Mundo pluricultural e secularizado é destaque do 2º Formise do Regional Leste 2

A Casa das Irmãs Sacramentinas de Nossa Senhora, em Belo Horizonte (MG), acolheu nos dias 26 e 27 de maio, o 2º Encontro de Formação Missionária para Seminaristas (Formise) do Regional Leste (Espírito Santo e Minas Gerais). Participaram do encontro 20 seminaristas de Vitória (ES), Mariana (MG), Guanhães (MG), Itabira Coronel Fabriciano (MG), Téofilo Otoni (MG), Caratinga (MG), Leopoldina (MG), Pouso Alegre (MG), Campanha (MG) e Belo Horizonte, além da coordenação do Conselho Missionário Regional (Comire) Leste 2.

Durante o encontro, os participantes fizeram partilhas missionárias e contaram suas experiências. O secretário nacional da Pontifícia União Missionária, padre Sávio Corinaldesi, assessor do encontro, fez os seminaristas perceberem que o primeiro desafio da missão está na família. Foi unânime entre os partipantes que, de fato, as famílias estão fragmentadas, ademais, vivem um pluralismo religioso familiar, que, por sua vez, tem como consequência a desunião.

“Devemos em primeiro lugar identificar os valores evangélicos, os quais são universais, diferente dos ritos”, disse o assessor. Foi identificado um grande crescimento de outras igrejas e a Católica já não é mais a única referência nas cidades. “Na atual sociedade vivemos a passagem da homogeneidade para a diversidade religiosa, que, por sua vez, propõe uma diversidade de caminhos que, na maioria das vezes, nos levam a vielas sem saída, igualmente, os líderes mais afastam do que atraem”, comentou padre Sávio.

Outro ponto bastante tocado pelo assessor foi com relação ao desafio de se colocar perante o outro como aquele que serve e quer descobrir a verdade, a salvação. Ainda foi lembrado que a salvação é a capacidade de se colocar diante do outro com respeito, o qual produz admiração. “Ora, quem admira não mata, acolher, pois o ato de matar o outro começa em nós mesmos, em nossa mente e em nosso coração. Devemos, portanto, olhar para o outro a partir do que ele pode ser e não do que ele aparenta ser”.

Padre Sávio, com base no Documento de Aparecida (DAp), convocou os seminaristas a ir ao encontro do outro, se colocar no lugar dele. “Devemos ir até a outra margem, nos lembra o DAp, esta margem é o lugar onde ninguém experimentou ou conheceu o Cristo, para ser nesta realidade a Boa Notícia, encontrar-se com Deus no desconhecido”, pontuou.

Mundo secular e pluricultural

formise2De acordo com o assessor, o diálogo é o melhor caminho para trilhar na diversidade religiosa que vivemos hoje. “Neste mundo, a saída é o diálogo, pois este é sempre necessário”, sintetizou. Citou ainda o mundo tecnológico, como um espaço que deve ser abraçado pelos missionários. “O mundo contemporâneo é também tecnológico e outro desafio dos missionários é integrar tecnologia e amor, pois há um avanço tecnológico de um lado, mas fome, guerra, destruição de outro”, sublinhou. Completou apontando o amor como o caminho para a paz e comunhão de todos. “O sonho deve ser comum e este consiste em tornar o mundo do meu semelhante melhor. Para isto, não devemos jamais desistir do amo, para que a partir do nosso gesto de amor o mundo pluralista, secularizado e sofredor, seja melhor, tudo para glória de Deus”.

Ainda sobre a sociedade secularizada que assistimos nos dias atuais, padre Sávio exortou os seminaristas a perceberem que os símbolos religiosos estão caindo no esquecimento e dando lugar aos símbolos capitalistas. Citou o exemplo do presépio. “Tristemente estamos caindo nesta ideologia, o presépio, por exemplo, não é o símbolo mais importante nas igrejas, mas a árvore de Natal. Esta sociedade faz de Deus um devedor, estamos comprando Deus”. Ele deu mais dois exemplos que caracterizam bem o momento por que passamos. “O charlatanismo e a teologia da prosperidade”. Fez ainda um questionamento. “Nós também não brincamos com Deus, no sentido que este tem que fazer nossa vontade (magia), sendo que nós é que devemos fazer a vontade de Deus (religião)?”.

Para sair das dificuldades impostas pelo mundo secularizado, o assessor do Formise chamou a atenção dos participantes para inovar nos trabalhos pastorais, criar e recriar modos novos de enfrentar os problemas, não planejar e nem executar o espírito empresarial, mas a partir do Espírito Santo. “Para que esta prática seja eficaz e autêntica, é preciso enfrentar o desafio de evangelizar o evangelizador, ou seja, permanecer constantemente destinatário do Evangelho, procurar Cristo onde ele está, ser hóspede, ser solidário nas alegria e na dor, fazer pensar a partir do anúncio, desmistificar as falsas imagens de Deus, por fim, respeitar a diversidade eclesial (At 15, 19)”.

Os Conselhos Missionários de Seminaristas

Por fim, os participantes realizaram uma partilha das discussões entre as dioceses, com testemunhos missionários, com o objetivo de apresentar os trabalhos realizados pelo Conselho Missionário dos Seminaristas (Comise) de cada diocese. Padre Sávio também abordou sobre a criação do Comise e seus objetivos. “A função do Comise é atentar-se para uma formação mais holística, ou seja, que se abra para o mundo e suas dificuldades, tendo em vista a dimensão missionária, para isso, é necessário que saiamos dos muros das faculdades, universidades e, sobretudo, dos muros das dioceses, sem perder o vínculo de filhos da mesma diocese”.

Segundo padre Sávio, é objetivo também dos Comises, é investir em livros voltados para a missão, revistas, entre outros; dedicando a missão por toda a vida. O bispo é o primeiro animador das vocações missionárias das dioceses, ensinando os futuros padres que eles são padres para o mundo. “É de responsabilidade do Comise animar a formação, o espírito missionário e a espiritualidade apostólica aberta também aos horizontes missionários, onde estão em jogo os grandes destinos da humanidade em vista do plano da redenção”, disse.

Padre Sávio ainda reservou um momento para falar do 3º Congresso Missionário Nacional que irá acontecer em Palmas (TO) entre os dias 12 e 15 de julho, próximos.

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