Mutirão pela Amazônia

Começou ontem, dia 9, em Brasilia (DF), o Encontro do Mutirão pela Amazônia, com a presença do presidente da CNBB, Dom Geraldo Majella Agnelo, o secretário-geral, Dom Odilo Pedro Scherer; o presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, Dom Jayme Henrique Chemello.

Palavras dos presidentes da CNBB e da Comissão da Amazônia e da representante da CRB

Para o cardeal Geraldo Majella Agnelo, presidente da CNBB, o maior desafio para a evangelização da Amazônia, além do individualismo e do consumismo, “o principal desafio é que os cristãos tenham consciência da sua fé e esperança em Jesus. Esquecemos que temos a missão de sermos evangelizadores, “outros Cristo”.

Após a saudação do Cardeal Geraldo Majella Agnelo, falou Dom Jayme Henrique Chemelo, lembrando o lema “Cristo aponta para a Amazônia”. Disse que não é fácil despertar o Brasil para a Amazônia. É preciso inculturar-se. Dom Jayme lembrou o que ouviu de um índio que definiu a “Amazônia  como uma Bíblia, uma biblioteca”. É preciso “descobrir os sinais de Deus escitos na  Amazônia, disse o presidente da Comissão da Amazônia. Para evangelizar não basta ir com nossos conhecimentos, mas descobrir as belezas que existem naquela realidade. Colaborar na evangelização não é levar nossos conhecimentos, mas trabalhar com os amazônidas (os que moram lá).

Dom Jayme disse que antes de mais nada é preciso que o povo brasileiro entenda o que é a Amazônia. Não só o Estado do Amazonas, mas inclusive outros oito países que fazem fronteira com o Brasil. É preciso amar a Amazôniua, disse o presidente da Comissão.

A representante da Conferência dos Religiosos do Brasil, Irmã Zenilda, falou da solidariedade  da Vida Religiosa para com a Amazônia. E afirmou: ” CRB é solidária com a Amazônia e tem como objetivo incrementar a mística missionária”.

Representante da Amazônia pediu respeito pela Amazônia

Marinalvo Justino Trajano (RR), da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, representante dos povos da Amazônia, falou da alegria de “estar neste encontro”. “Para nós, disse Marinalvo, a natureza é um biblioteca viva. O índio aprende com ela. Só que hoje a nossa terra foi dividida e virou mercadoria. O capitalismo está fazendo que todos os conhecimentos sejam estranhos ao próprio Brasil. A ganânica está querendo acabar com tudo que é verdadeiro. Nesta terra sobrevivemos, nesta terra aprendemos. Nossas plantas medicinais são patenteadas, comercializadas por outros países. Sou da Raposa Serra do Sol, homologada no dia 15 de abril passado. Mas isso custou a vida de 21 indígenas, destruição, rios poluídos, lagos já não existem mais, pois hoje se transformaram em lavouras de arroz. O que resulta hoje são doenças nas comunidades, pelas águas poluídas. No dia 23 de novembro foram destruídas por tratores 33 casas de 3 comunidades. Pedimos a Deus bênção para nossa luta. Cremos que Deus nos fortalece. Tudo que tem na Amazônia tem que ser respeitado.”

Secretária-executiva da Comissão pela Amazônia fala do Projeto

Irmã Cecília Tada, secretária-executiva do projeto Mutirão pela Amazônia, falou do Projeto

A Amazônia brasileira compreende os estados do Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima e Amapá. Numa área que corresponde a  56% do território nacional, a presença de presbíteros e religiosos corresponde apenas a 1% do total do Sudeste e Sul do País. As Dioceses vivem ainda uma grande dependência de missionários e missionárias provenientes do exterior e de outras regiões do Brasil.

A Amazônia continental envolve mais outros oito Países.

O objetivo do Mutirão pela Amazônia é mobilizar a Igreja e a Sociedade para voltar os olhos para a Amazônia. Conscientizar todos de que a Amazônia é Povo e Terra e é brasileira. Pelo conhecimento da realidade amazônica, tentar mover parceiros para o mutirão em defesa da Amazônia para o desenvolvimento e a defesa da vida.

A Amazônia representa 56% do território brasileiro e contém 17% da água doce do planeta, além de possuir a maior biodiversidade e a maior extensão de florestas tropicais do mundo, plantas medicinais, além de jazidas de inúmeros bens metálicos e não metálicos, cujo potencial suscita a cobiça da comunidade internacional. Bens desconhecidos não valorizados pelos próprios brasileiros. O trabalho de evangelização deve passar pela preservação da Natureza, através da educação para o meio ambiente.

O que o Mutirão pela Amazônia pretende é articular os diversos setores da sociedade e de Igreja, transformando o evento de alcance nacional.

O Mutirão pela Amazônia

O Mutirão pela Amazônia realiza-se em três momentos:

1º momento: Encontro Nacional pela Amazônia – de 9 a 11 de junho, em Brasília (DF)

2º momento: Realização de eventos em âmbito regional e local: Seminários, simpósios por Regionais ou nas Macro-Regiões; eventos nas Dioceses, Paróquias, cidades, em 2005-2006.

3º momento: Visitação dos Bispos da Amazônia a outras regiões do Brasil e dos Bispos de outras regiões, ao Norte 1 (Amazonas, Roraima), Norte 2 (Pará,Amapá), e Noroeste (Rondônia,, Acre e parte do Amazonas), em 2006.

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