Fórum das Pastorais Sociais traça ações para o mundo urbano

Dom Joel Portella, secretário-geral da CNBB. Foto: Organização do Fórum das Pastorais Sociais

Como fazer com que as Comissões da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) possam traduzir para realidades com que elas trabalham as Diretrizes Gerais da Igreja no Brasil 2019-2023? Esta foi uma das provocações que o bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da entidade, dom Joel Portella fez aos participantes do Fórum das Pastorais Sociais que encontra-se reunido em Brasília (DF) desde 30/07 com término hoje, 02/08.

Segundo dom Joel, o mundo vive um momento de mudanças muito grandes. Neste contexto, ele afirmou que é preciso responder tanto as consequências mais imediatas, como o aumento da miséria, da pobreza e todas as formas de exclusão, como também encontrar formas criativas para transformar, a partir de dentro, este mundo que gera esta pobreza e sofrimento. “Esse é um dos grandes desafios das nossas diretrizes para as comunidades eclesiais missionárias”, disse.

Democracia e realidade urbana – Ermínia Maricato, arquiteta, urbanista e professora aposentada da Universidade de São Paulo (USP) aprofundou com os participantes o tema da democracia, as cidades e a mobilidade urbana. “Democracia se faz, principalmente, onde as pessoas moram e frequentam, se faz a partir dos bairros, das escolas, das igrejas”, disse. Na avaliação da professora, isto foi abandonado pelas forças democráticas do Brasil.

“É fundamental retomar e reconstruir a democracia brasileira passando pelas cidades grandes, médias e pequenas, em todas as regiões do país, respeitando a incrível diversidade que nós temos no país – ambiental, econômica, regional e cultural”, disse.

Representantes de pastorais que atuam em realidades urbanas | Foto: Organização do Fórum das Pastorais Sociais

Os desafios apresentados pela professora provocaram o grupo a avançar para uma articulação das Pastorais que atuam no mundo urbano. Segundo o representante da Pastoral Operária Jardel Neves Lopes, de Curitiba (PR), um grupo foi criado com o objetivo de traçar ações conjuntas específicas para as pastorais sociais que atuam exclusivamente no mundo urbano, um dos temas centrais das novas diretrizes da Igreja no Brasil.

O grupo de 50 pessoas que atuam com diferentes realidades sociais, composto por representantes das Pastorais Sociais, organismos e regionais da CNBB, refletiu sobre o momento sociopolítico e eclesial no Brasil. Compartilhou as experiências das articulações locais e  nos regionais da CNBB. Também avaliou o Plano Quadrienal 2016 a 2019 e aprofundou as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023), tendo em vista a elaboração de um novo plano de trabalho da Comissão para o próximo quadriênio.

O encontro foi organizado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da CNBB cujo presidente é dom José Valdeci dos Santos, bispo de Brejo (MA). O novo presidente e os novos bispos eleitos para acompanhar o trabalho da Comissão foram acolhidos pelos participantes.

Rosilda Ribeiro Rodrigues Salomão, coordenação nacional da Pastoral Carcerária para a questão da mulher presa, Três Lagoas (MS)

“Este encontro tem sido muito produtivo, pois o contato direto com as diretrizes e o estudo em conjunto nos aponta que Jesus, conforme caminhava com o povo, ia apresentando e revelava o projeto do Reino de Deus de amor e de esperança. Devemos, mesmo na dor, seguir servindo na alegria do Evangelho, porque somos simples instrumentos que o Senhor vai regando e as sementes vão crescendo no tempo de Deus e no momento certo”.

Gilberto Lima, coordenação regional da Pastoral da Juventude do Maranhão, representante das Pastorais Sociais do Regional Nordeste 5

“Estar aqui nestes dias de formação, diálogo e escuta sobre as Pastorais Sociais e as lutas pelo povo em busca de esperança, nos ajuda a ver o sentido da vida e que a gente deve continuar trabalhando juntos e esquecer a divisões. Como a gente vê que as Pastorais Sociais, os padres e bispos aqui presentes estão dando este valor à juventude, lembrando que ela é importante nesta caminhada, a gente vê que o trabalho pastoral que a gente faz é fruto de tudo isto. Esses dias, as discussões e questionamentos aqui estão sendo bem proféticos para todas as pastorais e organismos presentes”.

Com colaboração de Jardel Neves Lopes

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