Nessas palavras do Dêutero‐Isaias podemos encontrar uma imagem‐síntese do 2o Congresso Missionário Nacional (2 CMN), realizado em Aparecida de 1 a 4 de maio de
2008. Esse evento, que reuniu cerca de 600 delegados e participantes de todo Brasil, aconteceu no mesmo auditório que hospedou a V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e Caribenho. Houve uma profunda interação entre as duas convocações: naquela ocasião os bispos trataram da missão no Continente; desta vez essa mesma missão estendeu‐se para o mundo inteiro, a Partir do Continente e a partir de Aparecida, além de Aparecida e além do Continente.
Os versos do profeta expressam bem essa perspectiva. São palavras cheias de esperança. A libertação do cativeiro faz surgir a expectativa de um novo tempo e de uma nova cidade redimida, onde reinam soberanas a justiça, a fraternidade e a paz entre os povos. O espaço da tenda é demasiadamente doméstico. É preciso amplia‐lo para que se torne espaço aberto a todos. É preciso preparar uma grande morada fincando as estacas, esticando as cordas e estendendo as lonas.
A Igreja é convocada a tornar‐se “morada de povos irmãos e casa dos pobres” (DA 8), “instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (LG 1), “fermento do Reino” a serviço da realização da Cidade Santa (DA 516). Para isso, Deus convoca o seu povo para um novo êxodo, para uma saída da escravidão de tantas “situações desumanas” (DA 358) e uma travessia para um outro mundo possível. Esse êxodo exige nossa conversão de cada dia para que aconteça uma ruptura, uma “contraposição à cultura dominante” (DA 540), despertando “a esperança no meio às situações mais difíceis” (DA 395), com gestos concretos (cf. DA 397), com o dom da vida (cf. DA 360) e com sinais que revelam a presença de Deus: “a vivência pessoal e comunitária das bem‐aventuranças, a evangelização dos pobres, o conhecimento e cumprimento da vontade do Pai, o martírio pela fé, o acesso de todos aos bens da criação, o perdão mútuo, sincero e fraterno, aceitando e respeitando a riqueza da pluralidade e a luta para não sucumbir à tentação e não ser escravos do mal” (DA 383).