Videira, ramos e agricultor

Dom Caetano Ferrari
Diocese de Bauru (SP)

Neste quinto domingo da Páscoa o Evangelho da santa Missa é de João 15,1-8 que relata Jesus falando mais uma vez a seus discípulos em discurso interpretado pelos biblistas como “Discurso de Despedia” antes de voltar ao Pai. E, como sempre o fazia para ser bem compreendido, usando imagens e figuras, falava nesta vez se utilizando da comparação com a videira, os ramos e o agricultor a fim de transmitir mensagem importante.

Jesus mesmo se apresenta como videira verdadeira, vós sois os ramos e o Pai é o agricultor. Em outras palavras, nesta ou desta videira Jesus é o tronco, o povo de Deus são os ramos e o agricultor é o próprio Deus. Jesus tira dessa comparação o que, segundo Ele, é importante que tenhamos presente na nossa vida. Duas ideias sobressaem: permanecer ligado a Jesus e produzir frutos.

Jesus diz: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós”. O ramo unido ao seu tronco recebe dele a seiva da vida que o sustenta vivo e capacitado a produzir fruto. Assim o discípulo necessita estar vitalmente unido a Jesus para receber a seiva da graça divina que vem dele, a qual, primeiramente, o sustenta cheio de vigor vital, não seca nem morre. Conclusão para nós: Sem Jesus não podemos nem ser nem existir nem viver, ao contrário tornar-nos-emos folhas secas e mortas.

Depois, Jesus diz ainda aos discípulos: “Se não permanecerdes em mim, vós não podereis produzir frutos, assim como o ramo não pode dar fruto por si mesmo”. Por conseguinte, também nós não poderemos produzir os frutos do Reino, frutos de justiça, paz e bem, se não permanecermos em Jesus e Jesus em nós. Jesus, com palavras definitivas, afirma categoricamente: “Sem mim nada podeis fazer”.

E Jesus acrescenta, dizendo: “Meu Pai é o agricultor”. O Pai ama a videira, cuida dela e o que mais deseja é que produza frutos. O Criador ama as suas criaturas e para todas destina uma missão. A missão da videira é produzir uvas, boas uvas, de cepas variadas, cores, odores e sabores diversos, para alimento e produção de vinhos generosos com o objetivo inclusive de “alegrar o coração de homens e mulheres”. Por isso, Jesus explica que o Pai, que é o agricultor, “corta todo ramo que nele não dá frutos; e ele limpa e poda todo ramo que dá fruto, para que dê mais fruto ainda”. Os ramos secos, porém, são recolhidos, lançados no fogo e queimados. Aplicando aos discípulos, todo o que não permanecer em Cristo secará e tal como todo ramo seco será lançado fora, pois para nada mais serve senão para ser queimado. Jesus, que se dirigiu aos discípulos de ontem, dirige-se aos de hoje com esta mesma chamada: “Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado”. E, por fim, conclui este seu segundo Discurso de Despedida, acrescentado: “Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos”.

Se permitirmos que a Palavra de Deus na mensagem do Evangelho de hoje permaneça em nós, então, viveremos unidos a Jesus como ramos à videira, seremos qual ramos limpos e podados pelo Pai para produzir frutos de louvor e glorificação de Deus e de abundantes bens para nós e para todos os outros.

Supliquemos a Deus que a nossa Igreja viva em paz e produza o bom fruto da paz, progredindo no temor do Senhor e crescendo em número com a ajuda do Espírito Santo, como nos primórdios da missão, conforme nos relatam os Atos dos Apóstolos que estão sendo lidos também nas Missas deste Tempo Pascal.

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