Bispos falam sobre o Sínodo a padres do Brasil que estudam no Colégio Pio Brasileiro

Dezenas de padres brasileiros que estudam em Roma participaram nesta quinta-feira, dia 18 de outubro, do Quintais de Cultura sobre o Sínodo para a região Pan-Amazônica, realizado no Colégio Pio Brasileiro, na capital italiana. O evento foi uma oportunidade de ouvir as experiências de quatro bispos participantes do Sínodo e fazer perguntas sobre o encontro que será realizado no Vaticano até o dia 27 de outubro.

O arcebispo de Palmas (TO), dom Pedro Brito, foi aluno do Pio Brasileiro. Ele falou da alegria de estar de volta ao colégio e da satisfação de participar do Sínodo. Sobre a experiência nesses últimos dias no Vaticano, dom Pedro Brito destacou que os participantes entenderam o sentido de se converterem à sinodalidade, que significa caminhar juntos.

O Sínodo é marcado por respeito ao outro, ouvir todas as opiniões, dar atenção. Ouvimos quatro pessoas e silenciamos por quatro minutos para refletir. Você não vê uma palavra desrespeitosa, uma vaia”, esclareceu o arcebispo de Palmas.

Dom Roque Paloschi, presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e arcebispo de Porto Velho (RO), afirmou que o Sínodo é uma benção: “é um momento de graça de Deus, não da nossa vaidade humana”. Dom Roque pediu a todos para rezarem pelo Sínodo, para que os padres sinodais cheguem a respostas, guiados pelo Espírito Santo, sobre quais são os novos caminhos a serem traçados na Amazônia para os povos da floresta.

Precisamos nos refazer como Igreja, celebrar a Liturgia em língua própria e entender a cultura local. Como as comunidades podem sobreviver na fé católica com duas ou três Eucaristias por ano? Precisamos resolver isso, é o que esperamos no documento final do Sínodo.”, explicou dom Roque.

O bispo de São Gabriel da Cachoeira(AM), dom Edson Taschetto Damian, explicou que sua diocese é a mais indígena, mais isolada e uma das mais pobres do Brasil. Quando os indígenas ficaram sabendo que seria realizado o Sínodo para Amazônia, fizeram uma festa.

Eu estava presente quando houve o pedido ao Papa para a realização de um Sínodo para Amazônia. Isso aconteceu em novembro de 2016. No ano seguinte, o Papa Francisco já anunciou esse Sínodo. Imagine a alegria dos indígenas quando ficaram sabendo. Quando lemos o documento de trabalho do Sínodo para Amazônia ficamos muito satisfeitos pela qualidade do material, é um documento de estudo muito bem feito. Os povos indígenas leram o texto e afirmaram: ‘o Papa Francisco quer nos escutar’. Eles se viram contemplados”.

Dom José Belizário da Silva, arcebispo de São Luís do Maranhão, falou da importância de se ter uma Igreja com o rosto amazônico.

“O Maranhão é um péssimo exemplo na questão ambiental e social. Há muitos desrespeitos ao meio ambiente, além de ser um dos estados mais pobres da Federação. Cerca de 60% da população recebe Bolsa Família, além de termos os piores índices socioeconômicos. Entretanto, na questão religiosa, avançamos bem. Temos bispos locais e sacerdotes com a cara do Estado, inclusive alguns são índios, outros são negros. Esse é o espírito do Sínodo. O rosto Amazônico tem que estar refletido na nossa Igreja”, concluiu.

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