Palestina: campo de concentração

Faixa de Gaza tornou-se palco de expectação dos povos. Chefes de Estado, incluindo o Brasil, organizações, instituições, grupos compostos das mais variadas representações, clamam pelo fim dos conflitos violentos que destroem famílias inteiras. Além das famílias, os ataques intermitentes destroem sonhos da solidariedade fraterna, que deve ser efetivada pelo desenvolvimento de todos, pois se trata de raças genuinamente coirmãs e afins. O mundo todo protesta contra as formas vis de devastação que pulveriza as esperanças lidas no desespero dos rostos de crianças.

Uma dor calou fundo no peito da gente ao ver pelos jornais rostos dessas crianças em prantos, agarradas ao pai ou à mãe, na tentativa de protegê-las contra a desgraça vivida em toda a sua crueldade. Por mais empedernido que fosse nosso coração, não há quem suporte olhar para essas cenas de dor sem se desmanchar em lágrimas de compaixão. Corações envelhecidos na hipocrisia desmascaram-se ante a falsidade da guerra fratricida, conspirada diabolicamente para tornar a vida feia e ruim.

Choca-nos, ainda, confrontar o clamor mundial pelo fim dos ataques fratricidas, com a posição assumida pela ONU. Estática, estrategicamente silenciosa. Tal posição está mais para a omissão covarde do que pela organização subsidiária dos povos, missão que a identificava antes. A ONU esboçou um miado medroso, evitando ressoar sonoro o brado pela imediata reconciliação dos beligerantes e pela superação dos conflitos. A verdade é que Israel quer, a todo custo, eliminar o grupo islâmico “Hammas”, acusado de constantes ataques terroristas.

Choca-nos ter que presenciar povos irmãos que se alimentam e ainda acumulam por séculos tanto ódio e sentimentos de vingança. Sequer conseguiríamos qualquer explicação para o ódio destrutivo. As dimensões da fé, da experiência, do bom senso, da sabedoria popular, indicam a libertação do ódio, superado constantemente por atitudes de fraternidade. A sanha tentadora do domínio fascina. Será sempre a tentação do inimigo que promete o que não dá e ainda tira da gente a paz de espírito.

Ora, nos rumos naturais da vida, Deus oferece espaço para todos os seus filhos e filhas. Diferentes, porém, não discriminados nem excluídos do banquete da vida. Juntos, nós somos mais e, por isso, podemos nos ajudar mais. Por que é tão difícil para o espírito humano compreender isso? Como admitir que o nome de Deus possa ser invocado para açodar povos inteiros à revanche, à desforra, enfim, a usar as armas do inimigo recrudescendo a violência e todas as suas estruturas perversas?

Dom Aldo Di Cillo Pagotto

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