Expectativas da imprensa católica são discutidas em Congresso Internacional

Quatro painelistas apresentaram, na manhã desta terça-feira, 5, as expectativas da imprensa católica, abrindo os trabalhos do segundo dia do Congresso sobre a Imprensa Católica, promovido pelo Pontifício Conselho das Comunicações, em Roma. O Congresso termina na quinta-feira, 7, quando os 220 participantes de 80 países serão recebidos em audiência pelo papa Bento XVI.

encontroimprensaroma_StanislasLalannePara o bispo de Coutances e Avranches (França), dom Stanislas Lalanne, o jornalismo deve expressar-se na cultura de seu povo e o “jornalismo católico deve falar das maravilhas do cristianismo na própria cultura”. Ele ressaltou, também, a liberdade da imprensa católica.

“A imprensa católica é uma imprensa livre porque deve aceitar a liberdade interior dos jornalistas e dos leitores. Trata-se de incorporar a liberdade às diversas culturas”, destacou dom Lalanne.

Segundo o bispo, a imprensa é católica quando vive o sentido da palavra católica e isso se dá em dois sentidos. “Ser fiel à fé católica vinda dos apóstolos e que deve inculturar-se e, por isso, todo jornalista católico deve trabalhar a relação entre fé e cultura”, explicou. “Por outro lado, deve ser católica (a imprensa) no sentido de ser universal, isto é, aberta ao mundo, saber responder às diferentes realidades cristãs e criar comunhão”, acrescentou.

De Mumbai, na Índia, a editora de Afternoon Despatch and Courier, Carol Andrade, trouxe as dificuldades enfrentadas pela imprensa católica no país. Segundo disse, na Índia há 25 milhões de cristãos dos quais 17 milhões são católicos. “Isso representa 2,5% da população”, observou.

Andrade disse que os trabalhos da Igreja Católica não aparecem na mídia de seu país. “Estamos nas escolas, nos centros de saúde. Atuamos em áreas onde não chega o Governo”, esclareceu.

“Que espero da imprensa católica na Índia?”, perguntou. “Sermos claros no que dizemos e para quem dizemos”, respondeu. “A imprensa cristã pode trabalhar mais, refletindo valores éticos. Queremos conhecer esta imprensa em todo o país”.

O padre Bernardine Mfumbusa, da Universidad San Agustin, na Tanzânia, apresentou as expectativas da imprensa católica na África. Ele contou a experiência do único jornal católico em nível nacional na Tanzânia que perdeu suas características e hoje tem uma tiragem de 2 mil exemplares.

“A imprensa católica na Tanzânia perdeu sua visibilidade porque perdeu sua característica católica”, acentuou. “A imprensa secular distorce o que os bispos dizem. A imprensa católica na Tanzânia tem um papel muito importante, mas perdeu sua identidade porque quis identificar-se com a imprensa laica”.

encontroimprensaroma_JaimeCoiroCastroO diretor de comunicação e de imprensa da Conferência Episcopal do Chile, Jaime Coiro Castro expôs as expectativas da imprensa na América Latina e Caribe. Servindo-se do documento da Conferência dos Bispos da América Latina em Aparecida (SP), Jaime disse que a comunicação nos meios católicos deve levar as pessoas a serem discípulas e missionárias de Jesus Cristo.

Segundo Castro, a imprensa católica não pode ignorar a realidade de sofrimento do povo latino-americano. “A imprensa católica não pode ignorar a situação que vive seu povo e a Igreja (na América Latina e Caribe)”, disse.

“O nosso continente é marcado por crescentes desigualdades.

Elas se traduzem nos empregos e salários precários, que impedem ou dificultam gravemente a vida famíliar, as expectativas de escolaridade, da convivência fraterna e cotidiana. Quanto nos machuca a fragilidade de algumas de nossas democracias, conduzidas por autoritarismos e caudilhismos, a corrupção, o populismo e uma demagogia que nos leva à perda de confiança e, em alguns casos, a violência fratricida”, destacou Castro.

O último painelista foi diretor do L’Osservatore Romano, Giovanni Maria Vian. Em sua opinião, a imprensa católica não é tão distinta da imprensa não católica. Vian apontou a informação e a formação como as duas expectativas que regem a imprensa católica que, segundo explicou, tem uma especificidade, que é a visão católica.

“Esta visão se dá em dois sentidos. No sentido etimológico, significa universal, isto é, olhar amplo”, explicou. O outro sentido é em relação à fé cristã.

Às 15h (horário local) teve início mais uma mesa de debates, discutindo liberdade de expressão e verdade na Igreja, abordando situações controversas que envolvem a Igreja.

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