Viva os leigos e leigas

Dom Orlando Brandes

O último domingo do ano litúrgico é dia de Cristo rei e dos leigos. Todos na Igreja estamos a serviço do reino de Deus revelado por Jesus. Vamos refletir sobre nossos leigos e leigas que em nome da Igreja, servem o reino.

  1. Leigo é todo cristão batizado. São membros da Igreja, incorporados em Cristo. Pelo batismo se tornam: sacerdotes, profetas e pastores. Assumem ministérios na Igreja pela força dos sacramentos do batismo, da crisma e do matrimônio.
  2. Os leigos não são fiéis de “segunda categoria”. Na Igreja eles têm cidadania própria e gozam da mesma e comum dignidade própria dos cristãos batizados. Somos, na Igreja, todos iguais em dignidade, somos irmãos, somos família. Diferentes e diversas são as funções.
  3. Os leigos não são: coroinhas do padre, nem arrecadadores da coleta no ofertório, nem apenas suplentes do sacerdote, nem mini padres. São cristãos, discípulos, cidadãos e membros do povo de Deus, formam o corpo de Cristo que é a Igreja. Sem os leigos a Igreja é uma cabeça sem o corpo, ou seja, uma anomalia. Cabeça e membros formam o corpo.
  4. Os leigos assumem ministérios, serviços, responsabilidades na Igreja e no mundo. Antes de tudo, cabe aos leigos atuar no mundo, nas realidades terrestres, na economia, na política, enfim, nas estruturas da sociedade. São sal da terra, luz do mundo, fermento na massa. Temos muitos ministérios no âmbito eclesial, precisamos criar e pensar ministérios para fora da Igreja, no mundo.
  5. Os leigos e leigas tem carismas diferentes. Temos leigos da submissão, da contestação e da transformação. Os da submissão, preferem trabalhar no âmbito da Igreja e corresponder à vocação e às responsabilidades que lhes foram conferidas. Os leigos da contestação, na boa fé, assumem posições proféticas, radicais, geram polêmicas e divisões. Querem mudanças e lutam por novos ministérios. Os leigos da transformação estão mais na linha da evangelização da sociedade. Sabem unir fé e vida, oração e ação, em vista de um mundo novo e diferente.
  6. O perfil dos leigos está se diversificando cada vez mais. Temos leigos teólogos, leigos cursando a teologia, leigos testemunhas e mestres de espiritualidade, leigos peritos em ciências e pregadores de cursos e retiros, que colaboram para que o rosto da Igreja seja mais resplandecente.
  7. É urgente a preparação de leigos para militância política. Vem aí a nossa “Escola de Fé e Doutrina Social da Igreja”. Não basta reclamar da política, melhor é preparar homens e mulheres que com “amor político” cumpram sua missão no âmbito da política. É preciso “comunhão e participação” em todos os setores da Igreja. O perfil mariano da Igreja é um dos fundamentos da teologia sobre os leigos, porque Maria, mulher de fé, santa, profética no cântico do Magnificat, nos mostra que os “primeiros no reino dos céus não são os ministros, mas, os santos” (Paulo VI). Temos em Maria, o mais acabado ícone de como deve ser o leigo na Igreja e no mundo.
  8. Francisco de Assis foi um leigo, como tantos outros santos e santas. “Vai, Francisco, e reconstrói a minha Igreja”. Na Igreja, povo de Deus, os leigos são as pedras, os tijolos do edifício, do qual Cristo é o fundamento e os apóstolos as colunas. O leigo de perfil mais sacerdotal tem o dom de agir mais no seio da Igreja e santificá-la com seu testemunho e oração. O leigo profeta é chamado à transformação da sociedade assumindo posições proféticas na Igreja e no mundo, muitas vezes até ao martírio, seu espaço São as pastorais sociais. Os leigos pastores, são os de índole missionária, evangelizadora, apostólica, ou seja, discípulos missionários. Todos os leigos e leigas são, pelo batismo, sacerdotes, profetas, pastores mas o enfoque pode ser para uns mais na linha sacerdotal, para outros, na ótica profética e missionária. Todos estão a serviço do reino, rumo à santidade.
  9. Os leigos chamados à vocação universal à santidade, santificam-se no cotidiano de sua vida. Seus altares são o fogão, a vassoura, o volante, o trator etc. toda a ação pastoral tem seu ponto mais alto na santificação da Igreja e do mundo. A meta última da pastoral é a santidade. Os leigos com sua ação santificam o mundo.

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