Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
“Sua mãe disse aos que estavam servindo: “Fazei o que ele vos disser” (Jo 2,5)”
Celebramos com júbilo e festividade, a Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. A pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição foi encontrada por pescadores, em 1717, nas águas do Rio Paraíba, onde se tornou objeto de grande devoção do povo brasileiro. O apelido popular dado à imagem é “Nossa Senhora Aparecida” onde é venerada por todo o Brasil devido a sua fiel intercessão àqueles que a buscam por milagres de seu Filho Jesus Cristo.
A Primeira Leitura, extraída do Livro do Ester (cf. Est 5,1b-2; 7,2b-3), demonstra a rainha Ester intercedendo em favor do seu povo. Maria é comparada a Rainha Ester, onde intercede pela salvação do povo, àquela que perpassa todos os momentos da história da libertação do Povo de Deus, afinal “Com Maria, somos Povo de Deus, unido pela aliança.”. Assim, Maria como fiel intercessora, aquela que acompanha o Povo de Deus, também suplica a benevolência ao seu povo, pois qual mãe que não entrega a sua vida pelos seus filhos?! Portanto, Maria também expressa juntamente com a Rainha Ester: “Se ganhei as tuas boas graças, ó rei, e se for de teu agrado, concede-me a vida – eis o meu pedido! – e a vida do meu povo – eis o meu desejo!” (cf. Est 5,3).
A Segunda Leitura, extraída do Livro do Apocalipse de São João (cf. Ap12,1.5.13a.15-16a), nos traz uma dualidade de interpretação deste belíssimo texto, em que primeira interpretação traz o nascimento da Igreja, com a centralidade o Cristo, o Filho; as doze estrelas, os apóstolos; a mulher, a Igreja Primitiva; e o dragão que simboliza a perseguição dos primeiros cristãos. Fato é, que o autor sagrado traz este texto como sinal de esperança para todos, principalmente, para aqueles que iniciaram o caminho da Igreja e para nós que continuamos a vivenciar este caminho. A segunda interpretação é voltada para a figura da Virgem Maria, a Nova Arca da Aliança, o Primeiro Tabernáculo, vivenciou as “dores” da perseguição ao seu Filho, Jesus. Mas nunca deixou de ser o sinal de Esperança. Como visto, “a aplicação deste trecho à Virgem Maria tem um fundamento tradicional. Santo Agostinho e São Bernardo viram na mulher do Apocalipse o símbolo de Maria, afinal todos os textos escriturísticos que serem ao mistério da Igreja podem ser aplicados à Virgem Maria, enquanto o verdadeiro mistério dessa se insere no mistério da Igreja, ao mesmo tempo que o ilumina, como lembrou o Concílio Vaticano II” (cf. Missal Dominical – Missal da Assembleia Cristã).
O Evangelho de João (cf. Jo 2,1-11), traz a Bodas de Caná, onde inicia os sinais de Jesus para a manifestação de sua glória. A transformação da água em vinho, foi dada através intercessão de Maria – “Sua mãe disse aos que estavam servindo: ‘Fazei o que ele vos disser’” (cf. Jo 2,5). Assim, Maria intercedendo a Jesus demonstra sua preocupação maternal aos todos os seus filhos, Filhos da Nova Aliança, onde através da obediência e do cumprimento do chamado de Deus, tem como graça o atendimento de suas preces através de intercessão.
Portanto, que possamos confiar na fiel intercessão de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Rainha e Padroeira do Brasil! E mais ainda, “feliz quem faz e pensa bem do jeito de Maria, que jamais hesitou em obedecer ao Senhor. Feliz quem obedece à Igreja e a respeita, em seus legítimos Pastores, pois andará no caminho do Reino. Somos o Povo da Nova Aliança, ó Maria, somos a Igreja do século agora, que nos faz penetrar na história, como fez Jesus em seu tempo” (cf. fragmento da Oração Realização da Aliança – 9º dia da Novena).
Saudações em Cristo!