Dom Carmo João Rhoden, SCJ
Bispo Emérito de Taubaté (SP)

 

Vamos com Maria ao Natal de Jesus 

Quem são os grandes personagens do Advento? João Batista, Maria, José, bem como, Isabel. João Batista pregou a conversão outrora, e a Igreja, a repete, em sua mensagem, todos os anos. É preciso mudar de vida. A exemplo de Maria, meditemos a palavra de Deus, servindo à causa do Reino. Ela, no texto, é saudada e reconhecida feliz, bem como, a mãe do “meu Senhor”. Os cristãos admitem a divindade de Cristo, logo, Sua Mãe é a Mãe do “meu Senhor”, Mãe de Cristo, ou seja, Mãe de Deus. Nela, Maria, serão cumpridas as promessas feitas no passado Cf(Lc1,39-45) e (Miq5,1-4).

Qual é o conteúdo da conversão, que se exige? Amor, obediência e a oblação de si mesmo, ao Senhor, para a instauração do Reino de Deus. Jesus realizou perfeitamente tudo isso. Pode afirmar: sacrifícios e oblações Tu, ó Deus, não quiseste, mas me formaste um corpo, para fazer a vontade do Senhor, a todos salvando (Hb10.5-10). Jesus tem consciência disso. Sabia que estava escrito Dele, no Livro: devia fazer a vontade do Senhor. Jesus aboliu o antigo regime, Cf(Hb10,8-10) e instaurou a nova economia da salvação. A religião cristã, vincula o crente a Cristo, aos irmãos, servindo-os, e à oblação de si mesmos, para mudar a realidade existente.

O que o Advento quer de mim, de nós? Repito: conversão, amor e fidelidade. Sem conversão a Deus, não há salvação Cf(Mc1,15). A vivência da religião cristã é coisa séria. Exige interioridade e não apenas, a realização de prescrições, sacrifícios, ou doações ao templo… por isso, é necessário que voltemos, definitivamente, ao Senhor, de todo o coração, e com todas as forças e ao próximo, com toda solicitude. Cuidemos de nós mesmos e até da natureza, que nos circunda, porque ela é obra de Deus. O cristianismo, tem uma visão holística da vida, por isso, lhe cabe lutar pela harmonia, entre toda a criação. Deus não terceirizou, o domínio de sua obra, a ninguém.

Repito então: o que o Advento requer de mim, de nós? Já, o disse: conversão a Deus ao próximo e a descoberta, do que significa ser filho de Deus, em Cristo, com Cristo e como Cristo, ou seja, como Seus discípulos. Ir para o culto ou à Missa não é tão difícil. Pertencer à uma sigla religiosa, também, não. O problema (a solução…) é ser autêntico. Gandi afirmou: “eu amo o cristianismo, mas não os cristãos, porque dizem e não fazem”. Tinha razão? Parcialmente, sem dúvida. Sem contestação. Honestamente, não somos o que deveríamos ser. Afirma o livro do Gênesis (Gn1,10.13.25.31): Deus viu que tudo era muito bom (Belo!!!). Sem dúvida. Mas das nossas, confusões, incoerências e corrupção, sinceramente, não pode afirmar o mesmo. É preciso melhorar. Basta olhar para o mundo, de hoje. Há fome, injustiças, desunião demais e falta de sentido da vida.

Quando, os pós-Kantianos não mais se entendiam, chegaram à conclusão: “Zúrück Zu kant”. Voltemos a Kant. Eu, no entanto, confesso que é preciso voltar a Cristo, ao discipulado, passando por uma verdadeira iniciação. Batizar é fácil, arrumar presépios, também, mas a vivência autêntica do evangelho, nunca foi fácil. No caminho, de todos nós, há muitos Herodes falsos, a ser evitados, novos Pilatos, mais refinados, do que, o de outrora. Falam da verdade (filosoficamente…) são, no entanto, falsos, existencialmente: novas raposas. Deles, falou o Messias “ai de vós escribas e fariseus hipócritas” (Mt23,15) … Quem vos ensinou a escapar da ira, da justiça de Deus? Voltemos então a Cristo. Todos. Ao menos, os que são cristãos. Os outros, pensem e concluam. Mas, todos devemos converter-nos. Então Feliz Natal.

 

 

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