Na ética marcada pela subjetividade, enquanto busca de valores entendidos unilateralmente como saciedade dos desejos intimistas, é-nos difícil entender a defesa de valores objetivos ou maiores do que simplesmente a vontade pessoal. Aliás, isto é muito comum na realidade atual. Apregoa-se a busca desenfreada de prazeres e defesa de interesses convenientes ao gosto de cada um ou de determinados grupos, a ponto de se desmerecerem verdades e princípios da dignidade da vida, da pessoa humana, do corpo, do sexo, das instituições, da família… A própria mídia tem sido, não raro, manipuladora de tais mentalidades, teorias e práticas, favorecendo a criação da ética de conotação eminentemente consumista.

Às vezes se confundem defesa de valores éticos inerentes à própria vida e dignidade humana com a pura defesa de verdades religiosas, argumentando-se que o Estado é laico e não se rege por nenhuma religião. Pode coincidir, muitas vezes, o enunciado de uma verdade inerente à ética e, nessa perspectiva, com o enunciado religioso. Nas não se pode rejeitá-lo com a não aceitação da verdade religiosa. Isto, por exemplo, no caso da aceitação legal do uso de células embrionárias para pesquisa científica, foi usado como argumento para sua aprovação. O princípio vital da ética e da moral de que o fim não justifica os meios não pode ser desqualificado. O desrespeito à vida humana não é negociável por lei humana nenhuma, a ponto de ela ser desumana. Podem-se fazer leis humanas a despeito da ética, mas quem é cidadão com ética não pode consentir com elas.

Vozes proféticas se fazem ouvir em defesa da verdade e da ética, principalmente no que se refere à defesa da vida, do meio ambiente, da dignidade humana, dos deixados de lado no desenvolvimento social, da família, da criança, dos jovens, dos idosos, dos discriminados, da boa política… Tais profetas são freqüentemente perseguidos, caluniados, mortos… A retaliação por parte dos culpados e denunciados se faz sentir com a busca de defeitos em alguns membros falhos de instituições sérias para se desmoralizar as mesmas e não se levar a sério a verdade de suas proposições e verdades. Jesus encoraja os profetas. “Não tenhais medo dos homens, pois nada há de encoberto que não seja revelado… O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia… Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno!” (Mt 10, 26-28).

A morte da alma se traduz com a morte do ideal do amor vivido, da justiça defendida, do ser humano respeitado e promovido em sua dignidade, da criança amparada, da família protegida, do desenvolvimento da ciência e da economia com benefício também para os empobrecidos, dos sem nada assistidos e promovidos em sua dignidade, da cidadania para cada ser humano, a partir de sua fecundação até a velhice e morte natural, da natureza preservada…

O Criador convoca todo ser humano a cuidar da obra criada. Ele retribui infinitamente mais o bem que fizermos nessa direção. Se Ele cuida de cada ser, mesmo dos menores, muito mais dos que colaboram em preservar a vida ao invés de matá-la! Quem a promove ganha a existência plenificada de realização, com o amor infinito de Deus!

Dom José Alberto Moura

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