Dom Guilherme: “Tomé foi crescendo e amadurecendo na fé e fidelidade a Jesus”

Dia 3 de julho, a Igreja Católica celebra a memória do Apóstolo São Tomé, aquele que tornou pública sua profissão de fé ao dizer diante de toda a comunidade reunida: “Meu Senhor e Meu Deus”.

Dom Guilherme Antonio Werlang, bispo de Lages, em seu artigo intitulado “Será que meu testemunho de fé é digno de crédito?”, escreveu que para a grande maioria dos cristãos e não cristãos, Tomé é muito mais lembrado pelo fato negativo de não ter acreditado no testemunho da comunidade, seus irmãos e irmãs que acompanharam por três anos Jesus, quando disse: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser minha mão no seu lado, eu não acreditarei” do que pelo fato positivo de proclamar dentro da comunidade e sem se envergonhar: “Meu Senhor e Meu Deus”!

“Até parece que esta é uma das marcas registradas de nós humanos. Temos quase sempre a tendência de destacar mais o negativo do que o positivo, especialmente no que se refere aos outros”, diz o bispo.

Dom Guilherme salienta que quem for honesto e ler ou estudar os evangelhos por completo, vai facilmente descobrir que Jesus não censurou somente a falta de fé de Tomé, mas em outras ocasiões também censurou o grupo todo dos Apóstolos, dos discípulos, das multidões, dos discípulos de Emaús, de Simão Pedro, de Marta, diante da morte de seu irmão Lázaro, dos onze que não acreditaram em Maria Madalena quando foi para a Comunidade anunciar “Eu vi o Senhor”, etc.

“Mas os Apóstolos eram como nós somos até hoje. Uns podem errar e, … “tudo bem”. Outros, por mínimo que seja o erro, … fica marcado para sempre”, reitera dom Guilherme.

Mas a pergunta inicial que dom Guilherme colocou como “título” de seu artigo, quer questionar a razão do porquê Tomé não acreditou nos irmãos e irmãs da comunidade, à qual pertencia. “Será que eles e elas não eram dignos de crédito? Sua vida não inspirava confiança? Será que não seria mais interessante questionar a vida e o comportamento da comunidade dos Apóstolos e Discípulos do que somente a atitude de Tomé?”, questiona dom Guilherme

Agora este mesmo questionamento dom Guilherme fez a ele mesmo em seu artigo, e  convida todos a também fazerem individualmente:

Minha palavra, minha vida e meu testemunho tem crédito diante da comunidade e o testemunho da comunidade tem crédito para minha fé e para eu continuar a vida cristã, a pertencer e frequentar minha igreja?

Dom Guilherme questiona se quando familiares ou amigos abandonam a fé, deixam de participar da comunidade, já não frequentam as celebrações, grupos de família, pastorais ou movimentos eclesiais, jogamos toda a responsabilidade “em quem nos deixou” ou se conseguimos com toda a humildade e honestidade questionarmos se nosso testemunho e vida merece crédito.

Ainda em seu artigo o bispo questiona onde normalmente coloca-se a “culpa” quando padres, religiosos deixam o exercício do ministério de pertencer à Congregação. “É em quem nos deixou, ou também em nós, em nosso modo de vida e testemunho que poderia motivá-los e convencê-los a permanecerem em sua vocação, serviço eclesial, vida consagrada?”, indaga o bispo.

Por fim, mas sem fechar tantos outros questionamentos que a vida de São Tomé e a relação com a comunidade dos Apóstolos e discípulos deixam e provocam, dom Guilherme diz, ainda, que é totalmente desonesto e injusto avaliar, julgar e publicar a vida de uma pessoa apenas por um ato ou atitude.

“Sempre temos que olhar o conjunto da obra, a totalidade da vida. Tanto os membros daquela comunidade dos Apóstolos e discípulos/as quanto Tomé foram passo a passo crescendo e amadurecendo na fé e fidelidade a Jesus, que muitos foram martirizados, derramaram seu sangue, doaram sua vida, em testemunho da ressurreição e do evangelho. A fé é inicialmente um dom gratuito de Deus, mas em seguida ela se torna um processo de crescimento até chegar à maturidade e firmeza inabalável”, disse.

“Eu sou importante para a Comunidade, mas a Comunidade é também fundamental e importantíssima para mim”, finalizou o bispo.

 

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