Aclamemos ao servo manso, compassivo e não violento!

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

O Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor retrata dois aspectos que se complementam na liturgia desta cerimônia solene, que é o portal da semana santa e na nossa vida cristã. O entusiasmo e a aclamação do Servo manso, compassivo e não violento, que anuncia a paz montado num jumentinho e a paixão dolorosa que nos torna suas testemunhas.

É um domingo que interpela nosso seguimento e fidelidade ao Evangelho, pois muitas vezes passamos de um entusiasmo imediatista a uma recusa e vacilação. Nos custa abandonar uma religião triunfalista, de consolações e facilidades, para assumir o compromisso de percorrer o itinerário de Jesus para nossa salvação.

Pretendemos a glória sem a cruz do sacrifício, um Jesus impassível e distante do sofrimento, esquecendo que o mistério pascal que celebramos tem a unidade inseparável da paixão, morte e ressurreição. Devemos contemplar os dois rostos de Jesus: o crucificado e o ressuscitado, porque ambos revelam sua identidade e missão. Também é conveniente não olvidarmos a multidão volúvel, a massa manipulada facilmente pela emoção e por atitudes cruéis e punitivas, aderindo à execução do justo e do inocente.

Perceber o sistema autoritário e corrupto aliado a uma religião legitimadora da dominação, responsáveis por urdirem a trama condenatória do Homem das Dores, o Servo discípulo que como um cordeiro avançou determinado para a consumação perfeita do desígnio salvador da humanidade inteira.

Mas, o fundamental é mergulharmos na paixão acompanhando a solidariedade do Cirineu e de Dimas, o bom ladrão, sendo valentes e obstinados como as mulheres de Jerusalém, e esperançosos e firmes como Maria ao pé da cruz. É hora de não recuar, de despojar-se de si mesmo e tornar-se como Jesus um servo fiel e totalmente entregue ao projeto do Pai. Deus seja louvado!

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