Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul
Prezados diocesanos. Costumamos chamar outubro como mês missionário. Somos convocados a estar em permanente estado de missão. Mas a Igreja também valoriza a Missão ad Gentes, aquela em que pessoas se dirigem para terras mais distantes, onde a Palavra de Deus ainda não foi anunciada ou há carência de evangelizadores. Hoje nos fala uma missionária gaúcha, em Moçambique. Partilhando sua experiência, escreve:
“Estimados padres, leigas e leigos, o desejo de uma Igreja em Saída é que nos une. Me chamo Victória Holzbach e sou leiga missionária, enviada pela Arquidiocese de Passo Fundo e pelo Regional Sul 3 para Moma, no norte de Moçambique… A Igreja Católica do Rio Grande do Sul mantém, há 24 anos, este projeto de apoio à Arquidiocese de Nampula, em Moçambique. A pequena vila de Moma, no litoral leste da África, é nossa casa, centro da missão, que acolhe a equipe missionária composta por mim e pelos padres Domingos Rodrigues (Diocese de Bagé), Atílio Zatycko (Diocese de Cachoeira do Sul) e Luiz Alves (Diocese de Itabuna – BA). Daqui nos deslocamos para mais de 150 comunidades nas duas paróquias que atendemos. Algumas destas comunidades se distanciam até 110km de nossa casa, em estradas precárias cortadas por rios e matos. Ainda há comunidades em que só é possível chegar com Bicicleta ou passo a passo. Mas estes caminhos desafiadores também complementam a nossa alegria na missão.
Aqui, o nosso projeto missionário também se preocupa em ir além do atendimento religioso e sacramental. Atentos à realidade social do povo local, desenvolvemos alguns projetos sociais na Vila de Moma, como uma Biblioteca Comunitária, uma Associação de Fotocopiadoras, um projeto de alfabetização e reforço escolar para crianças e adultos, acompanhamento nutricional para recém-nascidos e produção e distribuição de remédios naturais.
Nossos dias têm tudo, menos rotina. Muitas vezes fazemos planos para o dia seguinte, que são alterados por inúmeros motivos. Ou falta energia, ou o carro estraga, ou surge alguém que precisa de ajuda, ou chove muito e bloqueia a estrada.
Sempre acreditei muito mais no coração das pessoas do que naquilo que aparentam ser. Por isso a simplicidade daqui me encanta. É um país pobre, com pessoas pobres, em sua maioria camponeses… São todos muito humildes e desprovidos até do básico para viver, o que faz com que qualquer coisa pequena seja sinal de alegria. Isso torna a vida muito mais simples, porque nos faz perceber o que é realmente essencial… As crianças que vão à escola são poucas e as motivações para irem menores ainda.
As alegrias, desafios e esperanças da missão nos movem e nos fazem seguir caminhando. Neste caminho, esperamos não estar sozinhos. Contamos sempre com as orações daqueles que fogem de uma Igreja tranquila e sonham e lutam por uma Igreja missionária, que arrisca se acidentar para ir ao encontro de suas ovelhas.
Esta construção acontece também através de gestos concretos pela missão, expressos, entre outras formas, na Coleta de Pentecostes (da Igreja do RS para Moçambique)… Seguimos juntos, em ação missionária pela vida e pelo novo mundo que acreditamos”.
Oremos e apoiemos de outras formas as missões da Igreja.