Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo de Montes Claros (MG)
A Igreja no Brasil celebra o Dia do Catequista no último domingo de agosto, mês das vocações. Recordo-me com saudades e com carinho de meus catequistas. Ir. Vilma e Ir. Antônia, catequistas para primeira eucaristia. Para a catequese de perseverança e crisma foram Ir. Lídia e Ir. Agathângela. Essas religiosas catequistas, da Congregação das Irmãs dos Santos Anjos, deixaram marcas profundas em minha vida cristã. Junto delas homenageio o Sr. Pedro Ragazzi, leigo casado, pai e cuidadoso catequista. Ele nos acolhia na sacristia da igreja paroquial para nos ensinar sobre a missa e nos preparar para servir o altar. Foi o nascedouro de minha aproximação do altar, tornando-me coroinha.
Nesta data, agradeço aos milhares de catequistas da Arquidiocese de Montes Claros que, em quase 1200 comunidades urbanas e rurais, se dedicam com esmero e zelo na educação da fé de crianças, jovens e adultos. Nutro por todos enorme gratidão. Cada catequista é um verdadeiro discípulo missionário que deu o passo, importante e necessário, de “dar de graça o que recebeu de graça” (Mt 10, 8). Louvo e bendigo a Deus pela história da Igreja nesse chão norte-mineiro, banhado pela fé de homens e mulheres catequistas.
Os pilares da ação evangelizadora – Palavra, Pão, Caridade e Missão – encontram nos catequistas excelentes cooperadores. Toda a catequese se inspira na Palavra de Deus. Cada encontro é ocasião de propor a escuta da Palavra e deixar que ela se torne luz para os passos. Quem descobre a riqueza da Palavra sente-se impelido a levá-la a outros. Qual semente em terra fértil, vai produzir muitos frutos. Como é bonito ver um encontro catequético em que todos os participantes têm nas mãos a bíblia sagrada!
A catequese, ao anunciar a Palavra, propõe o seguimento de Jesus e destaca a importância dos evangelhos para a vida cristã. Daí decorre o cultivo da espiritualidade discipular e o encontro com Jesus nos sacramentos da Igreja, em especial, o batismo, a crisma e a eucaristia. Pela missão dos catequistas, as comunidades, sem cessar, realizam a educação da fé no processo de iniciação à vida cristã. Cresce na Igreja o cuidado de propor a adesão à fé em Jesus Cristo e à vida comunitária eclesial. A catequese qualifica a vida dos batizados para a participação na assembleia litúrgica, especialmente na celebração eucarística. O desdobramento da fé, professada em práxis de fé, aponta para o pilar da caridade, qual expressão viva de uma pertença a Cristo e à Igreja. O cristão não descuida do serviço solidário aos mais pobres. Desde o início da catequese há de se apresentar o Menino de Belém, qual Verbo Encarnado para a salvação do mundo. E a salvação passa por reconhecê-lo presente nos pequenos e abandonados e pela caridade evangélica.
Quando a catequese tem o adequado acento missionário ela tende a despertar nos catequizandos o amor à missão, um dos traços do cristianismo. O interesse missionário, em especial das crianças e adolescentes, há de ser valorizado por experiências de sair ao encontro dos outros, de valorizar a riqueza de outras culturas e de testemunhar a fé. Dos catequistas eu ouvi muitas histórias de missionários. Não sabia eu que o Espírito de Deus já atuava naquelas histórias para provocar-me ao passo do serviço eclesial, como padre. O mesmo Espírito age nos catequistas destes tempos para falar de Cristo, da fé e do Reino. Aumentem os seguidores do Evangelho que se disponham a ser exímios catequistas.