Dom Carmo João Rhoden
Bispo Emérito de Taubaté (SP)
Texto referencial: “ninguém pode servir a dois senhores… não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. (Lc 16, 12-13).
1 – Como denominarei a presente parábola? A do bom administrador aproveitador? Ou o do vivo que sempre sabe dar um jeitinho? Ou então a da advertência de Jesus em relação ao uso do dinheiro e dos bens materiais? Penso que seja mais exata a terceira hipótese. Jesus certamente não é contra a riqueza em si, mas contra a ganância e o mau uso da mesma. No fundo, só Deus é rico… pois é dono de tudo. Bastaria dar sono eterno a todos e tudo voltaria para Ele. Mas Ele foi solidário e benevolente: deu existência a todos gratuitamente, oferecendo ainda condições para que pudessem expandir-se, por isso criou os reinos: mineral, vegetal, animal e racional. Este último brindou com inteligência, amor, vontade e liberdade, confiando-lhes todo o cosmos, exigindo somente o cumprimento da lei natural, bem como dos mandamentos. Concedeu-lhes ainda, o dom da graça para a consecução dos objetivos a serem alcançados.
2 – Precisamos um dia prestar contas de nossas ações e omissões, ou seja, de nossa administração. Cabe-nos, portanto, ser responsáveis e justos, podendo até ser espertos, não porém prejudicando a outros. O que, no entanto, constatamos ao nosso redor? O emprego da lei de Gérson (levar vantagem sempre), ou então sendo membro do congresso nacional, aprovando a lei da “blindagem”. Isto certamente brada aos céus, pois os mais fracos e indefesos serão prejudicados. Terão que viver, sobrevivendo.
3 – Quem é fiel nas coisas pequenas, sê-lo-á nas grandes. Nós todos recebemos vida, saúde, inteligência, vontade, capacidade de trabalhar etc. Cabe-nos então trabalhar para bem administrar tudo que recebemos e com o suor do nosso rosto adquirir novos bens, sem nunca esquecer a lei da solidariedade, pois quem o fizer, imita a magnanimidade divina. Ouvirá então, um dia: Vem servo bom fiel, receber a coroa que já está preparada. Precisamos, então estar entre estes ouvintes.
