Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora
O modelo do diácono na Igreja é Cristo, o eterno Diácono do Pai. Todo Ministério Ordenado é como a atualização do ministério do Filho de Deus, nosso Salvador. Quanto ao termo, diácono significa servidor, tendo origem etimológica no idioma grego.
O ministério diaconal foi instituído pelos Apóstolos, quando, tendo aumentado muito o número dos adeptos da fé em Cristo, se viram super atarefados com o serviço aos pobres, não lhes sobrando tempo para rezar e para a pregação da Palavra (cf. Atos 6). Escolheram sete homens de comprovada virtude, cheios do Espírito Santo, entre os quais, Estêvão, que foi depois o primeiro mártir do cristianismo (cf. Atos 7). Entre estes, havia também um que não era judeu de nascimento, cujo nome era Nicolau, o que demonstra a abertura da fé cristã para todos os povos. Nestes primeiros sete, os diáconos se espelham para viverem seu ministério.
Muitos diáconos se santificaram na história. No dia 6 de agosto do ano de 258, o Papa Sisto II foi martirizado com quatro diáconos da Diocese de Roma, pela perseguição do Imperador Valeriano. Quatro dias depois, ou seja, no dia 10, foi também sentenciado, com pena de morte, o Diácono Lourenço, que era ecônomo da comunidade. O Imperador não o executou junto aos demais, porque ambicionava usurpar o dinheiro da Igreja; porém Lourenço já havia repartido todo o patrimônio com os pobres. Ao ser intimado pelos juízes do Imperador a entregar os bens eclesiásticos, apresentou os pobres dizendo: “Eis a riqueza da Igreja”. Foi esta a palavra decisiva para que o Imperador, cheio de ódio, o mandasse sacrificar em uma grelha incandescente, colocada sobre um braseiro. Conta-se que Lourenço suportou com tanta fé, amor a Deus e união a Cristo, que teria conservado até mesmo o humor, dizendo a certo momento aos algozes: “Pode me virar, pois desse lado já está assado”.
O último sábado, 10 de agosto de 2019, dia litúrgico de São Lourenço, Diácono e Mártir, foi um dia especial para a nossa Igreja Particular de Juiz de Fora e para nossa caminhada preparatória rumo ao 2º Sínodo Arquidiocesano, a iniciar-se em outubro próximo. A oferta dos ministérios de Leitor e Acólito que a Igreja fez a vinte e cinco candidatos ao Diaconado Permanente, depois de terem se preparado em um curso filosófico/teológico de quase quatro anos, representa significativo aumento dos servidores do Povo de Deus.
Como Leitores, passarão a assimilar mais a Palavra de Deus para comunicá-la com incontestável autenticidade; como Acólitos, alimentar-se-ão, com crescente santidade, do mistério do altar para repartir o Pão Eucarístico aos fiéis com dignidade e unção. Nestas funções litúrgicas, está intrinsecamente presente o serviço aos pobres e sofredores que caracteriza o ministério diaconal.
Às vésperas da Semana da Família, tive imensa alegria de conferir a estes vinte e cinco senhores, esposos e pais de comprovada fé, tais Ministérios sagrados. Saúdo com afeto paternal e fraternal os ministrandos, suas dignas esposas, seus queridos filhos e a toda nossa Arquidiocese juiz-forana, uma Igreja sempre em missão, pronta para pregar pelas ruas e sobre os telhados, a santa Palavra de Deus.