Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

 

É sempre uma emoção que renova quando temos a oportunidade de viver o “Rio Celebra”. A Rede Vida em maio comemorou os 25 anos da primeira missa transmitida e, em junho, será a comemoração do início das transmissões da programação. Embora saudoso das celebrações nas paróquias de nossa Arquidiocese cada sábado, nestes tempos diferentes estamos sempre celebrando da Capela N. Sra. da Conceição na Residência São Joaquim onde comemoramos os vários eventos arquidiocesanos. Assim chegamos nas igrejas domésticas, em casa, em sua residência, onde a igreja continua presente na vida das pessoas utilizando todos os meios de comunicação.

Neste sábado abrimos com esta missa o Encontro de Comunicação da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro – 9º. E-Com – que, além desta celebração litúrgica contara com conferências, palestras e outras atividades, que neste ano serão pelo meio virtual. Com isso também saudamos a todos os que trabalham na comunicação no Brasil todo. Esse encontro sempre ocorre na véspera do dia mundial das comunicações sociais.

Neste domingo é o 54º. Dia Mundial das Comunicações. A mensagem do Papa Francisco, tem como tema: “Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10,2) A vida faz-se história”. Este tema foi escolhido pela Papa na festa dos arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael em setembro do ano passado. O texto foi publicado em 24 de janeiro, dia de São Francisco de Salles, dia do jornalista. Este é o único dia em que o Concílio Ecumênico Vaticano II criou com o Decreto Inter Mirifica (um dos dois primeiros documentos conciliares). Em bom momento notamos o profetismo conciliar ao dar essa importância à comunicação que nos faz refletir sobre ela e sobre os meios que utilizamos. Hoje temos uma pastoral própria que, presente em todo o nosso país tem demonstrado a importância dela na transmissão de celebrações, catequeses, orações, evangelização nestes tempos em que as nossas autoridades pediram que tivéssemos o distanciamento social até passar o momento mais difícil desta pandemia. Nossa saudação afetuosa a todos os comunicadores, particularmente, da Pastoral da Comunicação que nos ajudam a utilizar os meios de comunicação para levar a presença da Igreja por todo o mundo e pelo Brasil. Vemos os testemunhos das pessoas que estão acessando as transmissões online da Santa Missa e que está fazendo um bem muito grande neste momento de afastamento social.

Estamos também na Semana Laudato Si’ – que começou na semana passada e vai até o domingo dia 24 de maio, quando comemoramos o quinto aniversário da assinatura dessa Encíclica que nos pede para cuidarmos da casa comum. Nossa unidade com o Santo Padre. Nesse domingo teremos a “oração comum pela terra e a humanidade” e terá início o Ano Especial dedicado à essa encíclica, promovido pela Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral com encontros para aprofundar o tema da ecologia integral.

No dia 24 de maio comemoraríamos também o dia de Nossa Senhora Auxiliadora que, por ser domingo e ainda mais, solenidade da Ascensão do Senhor, não será comemorado. No entanto, persiste o dia de Oração pela China criado em 2007 pelo Papa Bento XVI. Esse dia está ligado com a devoção entre os fiéis da China com Nossa Senhora Auxiliadora, conhecida como Virgem de Sheshan (memória que teve início em 1864).

Começa neste domingo também a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, com o tema: “Gentileza gera gentileza”. Aqui no Rio de Janeiro temos uma tradição antiga de celebrar bem essa semana e a vigília ecumênica, porém, neste ano será diferente, com eventos virtuais em que todos nós vamos rezar a Deus pedindo pela unidade cristã. A nossa comissão de diálogo ecumênico, junto com o CONIC do Rio de Janeiro e a comunidade Bom Pastor e outros grupos que organizam todos os anos também organizaram neste ano, porém, sem a presença das pessoas nas igrejas.

Estamos no segundo dia de nossa novena de Pentecostes – que iniciamos ontem – e vai até o próximo sábado quando teremos a grande Vigília de Pentecostes. Nos Atos dos Apóstolos deste domingo da Ascensão do Senhor o Senhor Jesus é bem claro dizendo para seus discípulos não se afastarem de Jerusalém esperando a manifestação do Espírito Santo. É nessa direção que também nós fazemos todos os anos essa novena. Em Pentecostes também iremos concluir o tempo litúrgico da Páscoa. Essa novena nos prepara para renovar em nós a recepção dos dons do Divino Espírito Santo. Diante de tantas dificuldades, ansiedades, tristezas, dores e incertezas que nos rodeiam, acrescentadas com as problemáticas ideológicas e as político-partidárias a nossa súplica se dirige ao Pai para que a presença de Seu Espírito ilumine nossas mentes e afervore nossos corações para que continuemos animados e anunciando esperança nestes tempos, de tal forma que assim iluminados contribuamos para encontrar novos caminhos para construir um mundo mais justo, solidário e fraterno.

No Evangelho de hoje (cf. Jo 16,23b-28) destacamos a palavra que nos consola quando nos diz que o Pai nos ama, porque vós me amastes e acreditastes. Jesus diz uma palavra que nem sempre levamos a sério: “Se pedirdes ao Pai alguma coisa em meu nome, Ele vo-lo dará” (cf. Jo 16,23b). Por que Jesus diz que o Pai não negará o que for pedido no seu nome: Porque o próprio Jesus que em nós estará pedindo e o Pai não negará nenhum pedido de seu Filho. Jesus lembra-nos de que o que pedirmos em seu nome o Pai nos dará para que a nossa alegria seja completa. Significa que se pedirmos algo que Deus sabe que não será para a nossa alegria, ele não nos dará, mas, no momento oportuno dar-nos-á outra graça muito maior.

Estamos na véspera de celebrarmos a Ascensão do Senhor, neste final de semana, e também a uma semana de celebrarmos Pentecostes. A Liturgia do Tempo Pascal vai chegando ao seu final, embora a Páscoa seja celebrada a cada mistério, a cada sacramento e a cada momento que nós vivemos. Nesse ano, tanto no tempo da Quaresma, inclusive a Semana Santa e o Tempo da Páscoa, nós celebramos de maneira um pouco diferente dos outros anos. Diante dos obstáculos e dificuldades de estar presentes na Igreja para evitar aglomerações e assim colaborando para não difundir e aumentar a contaminação das pessoas, segundo nos pedem as autoridades sanitárias, vimos como o Senhor nos conduz pois essa foi uma oportunidade de todos nós encontrarmos também esses novos caminhos, e assim continuamos nossa missão evangelizadora.

A Igreja sempre passou por tantas situações durante a história e não deixou nunca de continuar evangelizando, mesmo com as dificuldades. Nós temos hoje as dificuldades, mas vemos como as coisas continuem e nesse aspecto nós vemos a importância de termos um belo momento, trabalhado e aprofundado na missão da comunicação como igreja. Claro que a Igreja é comunicação, para poder anunciar o evangelho a toda criatura, supõe comunicação, supõe falar, supõe pessoas que se disponham a isso, como as homilias, cânticos e, ultimamente, com os meios de comunicação eletrônicos e agora também digitais.

Por isso, nós vemos aí a importância de trabalharmos sobre isso e um tempo que tem muita comunicação também que nem sempre contam belas histórias, como lembra o Santo Padre, o Papa Francisco, na sua mensagem por esse Dia Mundial da Comunicação Social. Têm muitas histórias que falsas, que querem muitas vezes manipular as pessoas e nós somos convidados a contar a grande história: a história da salvação que leva as pessoas à verdadeira libertação, de ter a vida, encontrando em Jesus Cristo a sua nova vida. Portanto, os desafios que surgiram para a Igreja nesse

momento ajudou a encontrar soluções com a comunicação. Isso irá nos ajudar a perceber as manipulações que existem na comunicação do mundo de hoje e a importância de sempre comunicarmos a verdade que é Jesus Cristo, Nosso Senhor.

Nós sabemos que nós temos a verdade, que é Jesus Cristo Nosso Senhor e é ele que nós anunciamos e proclamamos, e nos ajuda a ver também com tantas situações que somos pressionados a cada dia, por todos os tipos de comunicação, as mais antigas e tradicionais até as mais novas, também. E o Senhor nos dá essa oportunidade de começarmos com essa Eucaristia, esse Encontro de Comunicação Arquidiocesano, mas também a todos que nos veem e ouvem, por todo o nosso país, toda essa realidade nossa, pedindo a Deus por esse trabalho que é feito em todo o nosso país e no mundo inteiro.

A Palavra de Deus hoje, meus irmãos e irmãs, nos apresenta Jesus Cristo que nos prepara para sua ascensão e para a vinda do Espírito Santo. E nos fala sobre pedir as coisas em seu nome. Ele se coloca como esse pontífice, essa ponte entre nós e o Pai. É o único caminho que nos conduz ao Pai e é essa também toda a direção das nossas orações. Com raríssimas exceções, todas as orações oficiais da Igreja terminam com “Por Nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho na unidade do Espírito Santo”, como ele fala no evangelho: pedir em Meu nome ao Pai. E é essa é a nossa oração da Igreja continuamente. Ao mesmo tempo, nós sabemos, meus irmãos e irmãs, que nos dá esse dom do Espírito Santo, que nos faz compreender toda essa realidade da vida que nós somos chamados a viver enquanto cristãos, enquanto aqueles que seguem a Jesus Cristo Nosso Senhor e, consequentemente, a deixar nos conduzir pela ação do Espírito Santo.

Nós ouvimos na primeira leitura (cf. At 18,23028), que dentre esses momentos de evangelização de Paulo e agora nestes trechos em que aparece mais seus atos, hoje nos encontramos com Apolo que prega brilhantemente fala muito bem, mas só conhecia o batismo de João. Foi necessário Áquila e Priscila falarem com ele, explicando o caminho e a revelação cristã.

E nós vemos, meus irmãos e irmãs, como a ação do Espírito Santo suscita pessoas que se entusiasmam pelo Evangelho e pela Palavra de Deus, que se encontram em Jesus Cristo e que o anunciam e proclamam. Vemos como é importante que nós saibamos discernir e ajudar as pessoas que muitas vezes não passaram por todas as etapas, como é o caso de Apolo, que não tinha conhecido o Espírito Santo, mas só o batismo de João, para poder conhecer ainda mais quem é Jesus e aquilo que significava ser cristão, mas já tinha entusiasmo por isso, já buscava anunciar. Como é importante de um lado ter a humildade de aprender e do outro lado saber realmente ajudar as pessoas a progredir na fé.

Temos muitas pessoas hoje de boa vontade, que querem acertar, ajudar a pregar o Evangelho, mas nem sempre tem todo esse esclarecimento, por isso é necessário para poder fazer isso em unidade com a Igreja, em comunhão com a igreja ter mais esclarecimentos. A importância da humildade para acolher o ensinamento e o discernimento de ajudar com carinho quem tem boa vontade.

Que essa palavra de Deus hoje que ouvimos dentro dessa nossa caminhada pascal, já próximos de Pentecostes que celebraremos no próximo domingo encerrando o Tempo Pascal, nos ajude a viver intensamente e com muita alegria esse encontro com o Pai, em Cristo Jesus, e anuncia-lo a todas as pessoas com entusiasmo renovado.

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