Entre os dias 14 e 18 de outubro, das 19h às 22h, foi realizado de forma virtual o 1º Seminário de Inteligência Artificial no Ensino, Pesquisa e Extensão: impactos e desafios, um evento pioneiro que reuniu especialistas, educadores e estudantes para discutir o papel crescente da Inteligência Artificial (IA) no contexto educacional.
A iniciativa foi organizada pelo Vicariato Episcopal da Arquidiocese de São Paulo e do Rio de Janeiro, pelo Setor Universidades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Pastoral Universitária do regional Sul 1 da CNBB, em parceria com instituições de ensino básico e superior.
O evento foi conduzido por dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal para Educação e Universidade e bispo referencial para Educação e Ensino Religioso no regional Sul 1 da CNBB, além de bispo referencial para o Setor Universidades da CNBB.
O evento proporcionou um espaço para reflexões sobre as oportunidades e os desafios que a IA impõe à educação em suas várias dimensões, desde o ensino até a pesquisa e extensão. Com a participação de renomados especialistas, o seminário explorou como essa inovação pode ser integrada ao ambiente educacional, quais os impactos diretos na formação de estudantes e como ela transforma a prática docente.
Programação
O primeiro dia contou com a participação de dois grandes nomes: o sacerdote italiano Alberto Carrara, decano da Pontifícia Universidade Regina Apostolorum/ Roma e membro da Pontifícia Academia para a Vida da Santa Sé, e o professor emérito da USP, José Moran. Eles abordaram temas fundamentais como: transparência, inclusão, projetos educacionais inovadores, responsabilidade civil, imparcialidade, confiabilidade, segurança e privacidade, destacando a importância de uma abordagem ética no uso da IA.
No segundo dia, uma roda de conversa trouxe valiosas contribuições com a participação do professor Diego Marihama, do Setor Universidades da CNBB; professora Alexandra Geraldini, pró-reitora da PUC-SP e professora Dora Kaufman, da PUC-SP e Colunista da Época Negócios. As discussões focaram nos usos da IA na educação, destacando suas aplicações práticas para alunos, professores e gestão escolar, além de reflexões sobre como essas tecnologias podem contribuir para melhorar o processo de ensino e aprendizagem.
O terceiro dia foi marcado pela apresentação e discussão de painéis com a participação de diversos especialistas. Entre os presentes estavam o professor Pedro Luiz Amorim Pereira (FAPCOM); professor Marcos Aurélio Marque (Faculdade Santa Marcelina); professor Patrick Pedreira Silva (UNISAGRADO); professor Felipe Cavalaro (USF); professor Marlon Tereziano (A Recreativa); professor Mario Graça (CAALA – Angola) e professor Diogo Cortiz (PUC-SP). Os painéis destacaram estudos de caso e abordagens práticas da IA em diferentes contextos e instituições acadêmicas.
No quarto dia, palestras inspiradoras de Adriana Martinelli (Bett Brasil) e Xavier Aragay (Reimagine Education): os consultores educacionais ressaltaram a importância de transformar universidades e escolas em laboratórios vivos, onde o aprendizado ocorre num diálogo constante e interativo, adaptando-se às demandas da inovação e da sociedade contemporânea.
O quinto dia trouxe discussões profundas conduzidas por três sacerdotes: padre João Paulo Silva (Setor Universidades da CNBB), padre Thiago Azevedo (Vicariato Episcopal para Educação da Arquidiocese do Rio de Janeiro) e padre Wagner Augusto Moraes dos Santos (Vicariato Episcopal para Educação da Arquidiocese do Rio de Janeiro). As reflexões exploraram o impacto da IA no cotidiano, abordando como essa tecnologia pode influenciar o ensino, a vida acadêmica e a formação cristã.
Conclusões
O seminário evidenciou que, embora a IA traga inúmeras vantagens para o setor educacional, é fundamental garantir um diálogo contínuo entre educadores, gestores e especialistas. A preparação para um uso consciente e ético da inteligência artificial, respeitando os valores humanistas e cristãos, é essencial para que seus benefícios sejam alcançados plenamente.
Com a participação ativa de professores, estudantes e pesquisadores de várias partes do Brasil e do exterior, o evento reforçou a importância de discussões que colocam a IA como uma ferramenta de transformação, mas que também exigem cautela e responsabilidade social. A expectativa é que, após o sucesso desta primeira edição, o seminário se torne uma referência anual para discutir o impacto da tecnologia na educação, promovendo o desenvolvimento de uma educação inovadora e inclusiva no país.
Padre João Paulo dos Santos Silva, do Setor Universidades da CNBB, destacou que a Igreja, nesses dois milênios de cristianismo, sempre contribuiu decisivamente para o progresso técnico e científico; e, com o advento da Inteligência Artificial não seria diferente, pois o Magistério da Igreja, sempre chamou a atenção acerca da atuação dos cristãos nos meios de comunicação social.
“A Inteligência Artificial é um instrumento poderosíssimo para a realização do bem e do mal. O enorme volume de informações disponibilizado pode ser uma perigosa fonte de dispersão, superficialidade, perda de tempo e desorientação para as pessoas. Ela pode aproximar-nos ou separar-nos. Podemos nos tornar joguetes nas mãos da mídia digital que a manipula com interesses escusos”.
Ele alega, ainda, que o mundo digital pode ser um ambiente favorável à santificação do cristão. “Ele pode ser um campo de ação para promover o que é verdadeiro, bom e belo, fomentar a justiça, a fraternidade e a paz. As pessoas que ocupam o espaço virtual precisam ser evangelizadas e inseridas no Reino de Deus. O que Evangelho tem a nos dizer sobre a Inteligência Artificial? Seus ensinamentos projetam uma luz para iluminar os caminhos da humanidade no mundo digital? Refletir sobre esses pontos torna-se fundamental nos dias de hoje, nos quais os cristãos não podem estar ausentes ou tímidos”, finaliza.
Por padre João Paulo dos Santos Silva, do Setor Universidades da CNBB. Foto: Tung Nguyen/ Pixabay