Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

Muito perto do dia da criança, a sociedade civil comemora uma data significativa em defesa da vida humana: o dia do nascituro. Nenhuma espécie pode sobreviver se não se respeitam seus ciclos de reprodução, suas nascentes; a sociedade humana mais ainda depende para seu futuro e desenvolvimento integral do reconhecimento da inviolabilidade da vida humana.

Não existirá nunca convivência democrática e inclusiva se, já no início, cerceamos o direito fundamental da cidadania do qual se depreendem todos os demais: o direito a existir e nascer. Quando desconhecemos o estatuto do embrião humano, negando a ele personalidade e subjetividade, estamos colocando em risco a própria civilização, investindo na barbárie dos antigos que eliminavam os nascituros que apresentavam algum defeito.

A aliança pela vida e pela veneração a toda criatura, como dom de Deus, nos leva a dirigir nosso olhar de gratidão para cada criança que nasce. Junto a um nascituro vemos nele a confiança que Deus deposita em nós, a esperança de uma humanidade renovada, porque visitada pelo céu. A violência nefanda com a qual ceifamos a vida a um ser indefeso e inocente, atualiza um holocausto silencioso, porém não menos cruel, que abandona os valores humanos mais nobres e compassivos. Se queres paz, defende a vida, protege a vida, opta pela vida, pois quando a destruímos, estamos a alimentar e nutrir o círculo de ferro e a espiral da violência que torna nosso ambiente irrespirável e totalmente inseguro.

As diversas justificações elaboradas para referendar a prática do aborto, tem como raiz comum deslegitimar a presença e alteridade do nascituro como pessoa humana, atendendo interesses ou situações às vezes sentimentais, outras de conforto financeiro, ou de dominação imperial, chamando de interrupção da gravidez, o que os bombardeios inteligentes chamam de danos colaterais, ou seja, eliminação de vidas humanas. É necessário apostar na cultura da vida, do encontro, da reverência a todo ser humano, considerando o nascituro um presente, um dom e alguém que vem para partilhar a sua vida, o seu destino, a sua missão com toda a humanidade que fica enriquecida e enobrecida com a sua chegada.

Quando aprimorarmos o nosso cuidado, ternura e valorização, em relação ao nascituro, teremos também como um desdobramento virtuoso, o cuidado para com as pessoas portadoras de deficiência, os idosos, os pobres e o respeito à integridade do planeta. Deus seja louvado!

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