “Ninguém pode dizer: ‘Jesus é o Senhor’, a não ser no Espírito Santo”. E diz que “os diversos dons procedem de um mesmo Espírito; os múltiplos ministérios, de um mesmo Senhor; e as atividades são diferentes, mas um mesmo Deus realiza todas as coisas em todos”. Prossegue esclarecendo que “a manifestação do Espírito Santo é dada a cada um em vista do bem comum”. Serve-se desta comparação: “Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito”. Vemos nesta reflexão de Paulo como o Espírito gera um só Corpo, o Corpo de Cristo, a Igreja, sem distinção de pessoas.

Supliquemos à Trindade Santa para que venha o Divino Espírito Santo sobre a Igreja e todos os seus filhos e filhas e realize, hoje, as maravilhas que acompanharam o primeiro Pentecostes. O Espírito Santo é a alma da Igreja, pois sem a sua presença e ação não há nem Igreja nem vida cristã no mundo, sua pregação será vazia e mera propaganda, seus sacramentos ritos mágicos, sua caridade não passará de pura filantropia. O Espírito Santo é o Espírito da unidade e comunhão, do apostolado e missão. O Espírito Santo é como vento impetuoso, raio de luz bendita e línguas de fogo. Vinde, Espírito Santo, encher os nossos corações com os vossos dons, renovar a face da terra e criar nova humanidade repleta do amor de Deus.

O Divino Espírito Santo é o Padroeiro da nossa Diocese. Em Pentecostes, vindos das várias Paróquias e comunidades eclesiais reunimo-nos na Catedral com o nosso Clero para comemorar o nosso Padroeiro Diocesano. Contudo, no Pentecostes de hoje, temos a celebrar, com ação de graças e alegria especial, a posse do meu sucessor, como sexto Bispo da Diocese, sua Exia Revma Dom Rubens Sevilha, OCD, antes Bispo Auxiliar de Vitória do Espírito Santo, de onde está vindo.

Dom Rubens Sevilha é religioso da Ordem dos Carmelitas Descalços, cujos frades calçam sandálias para sinalizar simplicidade e pobreza de vida e apostolado em saída, sem lugares fixos, para melhor estarem em meio ao povo. Os Carmelitas dedicam devoção especial a Nossa Senhora do Carmo. Famoso e muito divulgado é o Escapulário Carmelitano que os Carmelitas carregam visivelmente por sobre o seu hábito e os devotos em geral o trazem pendurado ao pescoço em forma simples de cordão com as imagens de Nossa Senhora do Carmo numa ponta e do Sagrado Coração de Jesus na outra. Nossa Senhora apareceu a São Simão Stock no início da fundação da Ordem Religiosa e lhe entregou o Escapulário, prometendo para quem o trouxesse permanentemente ao pescoço como sinal visível de sua fé e confiança em Deus, a salvação, a defesa nos perigos, a aliança de paz e o pacto sempiterno com Deus.

Entre os séculos XI e XIII, surgiram na Igreja as Ordens Mendicantes, destacando-se em sentido amplo os franciscanos, os dominicanos, os carmelitas, os servitas (Servos de Maria), os agostinianos, que em seus ramos masculinos e femininos, chamam-se de frades (freis) e freiras, do latim, irmãos e irmãs. Cada uma com mística, carisma e missão próprias, segundo a inspiração de seus fundadores, surgiram na Idade Média como resposta às aspirações de reforma na Igreja mediante a retomada da vida simples do Evangelho, centrando a sua presença e apostolado na vida de oração e pobreza, na evangelização em meio ao mundo, no serviço aos pobres e demais obras de formação na fé, de instrução escolar e educação universitária, e de caridade.

Caro leitor e leitora, recomendo às suas orações Dom Rubens Sevilha para que o Divino Espírito Santo, nosso Padroeiro, derrame sobre a sua pessoa os seus dons e o amor de Deus por sua saúde e as bênçãos e luzes divinas pelo bom êxito no seu Ministério Apostólico como sexto Bispo da Diocese de Bauru (SP)

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