Jubileu de dom Eusébio

Neste sábado, dia 03 de julho, o Cardeal Eusébio Oscar Scheid, SCJ, celebra seu jubileu de ouro de ordenação sacerdotal. No último dia 26 de junho, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, alegre e agradecida, comemorou este cinquentenário de ordenação presbiteral em solene celebração na Antiga Sé. Foi também uma oportunidade de refletirmos sobre o recém-concluído “Ano Sacerdotal”. Em meu nome, da Arquidiocese e do seu presbitério, prestamos a D. Eusébio deferente homenagem de gratidão. Agora, olhando para o dia em que ocorre a festa, que será celebrada na Catedral de São José dos Campos, manifesto meus sinceros cumprimentos e agradecimentos pela sua vida e missão.

O Magistério Pontifício descreve o presbítero como mestre da Palavra, ministro dos sacramentos e guia da comunidade cristã a ele confiada, constituindo um roteiro de reflexão sobre a sua identidade e sobre a sua missão na Igreja. Sempre a mesma e, no entanto sempre nova, esta doutrina precisa ser meditada ainda hoje com fé e esperança, em vista da nova evangelização para a qual o Espírito Santo está chamando todos os fiéis, por intermédio da pessoa e da autoridade do Santo Padre, o Romano Pontífice, cujo dia, em solenidade transferida, celebramos também neste final de semana.

À luz do Evangelho e do renovado empenho da missão continental que nos convocou o documento de Aparecida, do qual D. Eusébio foi delegado, urge nos empenharmos em um crescente empenho apostólico de todos na Igreja, ao mesmo tempo pessoal e comunitário, renovado e generoso. Pastores e fiéis, particularmente encorajados pelo testemunho pessoal e pelo luminoso ensinamento de João Paulo II e de Bento XVI, devem compreender, de maneira sempre mais profunda, que chegou o tempo de acelerar o passo, de olhar adiante com ardente espírito apostólico, de preparar-se para atravessar os umbrais do século XXI com uma atitude de abrir totalmente as portas da história a Jesus Cristo, nosso Deus e único Salvador. Pastores e fiéis devem sentir-se chamados a se empenhar para que, no dia a dia de nosso agir pastoral e ministerial, ressoe “com renovada intensidade, a proclamação da verdade: “Ecce natus est nobis Salvator mundi”.

Nesse momento de “cambiamento de época cultural”, grupos inteiros de batizados perderam o sentido vivo da fé, não se reconhecendo mais como membros da Igreja e conduzindo uma vida distante de Cristo e do Seu Evangelho. Neste caso, torna-se necessária uma “reevangelização”. O Papa Bento XVI acaba de criar nesta semana o Pontifício Conselho para a Nova Evangelização. A reevangelização representa, pois, antes de tudo, uma ação materna da Igreja diante do enfraquecimento da fé e do obscurecimento das exigências morais da vida cristã na consciência de tantos filhos seus. Com efeito, são muitos os batizados que, cidadãos de um mundo religiosamente indiferente, embora mantendo certa fé, vivem praticamente no indiferentismo religioso e moral, distantes da Palavra e dos Sacramentos, fontes essenciais da vida cristã. E existem também tantas outras pessoas, nascidas de genitores cristãos e, talvez, até mesmo batizadas, que não receberam os fundamentos da fé e vivem uma vida praticamente atéia. A todos eles a Igreja olha com amor, sentindo particularmente o urgente dever de atraí-los à comunhão eclesial, onde encontrarão, com a graça do Espírito Santo, Jesus Cristo e o Pai.

Realmente, a missão do presbítero hoje passa por este empenho de evangelização, que reacende em muitas consciências cristãs a luz da fé e faz ecoar novamente na sociedade o alegre anúncio da salvação. A Igreja sente fortemente a responsabilidade da sua perene missão “ad gentes”, isto é, o direito e o dever de levar o Evangelho a todos os homens que ainda não conhecem Cristo e não participam dos seus dons salvíficos. Para a Igreja, Mãe e Mestra, a missão ad gentes e a nova evangelização são hoje, mais do que nunca, inseparáveis aspectos do mandato de ensinar, santificar e guiar todos os homens ao Pai. Também os cristãos fervorosos, que são tantos, precisam de um amável e contínuo encorajamento na busca da própria santidade, à qual são chamados por Deus e pela Igreja. Aqui reside o verdadeiro motor da nova evangelização.

Foi esse trabalho ingente de professor no Convento de Taubaté, de animador da Comunidade de Nossa Senhora Aparecida, de primeiro Bispo de São José dos Campos, fundador e pai espiritual daquela Diocese, de Arcebispo de Florianópolis e de Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro que D. Eusébio, escolhido, consagrado e enviado para fazer emergir a contemporaneidade de Cristo, de quem se tornou altaneiro e autêntico mensageiro, gastando a sua vida e o seu ministério para mostrar e viver a misericórdia do Sagrado Coração de Jesus, evidenciando que “Deus é bom!”.

Foi o empenho pessoal de D. Eusébio em nosso seio carioca que levou a tantos a Palavra da Salvação, empenhando o apelo divino para que todos – pastores, presbíteros e povo de Deus – sirvam a porção do Povo de Deus a eles confiada, como mestres da Palavra, ministros dos Sacramentos e pastores do rebanho. E isso ele fez muito bem.

Nestes cinquenta anos, D. Eusébio desempenhou com verdadeira caridade e contínua alegria a missão do Cristo sacerdote, procurando servir a todos. Por isso mesmo, desejando que o Cristo Redentor inflame no seu coração a graça da alegria pela gratidão de todos nós, cariocas, e da sua sempre Arquidiocese, que agradecemos a Deus, por intermédio de São Sebastião, pelo seu ministério presbiteral.

Dom Orani João Tempesta

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