“A missão deve ter olhos para as necessidades do povo’’, afirma cardeal

“Não podemos deixar de trabalhar para vencer a miséria, a fome, a pobreza, o sofrimento do nosso povo. A igreja tem, sim, que continuar a se empenhar nisso, fortemente, em nome de Jesus Cristo’’. Com estas palavras, o cardeal dom Cláudio Hummes exortou os fiéis e participantes da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe durante a missa que presidiu na manhã deste sábado na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP).

”Queremos estimular a América Latina para a grande Missão, mas uma missão que tenha olhos, também, para as necessidades do nosso povo, sua pobreza, o desemprego que devasta nossas famílias, seus sofrimentos, doenças, angústias’, lembrou o cardeal. ‘’Não se pode separar a evangelização da promoção humana, da defesa da dignidade e dos direitos humanos. E o direito fundamental é o direito à vida e o direito de viver dignamente como pessoas humanas. É isso que a Igreja quer, hoje renovar’’, disse, referindo-se à reunião dos bispos.

Recordando as palavras do papa, o cardeal disse que ‘a opção preferencial pelos pobres está incluída na nossa fé em Jesus Cristo. ‘’Se a gente vai ao povo anunciando Jesus Cristo, Ele nos leva necessariamente a ver e a solidarizar-nos com as necessidades sociais e materiais do povo’’, enfatizou.

Segundo dom Cláudio uma das tarefas da grande Missão é buscar os católicos afastados da Igreja. ‘’ A Igreja da América Latina tem que sair em busca dos batizados que vivem sozinhos e não participam da vida das nossas comunidades, de nossas paróquias, das CEBs ou movimentos. Eles têm amor à Igreja, mas a Igreja está distante. Não chegamos a todos eles e eles gostariam que chegássemos pertos, os saudássemos, os ouvíssemos e pudessem sentir o calor e o amor de sua Igreja’’.

O cardeal chamou a atenção, ainda, para a necessidade da Missão levar as pessoas ao encontro pessoal com Jesus Cristo a fim de se tornarem seus discípulos e missionários. ‘’Como levar cada pessoa a Jesus Cristo a um encontro pessoal que depois se torne comunitário na medida em que leva a pessoa a participar da comunidade?’’, indagou. Um dos caminhos, de acordo com o cardeal, são as visitas missionárias propostas pelo próprio papa. ‘’Nossas paróquias têm 30, 40 ou 50 mil pessoas que nós batizamos dos quais apenas duas ou três mil participam. Não podemos nos conformar com isso’’, ponderou.

Inspirado no texto bíblico proclamando durante a missa narrando o encontro de São Paulo com Jesus na estrada de Damasco, o cardeal citou o apóstolo como exemplo de encontro pessoal com Jesus Cristo. ‘’Paulo disse: eu já fui alcançado por Jesus Cristo. Também devemos levar o povo a ser alcançado por Jesus Cristo. É necessário alguém que vá, escute, anuncie, fale e reze com o povo’’. E apontou o martírio como marco da evangelização. ‘’O martírio é o ponto alto da evangelização. Não há maior evangelização do que dar a vida por JC. Isto é anunciar com o próprio sangue que Ele é o salvador, caminho, verdade e vida’’.

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