Tendo participado de uma excursão de 11 Bispos da CNBB, pela imensa Amazônia, durante dez dias, procurei ir além da beleza da selva e dos imensos cursos fluviais. Fixei minhas atenções, com olhares de fé, para a realidade da Igreja e de seu povo fiel. Não foi difícil ver os esforços hercúleos de todas aquelas Prelazias e Paróquias, em caminhar com as demais comunidades católicas do país. As dificuldades de organização concreta são quase desanimadoras: falta de estradas, distâncias enormes, falta de recursos financeiros, impossibilidade prática de fazer grandes reuniões de planejamento, falta pertinaz de agentes de pastoral leigos, escassez permanente de Padres e Religiosas. “Paulo teve uma visão. Um macedônio lhe suplicava: venha à Macedônia e ajude-nos” (At 16, 9). As Dioceses estão pedindo socorro. Parece até que os países europeus tem mais missionários na região do que o centro-sul do Brasil.
Por haver uma grande ausência do poder público, as Paróquias precisam preocupar-se, além do mais, em abrir escolas e centros de saúde. Tais instituições são vorazes consumidoras de recursos financeiros, e de pessoal especializado. As viagens, feitas normalmente através de rios e de igarapés, são muito dispendiosas e demoradas. Em não poucas prelazias, o próprio Bispo visita as comunidades ribeirinhas, levando a força da fé a todos. Tais “desobrigas” levam várias semanas para se completarem. Várias prelazias tem entre um e cinco Padres para trabalhar. Pelo acúmulo de serviços pastorais, que lhe são atribuídos, são verdadeiros heróis. Concluí que, para enviar missionários para as selvas, de pouco adianta as Dioceses enviar 1 voluntário. Precisam ser pelo menos dois ou três. Quanto à cultura indígena, sou do parecer de que se devem respeitar seus costumes, mas leva-los à fé católica. Os que permanecem na sua cultura tradicional, sem nenhum apelo à conversão cristã, sofrem desvantagens em todos os sentidos, inclusive na sua saúde e na sua conscientização. “A mensagem de Jesus Cristo foi anunciada a todos os pagãos, para conduzi-los à obediência da fé” (Rom 16, 26). Não nos devemos envergonhar do evangelho, mas propo-lo com convicção e mansidão.