Dom João Justino de Medeiros Silva
Arcebispo de Montes Claros
No último dia 15 de outubro, Papa Francisco participou, por meio de uma mensagem em vídeo, de um encontro promovido pela Congregação para a Educação Católica, sobre o Pacto Educativo Global. Essa iniciativa vincula-se à percepção do Papa quanto à fratura da corresponsabilidade na tarefa de educar as novas gerações. Observou o Papa, em diferentes ocasiões, que assistimos à quebra do pacto educativo, isto é, família, escola e sociedade têm interagido muito pouco nos processos da educação. A construção de uma nova cultura depende da interação articulada entre família, escola e sociedade.
Pelo mundo afora existem muitas iniciativas interessantes no campo da educação que precisam ser mais divulgadas e conhecidas. Há sempre caminhos possíveis para maior integração da família com a escola e a universidade. As instituições de ensino, por sua vez, têm grande potencial para mobilizar a comunidade educativa não apenas nos processos de ensino-aprendizagem, mas também na abertura de novas perspectivas para as relações interpessoais e incidência nos diferentes âmbitos da vida social. Diferentes expressões da sociedade são desafiadas a interagir com escolas e universidades e com as famílias para ajuntar forças em favor da humanização do mundo e da história.
Nesse sentido, Papa Francisco, em sua mensagem em vídeo, nos convida a nos comprometermos pessoal e conjuntamente com os seguintes objetivos: “1º) colocar no centro de cada processo educativo – formal e informal – a pessoa, o seu valor, a sua dignidade para fazer emergir a sua especificidade, a sua beleza, a sua singularidade e, ao mesmo tempo, a sua capacidade de estar em relação com os outros e com a realidade que a rodeia, rejeitando os estilos de vida que favorecem a difusão da cultura do descarte; 2º) ouvir a voz das crianças, adolescentes e jovens a quem transmitimos valores e conhecimentos, para construir juntos um futuro de justiça e paz, uma vida digna para toda a pessoa; 3º) favorecer a plena participação das meninas e das jovens na instrução; 4º) ver na família o primeiro e indispensável sujeito educador; 5º) educar e educarmo-nos para o acolhimento, abrindo-nos aos mais vulneráveis e marginalizados; 6º) empenhar-nos no estudo para encontrar outras formas de compreender a economia, a política, o crescimento e o progresso, para que estejam verdadeiramente ao serviço do homem e da família humana inteira na perspectiva duma ecologia integral; 7º) guardar e cultivar a nossa casa comum, protegendo-a da exploração dos seus recursos, adotando estilos de vida mais sóbrios e apostando na utilização exclusiva de energias renováveis e respeitadoras do ambiente humano e natural, segundo os princípios de subsidiariedade e solidariedade e da economia circulante”.
Como se percebe, o transfundo desses objetivos é a visão humanista integral, capaz de agregar parceiros em busca de uma nova cultura e de uma sociedade justa, fraterna, inclusiva, participativa e poliédrica. Sabendo da proximidade das eleições municipais, a educação é um tema bastante pertinente para os que pretendem servir a cidade no executivo ou no legislativo. E um critério para identificar a visão de educação de quem se candidata é verificar seu parecer sobre a relação família-escola-sociedade.