50 anos de diocese

Neste domingo a Diocese de Jales completa 50 anos. Criada por decreto do Papa João 23 a doze de dezembro de 1959, foi solenemente instalada em 15 de agosto de 1960.

Este dia de hoje foi intensamente preparado por todo um Ano Jubilar, lançado na romaria do ano passado, e previsto para ser concluído na romaria deste domingo. A coincidência de cair de domingo, na festa da Assunção, confere à celebração o sabor especial de reviver a instalação da diocese, há 50 anos atrás, com as esperanças então suscitadas, confrontadas agora com a realidade, na alegre confirmação da ousadia de organizar uma diocese numa região que apenas estava delineando sua fisionomia.

Situando a historia da diocese de Jales no cenário da expansão eclesiástica do Estado de São Paulo e do Brasil, constata-se com clareza uma evidência. A Diocese de Jales madrugou! Mal tinham se passado 18 anos do corte da primeira árvore para plantar em seu lugar o cruzeiro de fundação da cidade, Jales já era constituída em Diocese. Como catedral, ostentava uma pequena igreja que mais se parecia com uma capela rural. Mas quanto mais precárias eram as condições materiais, mais forte era a disposição do povo em corresponder à confiança nele depositada.

A Diocese de Jales foi criada apostando no futuro. Os 50 anos que hoje se concluem servem de testemunho de quanto foi acertada a aposta, e de como ela continua válida. Ao longo destes 50 anos, a Diocese forjou sua identidade, dentro da incumbência confiada a cada Igreja Particular, de assumir as peculiaridades de uma determinada comunidade humana, para conferir-lhe feições eclesiais próprias, atendendo à dupla tarefa de cultivar, ao mesmo tempo, a unidade católica de comunhão com as demais dioceses, e a diversidade que deriva do compromisso com as diferenças locais que precisam ser respeitadas e valorizadas como oportunidades de vivências novas do Evangelho de Cristo. Nos seus 50 anos, a diocese de Jales pode ter a certeza de se reconhecer como autêntica Igreja Particular, encarnada na realidade que lhe foi confiada, contando com a ação da providência de Deus que lhe abriu o caminho e a sustentou ao longo do seu percurso.

A região abrangida pelos 46 municípios que compõem o seu território é de história muito recente. Mas como Diocese, Jales precedeu a mais da metade das circunscrições eclesiais do Estado de São Paulo, e também do Brasil. Como exemplo próximo, basta conferir as datas de Jales com Araçatuba, cidade bem maior, mas constituída em diocese só há 15 anos. E assim daria para citar tantos outros exemplos de cidades bem maiores, mas há bem menos tempo constituídas em dioceses, como São José dos Campos, por exemplo, que ainda não chegou a 30 anos de diocese.

O jubileu de ouro é boa oportunidade para perceber a linha de continuidade, que possibilitou a lenta mas persistente consolidação de uma prática pastoral, que caracteriza a diocese de Jales, e lhe confere fisionomia própria. Entre os aspectos desta continuidade, dá para ressaltar o apoio às comunidades eclesiais, identificadas no início como “comunidades de culto”. Outro aspecto, igualmente importante, foi a valorização dos leigos, que passaram a se identificar com a caminhada da Igreja.

Aos 50 anos, a Diocese atinge maturidade. Ela se expressa na sua prática pastoral, balizada pelo plano diocesano de pastoral. Mas a prova mais consistente desta maturidade pode ser identificada no número de padres. Formar um verdadeiro “presbitério diocesano” sempre é meta de qualquer diocese, e depois das dificuldades iniciais, a Diocese de Jales dispõe hoje de um presbitério que já ultrapassa três dezenas de padres incardinados e atuantes em suas comunidades.

Este dia 15 de agosto vem coroar o elenco de datas memoráveis na história da Diocese. A começar pelo primeiro, em 1960, com sua instalação. Em 1975 neste dia era inaugurada a catedral. Em 15 de agosto de 1982 tomava posse o terceiro bispo. Em 1985 era celebrado o jubileu de prata. E neste ano de 2010, a Diocese chega aos 50, agradece a Deus a caminhada feita, e olha confiante o futuro, na certeza de que não lhe faltará a graça que a acompanhou até aqui.

Dom Luiz Demétrio Valentini

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