Sempre é tempo de missão

A afirmação da Conferência de Aparecida de que estamos em estado de missão permanente pouco a pouco vai entrando não só nas idéias e nos escritos, mas também na vida e realidade de nossas comunidades. Esta realidade permanente da Igreja já resultou em belos frutos no passado – agora é retomada com ênfase nestes novos tempos de tantas mudanças.

Uma das grandes preocupações era que muitos fizessem grandes tratados sobre a V Conferência e com o aprofundamento das discussões sobre o estilo, falhas, omissões, correções do documento ficássemos com mais um belo texto, fruto de uma linda história, mas que não levou à transformação de atitudes.

Sabemos que é a ação do Espírito Santo em nossas vidas que transforma os corações, e para isso rezamos sempre, mas muitas motivações podem vir de palestras, escritos, filmes, conversas. Aparecida olhou para o futuro em mudança da sociedade e incentivou-nos a avançarmos para as águas mais profundas e sem medo da urbanização, secularismo, individualismos hodiernos.

Na célebre frase de Paulo VI na “Evangelii Nuntiandi” ecoa a necessidade de sempre: “o mundo escuta muito mais as testemunhas que os mestres, e se escuta os mestres, é porque são testemunhas!”.

Nestes dias de julho, em visita pastoral à Paróquia das ilhas de nossa Arquidiocese, vi com muita alegria que aos poucos a palavra escrita em Aparecida se torna realidade através de tantas atitudes que vamos anotando.

O principal testemunho é a vida das pessoas que, com coerência procuram viver radicalmente a vida cristã em todos os seus ambientes e, além disso, tomam as iniciativas para trabalhos específicos de concretos de evangelização.

Vi também, com muito contentamento, o trabalho de evangelização de uma irmã de uma comunidade de uma das ilhas, que percorre 4 horas de bicicleta para chegar à outra comunidade carente de líderes e passar a manhã toda partilhando das reflexões e catequese com aquelas pessoas, e o faz com alegria, mesmo enfrentando chuva e dificuldades.

O trabalho realizado nas ilhas durante estas férias de verão (aqui no Norte) com a evangelização e o trabalho do “verão radical” procurando atender e chegar às pessoas que estão em veraneio.

A resposta que um movimento de espiritualidade está dando ao apelo do Bispo do Marajó através do “Projeto Amazônia” – Missão Marajó – já começou e várias pessoas iniciaram trabalhando nessa região tão necessitada de missionários que, com espírito renovado, anunciam, se comprometem, ajudam na transformação dessa ilha.

Outro movimento está concluindo neste final de mês mais um trabalho do “Projeto Amazônia”, partilhando suas vidas em Cerejeiras, Vilhena (RO), Porto Velho (RO), Rio Branco (AC), Humaitá (AM), Santarém (PA) e Curupaiti (PA). Visitas, celebrações, encontros têm ajudado o povo dessas cidades a encontrar em Cristo a sua Vida e Luz.

Agora chegou a notícia de que um grupo de uma Diocese de São Paulo virá às nossas ilhas neste próximo mês de agosto para um trabalho de missão: 40 pessoas que, juntamente com os nossos missionários, querem anunciar a boa notícia no compromisso com o nosso povo.

Quando ainda estava no Regional Sul 1, como Bispo Diocesano, lembro-me muito dos trabalhos missionários de padres, seminaristas, religiosos e leigos que enviamos para a Região Norte para trabalhos missionários. Quanto bem eles fizeram ao povo para onde foram enviados, e quanto bem deixaram pelo exemplo às suas comunidades de onde saíram.

Quantos exemplos e sinais nós poderíamos permanecer contemplando! Quantas situações bonitas de trabalho evangelizador que leva vida nova para as pessoas e conseqüentemente para o mundo! São inumeráveis essas situações, e muitos poderiam continuar contando muitas belas histórias sobre o assunto.

Assim poderia continuar enumerando muitos outros fatos daqui por perto em nossa região metropolitana – recordo-me com muito carinho do casal que, no final de uma celebração, com alegria, veio compartilhar comigo o seu trabalho missionário em seu bairro, ou mesmo de outros tantos grupos e comunidades que todas as semanas visitam as famílias, levando uma notícia alegre da salvação. O nosso sonho que a “rede de comunidades” possa, além das reuniões semanais possa também ser uma fonte de missionários que irradiem a alegria de ser cristão na região em torno estão presentes.

Temos também os grupos mais organizados que fazem esse trabalho de anúncio da Boa Nova, de compartilhar a vida com as pessoas, de catequese e aprofundamento da fé e, em especial, o projeto “Belém em Missão”, que quer aprofundar esse espírito missionário em preparação aos 400 anos do início da evangelização em nossas terras.

Vemos ainda muitos sinais entre os diáconos e padres, consagrados e consagradas das novas comunidades, em grupos vários que, vivenciando a unidade paroquial, saem para pregar o Evangelho da Vida para todos.

A Igreja sempre foi e sempre deverá ser missionária! A nossa missão é evangelizar! Junto com a tradição das missões trazidas por tantas e beneméritas congregações religiosas, masculinas e femininas, vemos com muita alegria que há algo novo no ar: todo povo se descobre discípulo missionário de Jesus Cristo e que é chamado a uma missão permanente.

Cada vez mais me encanto com o nosso querido povo e com a profética Conferência de Aparecida! O Espírito Santo nos iluminou e colocou nos corações a missionariedade e o entusiasmo em anunciar a vida em plenitude.

Que todos tenhamos olhos para ver e ouvidos para ouvir o que o Espírito Santo está realizando no meio de nós – que possamos continuar respondendo o nosso generoso “Fiat” de Maria! Aqui estou, Senhor, envia-me!

Dom Orani João Tempesta

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