Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG) 

Muitos caminhos podem nos conduzir a Jesus Cr isto. O de maior destaque, que está nas bases da história da Igreja, é o que passa pela vida de comunidade, pelos compromissos ali assumidos e a fraternidade conquistada. Nesse contexto entendemos as CEBs, as Comunidades Eclesiais de Base. O Batismo é o Sacramento que define a identidade do cristão em comunidade missionária.

As CEBs tiveram uma história marcada por um “rosto” propriamente rural, com espírito bastante comunitário, que cumpriu uma bela missão durante muito tempo. Mas os tempos são outros e o povo agora se aglomera na cidade. O rural e o urbano se fundiram gerando uma nova realidade social, que afeta fortemente os compromissos de fé e de vida comunitária.

Nas cidades as distâncias ficaram reduzidas, mas o calor humano perdeu espaço por causa do individualismo dos últimos tempos. A impressão, numa visão nova da cultura, é que devemos reinventar as CEBs na cidade, abrindo caminhos novos, contando com a força da Palavra de Deus e o dinamismo do Espírito Santo. As relações aí não são fraternas e reina um espírito de medo.

A insegurança atual, principalmente na vida urbana, provoca passividade, descompromisso com o comunitário da fé e forma uma prática de Igreja com característica mais intimista. Igreja sem compromisso com o outro e com as necessidades locais. Então, como trabalhar CEBs hoje, seguindo os passos sugeridos pelos Intereclesiais que veem lá da década dos anos sessenta?

É o que vamos refletir nesse 14º, em Londrina, 23 a 27/01/2014, com o tema: “CEBs e os desafios no mundo urbano”, e o lema: “Eu ouvi os clamores do meu povo e desci para libertá-lo” (Ex 3,7). Nas cidades há uma espiritualidade individualista e carismática, que privilegia a intenção do coração, que não se compromete com nada e com ninguém, diferente dos objetivos das CEBs.

Além da espiritualidade cristã, as pessoas são humanas e têm que superar aquilo que as oprime e desumaniza. Devem lutar contra as injustiças e proclamar a solidariedade como grande força libertadora, enfrentando a diversidade e as dificuldades da cidade. É a descoberta do novo jeito de ser Igreja, agora com rosto mais urbano, com estilo missionário e comprometido com a vida do povo.

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