Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Na Quaresma, e em especial no chamado Domingo da Transfiguração, somos convidados a contemplar, por antecipado, o rosto do Ressuscitado. Sim, a experiência vivenciada por Pedro, Tiago e João, as três colunas da Igreja, testemunha a vocação, a plenitude e a inteireza que Jesus proporciona a seus discípulos no monte Tabor.
O caminho para a Páscoa passa por renovar a Aliança que Deus faz em Jesus Cristo através do batismo. O esplendor de Cristo transfigurado assinala a mudança radical de quem se deixa transformar pela Palavra e pela graça. Por isso, Paulo, na Carta aos Filipenses, nos remete à participação na glorificação de Cristo, que gera uma nova visão e uma nova cidadania.
Tornamo-nos peregrinos do infinito, portadores da utopia do Reino, capaz de dar uma perspectiva de esperança firme para toda humanidade. Os cristãos apontam para um horizonte de felicidade e completude que dá sentido à conversão, à renúncia e ao sacrifício que gera já no presente perpassado pela desigualdade, violência e exclusão, uma vida incorruptível, uma comunhão permanente.
No Tabor, aprendemos a não desistir dos sonhos, a continuar a caminhada firme e esperançosa de construir, ainda que na provisoriedade e fragilidade de nossos passos e tentativas, políticas públicas justas e solidárias, empenhos e projetos pastorais e cidadãos que façam mais habitável o mundo, mais digno e belo de ser vivido. Como Abraão, caminhemos para frente, com ousadia e confiança nas promessas do Pai de uma Terra fecunda e de uma descendência feliz e incontável. Deus seja louvado!