Volta às aulas: ambiente escolar, brincadeiras e promoção da amizade na infância

Amizades marcam a vida e em muitos casos elas florescem na infância. O ambiente escolar é um espaço privilegiado para a construção de laços com cenários que podem contribuir para o desenvolvimento das crianças. De acordo com a assessora técnica do Desenvolvimento Infantil da Pastoral da Criança, irmã Veroni Teresinha de Medeiros, as amizades na infância exercem muita influência no desenvolvimento dos pequenos. As brincadeiras têm lugar especial neste processo de novas relações e são o mote de uma ação promovida pela Pastoral da Criança.

Foto: Pastoral da Criança | Irmã Veroni Medeiros, assessora técnica do Desenvolvimento Infantil da Pastoral da Criança

A escola, explica irmã Veroni, promove e garante oportunidade para desenvolver atividades lúdicas, promove a socialização e favorece a autonomia das crianças, especialmente a educação Infantil. Segundo a religiosa das Irmãs Escolares de Nossa Senhora, tanto a escola quanto a creche oferecem um “universo promotor da construção de uma rede de cuidados que abrange toda família” e desenvolve um papel importante com as crianças de acolhimento, afeto, atenção, cuidados e também na educação.

As primeiras experiências de amizade para as crianças são construídas na família. Daí a necessidade de esta estar envolvida no processo escolar. “Os cuidadores da criança em primeira instância são os pais, muitas vezes os avós. O vínculo familiar é fundamental para uma boa aquisição das linguagens e de todo o desenvolvimento social e cultural da criança”, explica irmã Veroni.

Já a escola deve propiciar espaços de encontro, de convivência, de harmonia tanto para as crianças como para as famílias, aponta a religiosa: “A escola cidadã e de qualidade prioriza o brincar livre e a relação familiar no contexto escolar”.

“Uma boa escola trabalha o sentido da vida, escuta as crianças, mostra as novas experiências e desafia para novas descobertas. Valoriza a brincadeira livre e ajuda a construir amizades verdadeiras, nas quais a criança aprende e se desenvolve”, ensina irmã Veroni.

A amizade nas fases da infância – Segundo a assessora da Pastoral da Criança, as relações de convivência e as amizades mudam conforme a idade da criança.

De 1 a 3 anos
Na faixa etária de 1 a 3 anos, a criança ainda é egocêntrica e elas ainda não sabem dividir os brinquedos e as brincadeiras. Brincam no mesmo ambiente, mas cada um utiliza o seu brinquedo.

De 4 a 5 anos
Nessa fase, o cérebro finaliza suas ligações. Agora, ela já deixou completamente de ser um bebê dependente e indefeso e passa a ser mais autônoma, faz amizades, conversa com os amigos, é capaz de comer e de raciocinar sozinha.
Nessa idade a criança não precisa de tantos cuidados e atenção para realizar suas atividades diárias ela já consegue ajudar a mãe nas tarefas de casa, colocando a mesa, guardando a louça e arrumando as gavetas, empilhando os potes.
É uma fase de convivência com os amiguinhos na educação Infantil e com a professora. Estar com os amigos dá muito prazer e aumenta o interesse e a curiosidade pelos objetos.

Aos 6 anos
Ocorre com maior frequência o desenvolvimento das habilidades cognitivas. É um período muito bacana das amizades construídas na escola. A criança apresenta habilidades de linguagem bem desenvolvidas como aprender palavras mais complexas. Forma frases completas o que aumenta o vocabulário verbal.
Na escola, faz novos amigos, usa a criatividade para construir juntos jogos e brincadeiras. Gosta de passear com os amigos e familiares. É muito observadora, tem espírito esportivo, ama brincar com os amigos e tem forte capacidade de adaptação ao novo.

Segundo irmã Veroni, sempre que a escola valoriza as amizades e desenvolve eventos, está contribuindo para que a criança se torne mais ativa, participativa, mais independente e construa relações de autonomia: “Juntas elas se sentem mais encorajadas para brincar. O movimento e a boa convivência favorece desenvolve as habilidades e competências. As crianças bem estimuladas ampliam as conexões cerebrais, desenvolvem a imaginação, interagem umas com as outras e enfrentam novos desafios com mais autonomia”.

Brinquedos e brincadeiras – Os líderes da Pastoral da Criança incentivam as famílias a fazerem amizades com membros de suas comunidades e, por meio da ação Brinquedos e Brincadeiras, ajudam as crianças a se integrarem e criarem novas relações. A finalidade desta ação é aumentar a oportunidade para as brincadeiras infantis apoiando as famílias na criação de ambientes favoráveis ao desenvolvimento e educação de suas crianças.

Foto: acervo Pastoral da Criança

Irmã Veroni aponta quatro pontos essenciais nesta iniciativa: promover e defender o direito de brincar como algo necessário para o desenvolvimento integral da criança; buscar incentivar e valorizar a brincadeira de livre escolha da criança, que deve brincar pelo brincar e não para responder a um pedido, ordem ou objetivo do adulto; valorizar a cultura e a identidade das famílias e das comunidades pelo resgate de seus brinquedos, brincadeiras, contos, danças, cantigas e músicas das diferentes culturas do Brasil; e oferecer às crianças, pais e familiares a oportunidade de compartilhar brincadeiras, reforçando assim a criação de laços entre as gerações.

Para esta ação, a Pastoral da Criança conta com voluntários que ministram a capacitação de “brinquedistas” para atuar nas diferentes comunidades, em especial no dia que acontece a celebração da vida em cada comunidade, nas diferentes paróquias e dioceses

“Sabemos que o brincar na comunidade ajuda a promover o desenvolvimento integral e autonomia das crianças, o que favorece a própria transformação”, ressalta irmã Veroni.

Saiba mais sobre a ação Brinquedos e brincadeiras da Pastoral da Criança.

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