No Domingo de Pentecostes, 28 de maio, o Papa presidiu a missa na Basílica de São Pedro. Na homilia, enalteceu a ação do Espírito Santo em três momentos: na criação do mundo, na Igreja e nos corações dos homens. A Igreja Católica no Brasil também comemorou com alegria a Solenidade, a exemplo da celebração no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida
Cerca de 830 mulheres morrem todos os dias por complicações relacionadas à gravidez ou ao parto em todo o mundo. No dia 28 de maio se celebrou o dia nacional de redução da mortalidade materna, um momento para se cobrar políticas públicas e ações imediatas que contribuam para diminuir o número de mortes de mulheres durante a gestação, parto e pós-parto
O tema e o lema aprovados pelo Papa Francisco são praticamente os mesmos escolhidos pelos bispos do Brasil para a CF 2024: Fraternidade e amizade social e “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). No ano que vem, a CF buscará despertar para o valor e a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos da amizade social
Dom Leomar se reuniu com os atuais assessores da Comissão, padre Jânison de Sá e Mariana Venâncio, para entender e saber sobre o processo trilhado até o presente momento. Um dos assuntos abordados foram os eventos realizados e os que estão programados para ainda esse ano, como é o caso do Seminário Nacional de Animação Bíblica da Pastoral, em agosto

ARTIGOS DOS BISPOS

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

 

Com a Solenidade de Pentecostes chegamos ao término do tempo da Páscoa! Essa solenidade para nós é um marco do qual vemos o surgimento da Igreja que é sustentada e animada pelo Dom e pela Força do Espírito Santo. A palavra Pentecostes vem do grego, pentekosté, é o qüinquagésimo dia após a Páscoa. Comemoramos nesta solenidade o envio do Espírito Santo à Igreja. Em cumprimento à promessa de Jesus: “quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade que vem do Pai, ele dará testemunho de mim e vós também dareis testemunho” (Jo 15, 26-27). Dessa maneira, o Espírito foi enviado sobre os Apóstolos e Cristo está presente na Igreja, que é continuadora da sua missão. 

A origem de Pentecostes vem do Antigo Testamento, uma celebração da colheita (Ex 23, 14), dia de alegria e ação de graças, na verdade uma festa completamente agrária. Nesta festa, o povo oferecia a Deus os primeiros frutos que a terra tinha produzido. Mais tarde, tornou-se a festa da renovação da Aliança no Sinai (Ex 19, 1-16). No Novo Testamento, Pentecostes está relatado no livro dos Atos dos Apóstolos 2, 1-13. Como era costume, os Apóstolos, juntamente com Maria, Mãe de Jesus, estavam reunidos para a celebração do Pentecostes judaico. De acordo com o relato, durante a celebração, ouviu-se um ruído, “como se soprasse um vento impetuoso”. “Línguas de fogo” pousaram sobre os apóstolos e todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em diversas línguas. 

Pentecostes é a coroação da Páscoa de Cristo. Nele, acontece a plenificação da Páscoa, pois a vinda do Espírito sobre os discípulos manifesta a riqueza da vida nova do Ressuscitado no coração, na vida e na missão dos discípulos. Podemos notar a importância de Pentecostes nas palavras do Patriarca Atenágoras (1948-1972): “Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o evangelho uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos”. O Espírito traz presente o Ressuscitado à sua Igreja e lhe garante a vida e a eficácia da missão. 

Somente no Santo Espírito podemos compreender que toda a criação e toda a história são penetradas pela vida de Deus que nos vem pelo Cristo; somente no Santo Espírito podemos perceber a unidade e bondade radicais da criação que nos cerca, mesmo com tantas trevas e contradições. É o Santo Espírito, doce Consolador, que nos livra do desespero e da falta de sentido! 

Nele tudo se mantém, tudo tem consistência, tudo é precioso: “Encheu-se a terra com as vossas criaturas: se tirais o seu respiro, elas perecem e voltam para o pó de onde vieram. Enviais o vosso Espírito e renascem e da terra toda a face renovais”. É por sua ação constante que tudo existe e persiste no ser. Sem ele, tudo voltaria ao nada e nada teria consistência real. Nele, tudo tem valor, até a mais simples das criaturas. 

Sem ele, nada, absolutamente, podemos nós: “Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele!” Por isso Jesus disse: Sem mim, nada podeis fazer (Jo 15,5)”, porque sem o seu Espírito Santo que nos sustenta e age no mais íntimo de nós, tudo quanto fizéssemos não teria valor para o Reino dos Céus. Jesus é a videira, nós, os ramos, o Espírito é a seiva que, vinda do tronco, nos faz frutificar… 

Ele é a nova Lei – não aquela inscrita sobre tábuas de pedra, mas inscrita no nosso coração (cf. Ez 11,19; Jr 31,31-34), pois “o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm 5,5). A lei de Moisés, em tábuas de pedra, fora dada no Sinai em meio a relâmpagos, trovões, fogo, vento e terremotos (cf. Ex 19); agora, a Nova Lei, o Santo Espírito nos vem em línguas de fogo e vento barulhento e impetuoso, para marcar o início da Nova Aliança, do Amor derramado no íntimo de nós! 

Peçamos o Dom do Espírito Santo sobre cada um de nós e sobre as nossas comunidades, pois, é o Espírito Santo nos fortalece em meio as tantas dificuldades que enfrentamos. Ilumina-nos Divino Espírito, venha insuflar o teu amor em nossos corações para que possamos ser testemunhas vossas neste mundo que tão precisa de Ti.  

 

 

Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

 

               Após 50 dias da celebração da Páscoa, comemoramos a Festa de Pentecostes, quando recordamos a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos de Jesus Cristo.   “Espírito Santo” é o nome próprio daquele que é reconhecido em muitas festas de nossas comunidades como a festa do “Divino”. Realmente, o Espírito Santo é Deus com o Pai e o Filho. No Novo Testamento, ele também é chamado de “Paráclito”. Esse termo foi apenas transposto do grego, pois não existe nenhum termo em português que traduza, adequadamente, todos os valores desse termo grego: defensor, auxiliador, consolador, assistente, advogado, procurador, conselheiro, mediador, aquele que exorta e lança apelos urgentes.  

               Ao prometer a vinda do Espírito Santo, Jesus o denominou de “Paráclito”, traduzindo, literalmente, assim: aquele que é chamado para perto de advogado (Jo 14,17; 15,26; 16,13). Paráclito é também habitualmente traduzido por “consolador”.  Ora, Jesus é o primeiro consolador (1 Jo 2,1). 

               Esse espírito vem para os discípulos de Jesus, mas não para o mundo. O mundo não é capaz de apreender, nem de receber o Espírito. A expressão “o mundo não pode” indica a incapacidade radical do ser humano, abandonado a si mesmo, de alcançar a fé, de compreender a Palavra, de reconhecer o Espírito. Em outros termos, Jesus diz que o mundo não consegue perceber o Espírito em suas manifestações que, contudo, são reais, históricas e externas. 

                Após a vinda do Espírito Santo em Pentecostes, o relato dos Atos dos Apóstolos narra que seus discípulos ficaram repletos do Espírito e começaram a falar em outras línguas. O evangelista São Lucas vê, nesse falar em todas as línguas do mundo, a restauração da unidade perdida em Babel; quando há confusão de idiomas, há divisão. 

               O dom principal do Espírito é que, atualmente, o Evangelho de Jesus é compreendido por todos. Seu anúncio não é restringido a um único povo, mas é destinado a todas as culturas, povos e línguas da Terra. A mensagem do Evangelho não é estranha a outras línguas fora da língua dos judeus. O Espírito faz com que cada povo perceba, na sua língua, que a Palavra de Deus é salvação para sua vida.   

               Geralmente se diz que o Espírito doa os sete dons dos quais cada pessoa tanto necessita para caminhar neste mundo.  Na Bíblia, os números têm significado especial. O número 7 representa a perfeição. Podemos formá-lo fazendo 3 + 4 = 7. O número 3 representa a divindade (Trindade), e o número 4, as categorias básicas da criação: ar, água, terra e fogo. Já o número 12 simboliza a totalidade, pois 3 x 4 = 12.  Os sete dons (Is 11,1-2) são qualidades que Deus nos dá. São elas: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade, temor.  Esse último dom não quer dizer “medo de Deus”, mas medo de ofender a Deus. Mais do que temor, é respeito e estima por Deus. 

 

 

Dom Jaime Vieira Rocha 
Arcebispo de Natal (RN)

 

A Igreja celebra neste domingo, 28 de maio, a Solenidade de Pentecostes. Cinquenta dias após a Páscoa, Ressurreição de Cristo, os apóstolos, reunidos com Maria, a Mãe de Jesus (cf. At 1,14), receberam a efusão do Espírito Santo. Jesus mesmo, estando ainda com eles, no cenário da Páscoa judaica, havia prometido que o Espírito Santo viria: Jo 14,12-17 – “Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai. E o que pedirdes em meu nome, eu o farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes algo em meu nome, eu o farei. Se me amais, observareis os meus mandamentos. E eu pedirei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, que ficará para sempre convosco: o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não o vê, nem o conhece. Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e está em vós”; Jo 14,24-26 – “Quem não me ama, não guarda as minhas palavras. E a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou. Eu vos tenho dito estas coisas enquanto estou convosco. Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”; Jo 15,26s – “Quando, porém, vier o Defensor que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim. E vós, também, dareis testemunho, porque estais comigo desde o começo”; Jo 16,7 – “No entanto, eu vos digo a verdade: é bom para vós que eu vá. Se eu não for, o Defensor não virá a vós. Mas, se eu for, eu o enviarei a vós”; Jo 16,13s – “Quando ele vier, o Espírito da Verdade, vos guiará em toda a verdade. Ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo quanto tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir, ele me glorificará, porque receberá do que é meu para vos anunciar”. 

Na fé da Igreja nós reconhecemos que o Espírito de Deus pairava sobre as águas, conforme Gn 1,2. A criação acontece por meio dele e do Filho, segundo a imagem do qual o homem e a mulher foram criados (Gn 1,26s). O Espírito Santo agiu nos patriarcas, nos juízes, nos sacerdotes, nos profetas, nos reis e será, sobretudo, no Messias que ele habitará. Jesus foi concebido por obra do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria e no batismo de João recebeu o Espírito para proclamar a boa nova (cf. Lc 3,21-22 par. Cf. Lc 4,18-21, citação de Is 61,12). Jesus sempre agiu com o Espírito Santo, principalmente revelando que por meio dele expulsava os demônios, exultou no Espírito por causa da ação reveladora aos pequenos, mas sobretudo nos capítulos 13 a 16, do Evangelho de São João, apresenta a promessa do Espírito Santo aos seus seguidores, a fim de que permaneçam na unidade do chamado e do anúncio da salvação. Ele entrega o Espírito aos apóstolos no dia mesmo da Ressurreição (cf. Jo 20,19-23). E, no dia de Pentecostes, a efusão do Espírito Santo dá início à vida pública da Igreja com o anúncio de Pedro e a ação dos outros apóstolos, como podemos ver no livro dos Atos. A Igreja, por isso mesmo, chamada de “apostólica”, vive desta experiência da presença e da ação do Espírito Santo. É esta presença que torna possível a unidade da Igreja.  

Na ação do Espírito Santo está o testemunho que ele dá do Senhor Jesus e o nosso testemunho. Assim, o nosso testemunho de Jesus une-se ao testemunho do Espírito: recebemos o Espírito Santo para testemunhar que Jesus é o Senhor. De fato, como diz São Paulo, “ninguém será capaz de dizer: ‘Jesus é Senhor’, a não ser sob a influência do Espírito Santo” (1Cor 12,3). Estar sob a influência do Espírito Santo significa viver segundo o Espírito. Esta vida só é possível porque somos guiados pelo Espírito em toda a verdade. Mas, a vida segundo o Espírito é a vida das bem-aventuranças, das obras de misericórdia, da vivência do mandamento novo do amor, da caridade pela qual a fé é sempre viva. Que todos vivam sob a docilidade do Espírito Santo! Amém. 

 

 

 

 

 

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