Mensagem para o início da Páscoa

A Páscoa começa com uma Semana Santa bem vivida; por isso quero este ano fazer os meus votos à cidade e à diocese de Petrópolis neste Domingo de Ramos.

Aqui entre nós o Dia de Páscoa é como o um fim de feriado, sem a Pascoela para curtir, na segunda feira, como acontece na Europa, o final da maior festa dos cristãos.

Os meus votos para que a Páscoa tenha efeitos benéficos na vida pessoal e na sociedade começam dando o justo valor ao Domingo de Ramos quando se celebra o ingresso de Jesus em Jerusalém e é proclamada a paixão do Senhor. Este ano, pois celebramos também a XXIV Jornada Mundial da Juventude com os jovens partindo com o Bispo em procissão da Igreja do Rosário até a Catedral, com missa solene às 17 horas e o tema é “Juventude pela Paz”.

Muitas pessoas desejariam fazer um dia de retiro para descansar, refletir e meditar; com efeito, participar dos momentos centrais desta semana como a “missa do lava-pés” da Quinta-feira, a celebração da Paixão da Sexta e, sobretudo a Vigília Pascal é o melhor retiro possível. E o domingo de Páscoa será a ressonância festiva da vitória de Cristo na nossa casa e no resto da vida.

A Páscoa não pode ser reduzida a um restinho católico no final da tarde do Domingo depois de uma semana pagã marcada pelo comércio da venda de chocolate e do pescado e vivida como um feriadão de lazer. O melhor lazer é o encontro com Deus e a paz recebida no sacramento do perdão e a alegria serena de quem caminha com uma esperança que não morre. Nestes momentos de crise é bom ter presente onde está a nossa segurança lembrando, como canta o hino da Campanha da Fraternidade deste ano, “é o amor que tudo alcança: só a justiça gera paz”.

Mas o paganismo não consiste tanto na substituição das celebrações com o consumo de chocolate e de bacalhau, mas na mentalidade quotidiana que perdeu o horizonte na vida e que nem chora mais devidamente a morte. Existem muitos fenômenos religiosos, mas não transformam o nosso modo de pensar; a razão, o afeto e o juízo. Falta uma perspectiva para a vida toda: tudo é fragmentado no instinto imediato e na posse das coisas. Observemos as confusões que acontecem com os jovens na rua 16 de maio e em outros “points” da cidade. A mentalidade moderna ensina, particularmente aos jovens seguir as coisas até à medida que lhes seja agradável, e depois basta. Assim aparece aquele medo difuso, aquela estranha incapacidade para afirmar o ser seja quando aquele medo se traduza no desinteresse no qual a maioria vive, seja quando se exprime no desespero.

A Páscoa nos apresenta uma outra coisa: o amor de Cristo até o fim; ele não volta atrás diante da morte. Se oferece totalmente ao Pai e oferece a esperança para todos. A Igreja proclama que esta esperança é um fato histórico,é a ressurreição de Jesus, que continua no tempo e que pode ser experimentado hoje na comunhão dos fiéis.

Entre todos os momentos da Semana Santa o nosso povo prefere a Sexta-feira da Paixão que culmina com o beijo da cruz, suprema manifestação do amor de Deus, que se doa totalmente.Convido a todos a não parar na cruz, porque o nosso Deus é um Senhor vivo, e a participar da Liturgia da Vigília Pascal que é de uma beleza e de uma riqueza extraordinárias. Os cristãos não param na Sexta-feira Santa, na morte do Senhor, na sepultura. Acompanham-no até a ressurreição. A Vigília se compõe da Liturgia da Palavra mais longa, comemorando a obra da criação e da nova criação em Jesus Cristo e da Liturgia sacramental dos três sacramentos da iniciação cristã: Batismo, Crisma e Eucaristia. A partir da bênção do fogo novo a luz se estende ao círio pascal e depois ilumina toda a igreja e a vida dos fiéis. O canto do aleluia envolve a todos celebrando a vitória de Cristo e o início da nossa vitória, seguindo os Seus passos e olhando para Ele esperança do mundo. Quem descobre a beleza da Vigília Pascal há de voltar no ano seguinte e trará consigo outros fiéis.Feliz Páscoa para todos.

Dom Filippo Santoro

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