Homilia: o martírio de São João Batista (Ano B) 

Dom Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR) 

 

Amados irmãos e irmãs em Cristo, 

Hoje vamos meditar sobre o martírio de São João Batista, uma figura central no anúncio do Reino de Deus. O Evangelho de Marcos (Mc 6,17-29) nos apresenta o relato poderoso da morte de João Batista, que, como profeta fiel, enfrentou a injustiça e a corrupção com uma coragem inabalável. 

João Batista foi o precursor de Cristo, aquele que preparou o caminho do Senhor, como o próprio Isaías havia profetizado: “Eis que envio à tua frente o meu mensageiro, aquele que preparará o teu caminho” (Mc 1,2; Is 40,3). Ele foi chamado a proclamar a conversão e o arrependimento, desafiando tanto as autoridades religiosas quanto políticas de sua época. 

A coragem de João ao denunciar o pecado de Herodes, que havia tomado como esposa a mulher de seu irmão, Herodíades, resultou em sua prisão e, posteriormente, em sua morte. Herodes, ainda que relutante, cede ao pedido de Salomé, influenciada por Herodíades, e ordena a decapitação de João. O evangelista Marcos nos mostra que João foi martirizado por defender a verdade, mesmo quando isso significou confrontar o poder. 

Neste ano litúrgico, a história de João Batista nos desafia a refletir sobre nosso compromisso com a verdade e a justiça. Vivemos em um mundo onde a verdade muitas vezes é relativizada e o testemunho cristão pode ser difícil. João Batista nos lembra que a fidelidade a Deus exige coragem e, por vezes, sacrifício. Como Jesus nos ensina: “Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, salvá-la-á” (Mc 8,35). 

A figura de João Batista também nos chama à humildade. Mesmo sendo grande aos olhos de Deus, ele sempre apontou para Cristo, dizendo: “Depois de mim vem aquele que é mais forte do que eu, de quem não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias” (Mc 1,7). João entendeu seu papel como precursor e soube que sua missão era preparar os corações para a chegada do Messias. 

Ao meditarmos sobre o martírio de São João Batista, somos convidados a avaliar nossa própria fidelidade ao Evangelho. Estamos dispostos a proclamar a verdade e a justiça, mesmo diante de dificuldades? Somos capazes de colocar o Reino de Deus acima de nossos interesses pessoais? 

Que o exemplo de João Batista nos inspire a viver nossa fé com coragem, humildade e fidelidade. Que possamos, assim como ele, preparar o caminho do Senhor em nossos corações e na vida de nossa comunidade, sempre apontando para Cristo, a verdadeira luz do mundo. Amém. 

 

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