Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
“Convertei-vos, porque o Reino dos céus está próximo”
Celebramos, nesse primeiro domingo de dezembro de 2022, o segundo do tempo do Advento. Continuamos com a Campanha para a evangelização e vivenciando o ano vocacional no Brasil. Aqui em nossa arquidiocese começamos o ano vocacional missionário. Neste domingo, acenderemos a segunda vela da coroa do Advento e, pouco a pouco, a luz vai iluminando as trevas. O tempo do Advento é curto e nos introduz pouco a pouco no mistério do Natal. Na primeira e na segunda semana do Advento, as leituras trazem mais um caráter apocalíptico, ou seja, retratam mais sobre a segunda vinda de Cristo. Na terceira e quarta semana, retratam mais sobre a primeira vinda de Jesus, que aconteceu no Natal.
O Senhor quer vir ao nosso encontro nesse tempo do Advento, temos que purificar o nosso coração para receber o Senhor, por isso, somos convidados durante esse tempo a fazermos a nossa confissão sacramental. Temos que preparar a nossa casa, também, limpando de toda sujeira, semeando a paz, o amor e a concórdia e convidados, ainda, a realizar a Novena de Natal. Aquele que veio (natal) e virá (final dos tempos) vem hoje em nossa vida – acolhamo-lo.
Durante esse tempo do Advento, somos convidados a ser como João Batista e sair pelas ruas e anunciar que o Senhor está perto. Nos dias de hoje, mais do que nunca é necessário anunciar o amor de Deus. Temos que começar a mudança a partir de nós mesmos e sair para evangelizar os outros. Prepararemos para receber o Senhor que virá, coloquemos em prática aquilo que o tempo do Advento nos pede: “vigiai e orai”.
A primeira leitura da missa desse domingo é do profeta Isaías (Is 11, 1-10). O profeta nessa leitura prevê tempos de paz para Israel e que da haste do tronco de Jessé, surgirá o rebento de uma flor. Esse rebento de flor que surgirá é o Messias quer nasceria para trazer a paz a Israel. O Espírito do Senhor estará com Ele e anunciará a justiça que vem de Deus. Chegará um dia em que todos os povos acorrerão à raiz de Jessé que se erguerá como sinal entre os povos, do mesmo modo que Moisés ergueu a serpente de bronze no deserto. A cruz de Cristo será o sinal de salvação para todos os povos e elevada acima das montanhas. A cruz de Cristo não é sinal de derrota, mas pelo contrário, sinal de vitória e aliança eterna.
O salmo responsorial é o 71 (72) e o refrão é de fato uma resposta à primeira leitura e vai ao encontro com o que diz o profeta Isaías. O refrão do salmo diz: “Nos seus dias a justiça florirá, e grande paz há de haver eternamente”. O Messias virá para selar uma nova e eterna aliança entre Deus e a humanidade e a paz entre todos os povos. O Messias é aquele que todos os povos esperavam, para cumprir aquilo que Deus havia prometido.
A segunda leitura desse domingo é da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 15, 4-9). São Paulo orienta a comunidade para se manterem unidos, do mesmo que Jesus instruiu. Deve haver paz e concórdia entre os membros da comunidade, pois o mundo já tem tantas guerras e perseguições e entre os cristãos não deve ser assim. A comunidade deveria acolher com misericórdia, inclusive, os pagãos recém-convertidos. A comunidade ainda vivia a perseguição por parte do império romano e muitos cristãos eram presos e mortos, por isso, São Paulo alerta que entre eles deve ser diferente.
O evangelho desse domingo é de São Mateus (Mt 3, 1-12). Mateus fala a respeito de João Batista. João Batista era primo de Jesus, filho de Zacarias e Isabel. Maria, após o anúncio do anjo, foi ao encontro de Isabel e ficou três meses com ela, até o nascimento de João. Ele recebe o codinome de “Batista”, porque batizava nas águas do rio Jordão. Ele pregava um batismo de conversão para o perdão dos pecados. Ele batizava com água, preparando a vinda de Jesus, que depois batizaria com a água e o espírito.
João Batista era o precursor, ou seja, aquele que veio preparar o caminho para a chegada do Messias, ele batizava as pessoas para que elas estivessem preparadas para acolher o Messias que viria e acolhessem o Reino de Deus. João Batista vivia no deserto e nas montanhas e de lá vinha para batizar as pessoas no rio Jordão.
João Batista vivia no deserto e nas montanhas por dois motivos: o deserto é o lugar do silêncio propício para falar com o Senhor e a montanha é o lugar do encontro com Deus. A chegada do Messias é para iluminar as trevas e aplainar o deserto e, ainda, fazer plano os caminhos tortuosos. Por isso, tinha um sentido João viver no deserto e nas montanhas.
As pessoas achavam que João Batista era o Messias, mas ele mesmo confessava que não era e que estava apenas preparando o caminho para o Messias que viria. Ele afirmava ainda que não era digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Por fim, João Batista batiza o próprio autor do batismo, Jesus Cristo. Depois desse acontecimento, João continua a sua missão no deserto e nas montanhas, mas como ele mesmo dizia, era necessário que ele diminuísse para que Jesus pudesse crescer e anunciar o reino de Deus.
Somos convidados hoje a sermos como João Batista e preparar o caminho do Senhor que virá. Podemos nos preparar rezando a novena de Natal em família ou na comunidade, realizando a nossa confissão sacramental e evangelizando em casa, no trabalho e na escola, ensinando para as pessoas o verdadeiro sentido do Natal. O Natal não é apenas Papai Noel e presentes materiais, mas sim, sobremaneira, o Natal é a chegada do nosso maior presente, que é o Messias.
Estejamos atentos aos sinais do tempo e como nos convida o próprio Jesus: “Orai e vigiai, pois não sabeis o dia e a hora”. Sejamos catequistas e ensinemos as pessoas o verdadeiro sentido do Advento. Aproveito para cumprimentar as Diocese de Campos dos Goytacazes e de Barra do Pirai/Volta Redonda pelos 100 anos de criação neste final de semana, seus bispos e povo de Deus.