Albertina – uma história em longa-metragem

Dom João Francisco Salm
Bispo de Tubarão  (SC)

Albertina Berkenbrock, filha de Henrique e Josefina, nasceu no dia 11 de abril de 1919, em São Luiz, município de Imaruí, no sul de Santa Catarina, hoje Diocese de Tubarão.

Seus pais, descendentes dos primeiros colonizadores alemães provenientes da Westfália, no final do Século IXX, apesar da pobreza material, transmitiram aos filhos a riqueza da fé e dos valores cristãos.

Na casa dos Berkenbrock havia espaço para Deus. A oração diária do terço após a ceia era sagrada. No singelo oratório de madeira veneravam-se o crucifixo e a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Participavam das Missas e novenas na capela de São Luiz Gonzaga. A menina ajudava sua mãe nos cuidados da igreja e dos altares. Albertina nutria especial veneração pelo seu padroeiro.

Padres e freiras visitavam a residência da família. Numa dessas ocasiões, Albertina teria perguntado à sua mãe quem eram aquelas senhoras, vestidas de maneira curiosa. D. Fina lhe explicou: “Elas são freiras; significa ser toda de Deus!”. Mais tarde, Albertina teria dito: “Eu também quero ser toda de Deus”!

As pessoas do lugarejo admiravam seu comportamento. Embora tímida, tratava todos com carinho. Solidária, tinha especial afeição pelos mais necessitados. Na escola, distribuía seu lanche com os pobres. Cuidava dos irmãos menores e dos filhos do casal de empregados que a família amparou.

Seu catequista foi Hugo Berndt. Culto e exímio escultor em madeira, apreciava o grande interesse de Albertina pelos ensinamentos sobre Jesus e a Igreja. Ela desejava intensamente receber a Eucaristia: “Foi o dia mais lindo de minha vida”!

O que aprendia na Catequese, repassava aos seus irmãos. Num caderninho, ela anotava seus colóquios com Deus. E gostava de construir pequenos túmulos de terra, sobre os quais colocava cruzes que ela mesma fazia. Rezava pelos falecidos. Ao vê-la assim, Hugo disse: “O que faz aqui essa flor?”

Os moradores do lugar a apelidaram de “Santinha”. E quando ela foi morta, lamentavam: “Mataram a nossa Santinha”. Tal tragédia ocorreu no dia 15 de junho de 1931, quando ela tinha doze anos. Pelas 16h, enquanto procurava um boi fujão, orientada pelo empregado Maneco Palhoça, adentrou num bosque fechado. Era uma armadilha. Lá o bruto, segurando um punhal, a surpreendeu, tentou estuprá-la, mas ela não aceitou e lutou bravamente. “Não me maltrates. Não. É pecado. Deus não quer!”, gritava. Foi degolada violentamente, mas Maneco não conseguiu seu intento. Ele mesmo comunicou o ocorrido à família, acusou um inocente e fugiu. Por fim, durante o velório, a verdade veio à tona. Ele foi capturado e confessou este e outros dos seus crimes.

A fama de santidade de Albertina se espalhou mediante notícias de graças recebidas por sua intercessão. O lugar tornou-se centro de oração e peregrinação. Em 20 de outubro de 2007, o Papa Bento XVI a declarou Bem-Aventurada. O Processo de Canonização tramita no Vaticano. Os fiéis visitam seu Santuário, publicam graças recebidas e rezam para poderem, definitivamente, chamá-la de Santa.

Coroando os festejos do primeiro Centenário de seu Nascimento (2019-2020), esta história será levada ao mundo inteiro através do longa-metragem ALBERTINA, dirigido por Luiz Fernando F. Machado, com roteiro de Chico Caprario.

Mais de mil populares participaram das filmagens, inclusive parentes da Beata, unindo-se aos atores e técnicos profissionais. Legendado em seis idiomas, o filme terá Pré-estreia Mundial por streaming no próximo dia 11 de junho, na Solenidade de Corpus Christi.

A história de santidade da jovenzinha de Imaruí questiona a nossa vida hodierna, nossa vivência dos valores cristãos, nosso compromisso com os mais necessitados, bem como o nosso empenho na promoção da cultura da paz. A sua defesa da castidade não combina com o pansexualismo e o materialismo endeusados em nossos dias.

Albertina fala-nos de misericórdia em nossas atitudes e da simplicidade do seguimento de Jesus Cristo.

 

 

 

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