Mensagem do Dom Aldo Mongiano

Após o voto do Ministro Carlos Ayres Britto

no dia 28 de agosto de 2008

Lendo as notícias enviadas pelos amigos acompanhei o julgamento do STF sobre a TIRSS. Não é necessário que diga a minha satisfação: foi coroado o sonho de

longos anos. Não estava somente em causa a  terra para poder viver em paz, mas de povos que têm uma história, uma cultura própria, identidade, usos e costumes, normas morais e sociais válidas  e tão próximas ao Evangelho. Era desumano tirar a terra que para eles significava mortificá-los no que para eles é essencial e vital. Muitas pessoas de Roraima já tinham compreendido isso. Já eram poucos os que discordavam. Mas a justiça e a razão prevaleceram.

Fica assim também aprovada a visão e a ação  da Igreja. Ela evangeliza, mas também tem a missão de salvar as vidas. Não salva só para mandar as pessoas para o céu, mas para ter vida  digna neste mundo. A formação proporcionada pela Igreja não os tornou somente cristãos católicos que caminham para salvar suas almas na linha dos mandamentos, mas também cidadãos corretos e comprometidos com o bem próprio e da coletividade.

O que deve ter determinado a sentença dos juizes foi também o fato de terem sido informados da honestidade dos índios  e da vontade de colaborar no progresso coletivo, longe de representarem um perigo para a nação. Se não tivessem sido assim, ter-se-iam deixado corromper aceitando favores de pessoas gananciosas das terras indígenas, colocando-se ao lado dos fazendeiros e invasores.

A longa luta serviu para dar coragem, iluminar as consciências, tornar os índios pessoas responsáveis e corajosas e, portanto, mais eficientes na sociedade brasileira  no meio da qual  vivem. Agora possuem a consciência de que podem viver não dependentes  da sociedade branca, quase esmolando o sustento, mas  como atores e colaboradores no progresso.

Oxalá percebam isso igualmente os índios que não queriam esta sentença, mas preferiam permanecer atrelados aos fazendeiros, mamando da fazenda  para sobreviver.

Por tudo damos graças a Deus.

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