Novas mensagens de solidariedade foram divulgadas no decorrer de segunda-feira, 18 de outubro, após os ataques dirigidos por um deputado paulista ao Papa Francisco, ao arcebispo de Aparecida (SP), dom Orlando Brandes, e à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Celam
O Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) enviou uma nota de solidariedade ao presidente da CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, na qual demonstra sua proximidade e fraternidade, expressando “sua solidariedade e apoio irrestrito ao episcopado brasileiro diante dos graves ataques e discursos de ódio”, considerados “um ato abominável e irracional”.
O Celam “rejeita e condena categoricamente os ataques e insultos do deputado”, exigindo que “sejam aplicadas as correspondentes medidas corretivas legislativas e judiciais”. O texto, assinado pela presidência do organismo internacional, afirma que “desde suas origens a CNBB tem se caracterizado por seu espírito profético, saindo em defesa da liberdade e da vida do povo brasileiro, sem se deixar intimidar pelas múltiplas ameaças e truques que tentavam silenciar sua palavra e sua missão pastoral”.
Flechas envenenadas
A Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) divulgou Nota de apoio e solidariedade. No texto, assinado pela direção da entidade, é manifestado repúdio à “insensatez” do parlamentar. “As palavras grosseiras que ecoaram naquela casa do povo chegaram aos nossos ouvidos como flechas envenenadas”.
Para a entidade, “Liberdade de expressão não é totalitarismo de opinião, muito menos terrorismo ideológico”. Também foi destacado que a liberdade se constrói na verdade, no bom senso, no diálogo entre as diferenças e na busca sincera do bem comum, sobretudo da ética na política.
A Conferência dos Religiosos reiterou o pedido da CNBB para que “as ofensas e acusações, proferidas pelo parlamentar – protagonista desse lastimável espetáculo – seja objeto de sua interpelação para que sejam esclarecidas e provadas nas instâncias que salvaguardam a verdade e o bem – de modo exigente nos termos da Lei”.
A paz é fruto da justiça, não das armas
Os bispos do Piauí também se manifestaram. Eles reforçaram o apoio ao que dom Orlando Brandes afirmou em sua homilia, contra as armas. Para os bispos do Regional Nordeste 4,
“A Igreja é e continuará sendo contrária à cultura armamentista, porque acredita que a paz é fruto da justiça, não das armas. A justiça é que faz surgir um País justo e fraterno para todos. Mas o que vemos é o oposto disso: somos vítimas de inúmeras injustiças, que precisam ser sempre denunciadas, porque ferem a dignidade de todos os brasileiros”.
Para os bispos da Província Eclesiástica do Piauí, os discursos de ódio não serão capazes fazer cessar o trabalho missionário da Igreja, na luta por justiça e paz. “Os que semeiam o ódio e a discórdia continuarão sendo denunciados, porque o povo brasileiro precisa conhecer os inimigos da verdade, da justiça e da paz. Acreditamos que o bem é infinitamente superior ao mal, e que este não vai prosperar, porque contém, em si mesmo, o gérmen de sua própria destruição”.
Palavras não serão silenciadas
A arquidiocese de Londrina (PR) divulgou uma carta de apoio ao seu antigo arcebispo. Dom Orlando esteve à frente da Igreja Particular entre 2006 e 2016, e pôde receber o carinho daqueles que estiveram confiados ao seu pastoreio.
“Suas palavras e atitudes jamais serão silenciadas por discursos de ódio que visam apenas defender o indefensável e desmoralizar aqueles que há décadas têm, por fidelidade a Jesus Cristo, denunciado tudo que atenta contra a dignidade das mulheres e homens deste país”, afirma o texto.
Para a arquidiocese, a carta aberta da CNBB foi “peremptória e contundente” e os bispos do Brasil “não podem se calar”.
“Nada se constrói sobre as areias movediças da omissão e do medo. E ainda que procurem nos desmoralizar com ofensas e calúnias perversas, visando nos remeter a uma religião de sacristia, lhes mostraremos que a religião de Jesus de Nazaré nos leva até ao martírio, pela indiferença ou incompreensão, mas nunca ao silêncio covarde!”
A dom Orlando, disseram que pessoas como ele alimentam “em nós a esperança de que derrotaremos esse vírus [da escuridão e do ódio] que se instalou em nossa nação e que é bem pior do que a já terrível Pandemia!”.
Outros organismos
A Comissão Nacional dos Presbíteros (CNP) repudiou o “ato violento, descabido e imoral” do deputado e prestou solidariedade a todos os ultrajados “demonstrando a indignação dos Presbíteros do Brasil”.
“Nós Presbíteros também defendemos que antes da violência e do ódio o que deve prevalecer é o amor e a paz. Portanto, caminhar juntos, na comunhão, participação e missão é o novo jeito de ser Igreja Sinodal e Misericordiosa”, afirmou a CNP.
A Conferência Nacional dos Institutos Seculares do Brasil (CNISB) repudiou as acusações e reafirmou a comunhão com a CNBB, ressaltando a identidade da Igreja que busca a promoção humana e espiritual, “que sugere novas metodologias para fornecer melhores recursos, renovação de estruturas para que todos possam ter acesso a uma vida mais digna e justa, baseados na alegria e na força do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, para um mundo mais fraterno”.
O organismo eclesial também manifestou fidelidade à Igreja, “firmes na fé que professamos, na doutrina e orientação da Igreja, na pessoa do Santo Padre o Papa Francisco”. Leia na íntegra.
Também congregações religiosas se manifestaram, como a Conferência da Família Franciscana e a União dos Redentoristas do Brasil.