Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta

As fakenews ou notícias falsas são um tema atual e oportuno. O Papa Francisco quis trazer à reflexão o tema da verdade no jornalismo, no intuito “de contribuir para o esforço comum de prevenir a difusão das notícias falsas e para redescobrir o valor da profissão jornalística e a responsabilidade de cada um na comunicação da verdade”. Este é o assunto da Mensagem para o LII Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado no dia 13 de maio de 2018. Ao apresentar o tema “A verdade vos tornará livres” (Jo 8,32), quer recordar “a responsabilidade na busca da verdade e na construção do bem”.

O que são as fakenews?“A referida expressão alude a informações infundadas, baseadas em dados inexistentes ou distorcidos, tendentes a enganar e até manipular o destinatário. A sua divulgação pode visar objetivos prefixados, influenciar opções políticas e favorecer lucros econômicos.” Ela tem um objetivo malicioso. Ao deturpar um fato, fazendo com que tenha grande repercussão, acaba influenciando a opinião pública. Embora as redes sociais e todos os demais meios atuais de comunicação tenham facilitado a sua difusão, a maldade não está nestes instrumentos de comunicação, que podem ser usados para aproximar e comunicar a verdade e a paz. O que está em jogo é a “avidez insaciável que facilmente se acende no ser humano”. Nestas notícias estão presentes“atitudes simultaneamente intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se dilatar a arrogância e o ódio. É a isto que leva, em última análise, a falsidade.”

Com proceder diante delas? Reconhecê-las e não deixar-se seduzir. Verificar a origem e a veracidade do fato e sua interpretação. É preciso um “discernimento profundo e cuidadoso”. O Santo Padre propõe que a pessoa seja trabalhada para não ceder a “uma rastejante e perigosa sedução que abre caminho no coração do homem com argumentações falsas e aliciantes”, citando a passagem bíblica da serpente, “o mais astuto de todos os animais” (cf. Gn 3,1-5). Por isso, faz-se necessário que cada pessoa compreenda em si o mecanismo da sedução e educar para a verdade, que “significa ensinar a discernir, a avaliar e ponderar os desejos e as inclinações que se movem dentro de nós, para não nos encontrarmos despojados do bem «mordendo a isca» em cada tentação”.

No discernimento da verdade, deve-se examinar as notícias que“suscitam polêmica, fomentam divisões, infundem resignação ou se, em vez disso, levam a uma reflexão consciente e madura, ao diálogo construtivo, a uma profícua atividade”. Igualmente importante é examinar se produzem comunhão ou dividem, isolam, ferem o outro para desacreditá-lo. Neste caso, “por mais justa que pareça, não é habitada pela verdade”. Pelo contrário, as pessoas que buscam o bem, preocupam-se com o outro e não querem expô-lo com notícias sensacionalistas ou declarações bombásticas. Um jornalismo verdadeiro produz a paz, busca compreender as raízes dos fatos e aponta processos virtuosos.

Todos nós podemos colaborar para uma comunicação verdadeira e promotora da paz. Podemos nos decidir a não curtir ou compartilhar postagens de tom agressivo ou que incitem à violência. Com o Papa Francisco rezemos: “Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz. Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão. Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos. Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.

 

Tags:

leia também