Presidente do Grupo Esquel Brasil enaltece a força do trabalho voluntário na Igreja Católica

O diretor presidente da Fundação Grupo Esquel Brasil (FGEB), Silvio Sant’Ana. Foto: Comunicação CNBB

O diretor presidente da Fundação Grupo Esquel Brasil (FGEB), Silvio Sant’Ana, publicou artigo que fala do tamanho da força de trabalho voluntário no Brasil. No artigo, o autor que e dirige programas de combate à pobreza rural e desertificação, de promoção do desenvolvimento sustentável e de atendimento a criança pequena elogiou a atuação da Pastoral da Criança, classificada como boa organização na gestão de recursos públicos.

No Brasil, destaca Silvio, o trabalho voluntário é exercido por cerca 8 milhões de pessoas trabalhando solidariamente com a população em todos os rincões do País, quase sempre com extrema dificuldade, com baixo reconhecimento e as vezes muita incompreensão. O autor destaca que, neste conjunto, a contribuição da Igreja Católica é imensa.

Pesquisa sobre a ação social da Igreja identificou que as Pastorais e Obras Sociais da Igreja Católica (sem considerar escolas e hospitais), oferecem um voluntariado de mais de 400.000 pessoas, disseminado em cada rincão do País, atendendo demandas sociais – de múltiplos tipos, de 44 milhões de brasileiros.

“A contribuição dos voluntários – em tempo de trabalho equivalente a um servidor público; significa R$ 2,6 bilhões em contribuições financeiras, sem contar com as doações da tradicional “Campanha da Fraternidade”, que alcançam R$144 milhões. Junto com as contribuições das ordens religiosas, a contribuição global da Igreja atinge, em valores atuais, R$3,4 bilhões/ano. É, sem dúvida, uma inequívoca demonstração da força transformadora das comunidades e suas lideranças”, reforçou. Leia o artigo na íntegra.

O poder das comunidades

Até muito recentemente, as organizações da sociedade civil OSC (associações, pastorais sociais, institutos, fundações) têm sido acusadas de múltiplos crimes, principalmente por lideranças políticas. Na maioria das vezes, sem provas ou com denúncias e meras suspeitas. No entanto, mesmo os detratores (acusadores), sempre tentam amenizar suas denúncias afirmando a existência de “boas entidades”; entre estas “boas entidades”, o nome da Pastoral da Criança é sempre citado.

No entanto, se somarmos todas as acusações (não as condenações, que são mínimas) contra as entidades nos últimos 20 anos, veremos que o eventual desvio de atuação das entidades é infinitamente menor do que os desvios observados anualmente nos aparelhos de Estado (dos três poderes) e até mesmo nas empresas privadas.

No cotidiano, milhares de pequenas entidades (quase 90% das entidades) – com maior ou menor eficiência – trabalham de forma anônima, discreta, em favor de suas comunidades. E, quase nunca, reconhecidas ou valorizadas. São milhões de pessoas empregadas e voluntárias.

O Mapa das OSC do IPEA sinaliza que 90% destas pequenas organizações são baseadas em trabalhos voluntários. Descontados os empregados em grandes instituições de educação e saúde, mais de 1 milhão de empregados estão em contato direto com a população. Ademais, o IBGE (PNAD) identificou, no conjunto da população brasileira, mais de 7,2 milhões de voluntários. Destes, 5,7 milhões se voluntariam em organizações religiosas. A maioria dos trabalhadores e voluntários (mais de 60%), são mulheres.

Em condições normais temos então pelo menos 8 milhões de pessoas trabalhando solidariamente com a população em todos os rincões do País, quase sempre com extrema dificuldade, com baixo reconhecimento e as vezes muita incompreensão. Neste conjunto, a contribuição da Igreja Católica é imensa. Pesquisa sobre a ação social da Igreja identificou que as Pastorais e Obras Sociais da Igreja Católica (sem considerar escolas e hospitais), oferecem um voluntariado de mais de 400.000 pessoas, disseminado em cada rincão do País, atendendo demandas sociais – de múltiplos tipos, de 44 milhões de brasileiros.

A contribuição dos voluntários – em tempo de trabalho equivalente a um servidor público; significa R$ 2,6 bilhões em contribuições financeiras, sem contar com as doações da tradicional “Campanha da Fraternidade”, que alcançam R$144 milhões. Junto com as contribuições das ordens religiosas, a contribuição global da Igreja atinge, em valores atuais, R$3,4 bilhões/ano. É, sem dúvida, uma inequívoca demonstração da força transformadora das comunidades e suas lideranças.

Nesta pandemia, o papel destas organizações foi ampliado de forma extraordinária. Por estarem localizadas e servindo diretamente as comunidades, estão sendo essenciais para garantir às populações mais vulneráveis acesso a informação, benefícios de auxílios emergenciais, alimentos, equipamentos de proteção individual e até mesmo apoio emocional. Entidades que operam normalmente com diferentes finalidades e objetivos, na pandemia, se juntaram para captar doações e garantir estes acessos.

Pouco ou nenhum apoio financeiro receberam dos governos; buscaram este apoio na própria comunidade (sociedade). Se estima que empresas e pessoas físicas doaram (em dinheiro e bens) mais de 6 bilhões de reais para esta luta solidária e fraterna pela sobrevivência. Se contarmos iniciativas individuais de famílias e amigos dos líderes destas entidades, este valor seria seguramente duplicado.

E algo notável parece estar se repetindo: pesquisas conduzidas por associações de moradores de favelas do Rio de Janeiro indicam que são as famílias mais pobres que (proporcionalmente à suas rendas) mais contribuem para o atendimento. É a manifestação mais clara da fraternidade e da solidariedade cristãs.

Em muitíssimo casos e situações, onde aparelhos de governos não conseguem ou não desejam atuar, são elas que estão garantindo a manutenção da vida.

Silvio R. Sant’Ana
Diretor presidente da Fundação Grupo Esquel Brasil (FGEB)

Conheça a pesquisa citada pelo diretor presidente da Fundação Grupo Esquel Brasil:

Pesquisa CNBB: Igreja no Brasil tem exército de caridade dedicado a ações sociais

 

 

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