30 ensinamentos do Papa Francisco na Encíclica “Laudato Si’”

Dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, SDV
Bispo da Prelazia de Itacoatiara (AM)

 

Dia 24 de maio celebramos os 25 anos da publicação da Encíclica “Laudato Si’” pelo Papa Francisco. O próprio Papa Francisco nos convidou a celebrarmos esta memória, com a realização de uma Semana Laudato Si em toda a Igreja.

São tantas as iniciativas, mesmo sendo virtuais, principalmente através das chamadas Lives. Nossa Prelazia de Itacoatiara está fazendo acontecer esta semana com quatro lives: Conteúdo da Laudato Si e sua aplicação no cuidado com a casa comum nestes 5 anos.; Laudato Si, Juventudes e a Economia de Francisco e Clara; Laudato Si, a conversão ecológica e a prática da caridade/solidariedade e Laudato Si e Pastoral da Ecologia Integral.

Relendo esta semana a Encíclica Laudato Si, veio-me a vontade de partilhar neste artigo estes trinta ensinamentos do Papa Francisco sobre a Ecologia Integral e o Cuidado com a nos Casa Comum.

Deixemos o Papa Francisco falar, nos questionar e nos motivar!

 

1. Casa Comum: Irmã e Mãe
“A nossa casa comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços” (nº 1).

 

2. Pecado contra a natureza e contra Deus
“Quando os seres humanos destroem a biodiversidade na criação de Deus; quando os seres humanos comprometem a integridade da terra e contribuem para a mudança climática, desnudando a terra das suas florestas naturais ou destruindo as suas zonas úmidas; quando os seres humanos contaminam as águas, o solo, o ar… tudo isso é pecado… Porque um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus” (nº 8).

 

3. O exemplo de São Francisco
“Francisco é o exemplo por excelência do cuidado pelo que é frágil e por uma ecologia integral, vivida com alegria e autenticidade… Nele se nota até que ponto são inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenhamento na sociedade e a paz interior” (nº 10).

 

4. Sensibilidade com o cuidado da natureza
“Nota-se uma crescente sensibilidade relativamente ao meio ambiente e ao cuidado da natureza, e cresce uma sincera e sentida preocupação pelo que está a acontecer ao nosso planeta” (nº 19).

 

5. Terra: imenso depósito de lixo
“Produzem-se anualmente centenas de milhões de toneladas de resíduos, muitos deles não biodegradáveis: resíduos domésticos e comerciais, detritos de demolições, resíduos clínicos, eletrônicos e industriais, resíduos altamente tóxicos e radioativos. A terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo” (nº 21).

 

6. Acesso a água potável e segura
“A água disponível piora constantemente, em alguns lugares cresce a tendência para se privatizar este recurso escasso, tornando-se uma mercadoria sujeita às leis do mercado. Na realidade, o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos (n 30).

 

7. Perda de biodiversidade
“Os recursos da terra estão a ser depredados também por causa de formas imediatistas de entender a economia e a atividade comercial e produtiva. A perda de florestas e bosques implica simultaneamente a perda de espécies que poderiam constituir, no futuro, recursos extremamente importantes não só para a alimentação, mas, também, para a cura de doenças e vários serviços” (nº 32).

 

8.Os ecossistemas das florestas tropicais
“Os ecossistemas das florestas tropicais possuem uma biodiversidade de enorme complexidade, quase impossível de conhecer completamente, mas quando estas florestas são queimadas ou derrubadas para desenvolver cultivos, em poucos anos perdem-se inúmeras espécies, ou tais áreas transformam-se em áridos desertos” (nº 38).

 

9. Degradação ambiental e degradação humana
“O ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto; e não podemos enfrentar adequadamente a degradação ambiental, se não prestarmos atenção às causas que têm a ver com a degradação humana e social” (nº 48).

 

10. Desperdício de alimentos
“Sabemos que se desperdiça aproximadamente um terço dos alimentos produzidos, e ‘a comida que se desperdiça é como se fosse roubada da mesa do pobre’” (nº 50).

 

11. Interesse econômico ou bem comum?
“Há demasiados interesses particulares e, com muita facilidade, o interesse econômico chega a prevalecer sobre o bem comum e manipular a informação para não ver afetados os seus projetos” (nº 54).

 

12. Convicções da fé e compromissos ecológicos
“As convicções da fé oferecem aos cristãos – e, em parte, também a outros crentes – grandes motivações para cuidar da natureza e dos irmãos e irmãs mais frágeis… Por isso é bom, para a humanidade e para o mundo, que nós, crentes, conheçamos melhor os compromissos ecológicos que brotam das nossas convicções. (nº 64).

13. Tudo está interligado
“Tudo está interligado. Por isso, exige-se uma preocupação pelo meio ambiente, unida ao amor sincero pelos seres humanos e a um compromisso constante com os problemas da sociedade” (nº 91).

“Paz, justiça e conservação da criação são três questões absolutamente ligadas, que não se poderão separar, tratando-as individualmente sob pena de cair novamente no reducionismo” (nº 92).

 

14. Cultura ecológica e paradigma tecnocrático
“A cultura ecológica não se pode reduzir a uma série de respostas urgentes e parciais para os problemas que vão surgindo à volta da degradação ambiental, do esgotamento das reservas naturais e da poluição. Deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma tecnocrático” (nº 111).

 

15. Relativismo
“Quando o ser humano se coloca no centro, acaba por dar prioridade absoluta aos seus interesses contingentes, e tudo o mais se torna relativo… Juntamente com a onipresença do paradigma tecnocrático e a adoração do poder humano sem limites, se desenvolva nos indivíduos este relativismo no qual tudo o que não serve os próprios interesses imediatos se torna irrelevante” (nº122).

 

16. Crise sócio ambiental
“Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise sócio ambiental. As diretrizes para a solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza” (nº 139).

 

17. Visão consumista
“A visão consumista do ser humano, incentivada pelos mecanismos da economia globalizada atual, tende a homogeneizar as culturas e a debilitar a imensa variedade cultural” (nº 144).

 

18. Justiça intergeracional
“A noção de bem comum engloba também as gerações futuras… Já não se pode falar de desenvolvimento sustentável sem uma solidariedade intergeneracional. Quando pensamos na situação em que se deixa o planeta às gerações futuras, entramos em uma outra lógica: a do dom gratuito, que recebemos e comunicamos (nº 159).

 

19. Formas eficazes para resolver as dificuldades ambientais e sociais
“Torna-se indispensável um consenso mundial que leve a programar uma agricultura sustentável e diversificada, desenvolver formas de energia renováveis e pouco poluidoras, fomentar uma maior eficiência energética, promover uma gestão mais adequada dos recursos florestais e marinhos, garantir a todos o acesso à água potável (nº 164).

 

20. Prioridades dos países pobres
“Para os países pobres, as prioridades devem ser a erradicação da miséria e o desenvolvimento social dos seus habitantes; ao mesmo tempo devem examinar o nível escandaloso de consumo de alguns setores privilegiados da sua população e contrastar melhor a corrupção” (nº 172).

 

21. O controle do poder político pelos cidadãos
“A sociedade, através de organismos não-governamentais e associações intermediárias, deve forçar os governos a desenvolver normativas, procedimentos e controles mais rigorosos. Se os cidadãos não controlam o poder político – nacional, regional e municipal –, também não é possível combater os danos ambientais” (nº 179).

22. Diálogo e transparência nos processos decisórios
“A previsão do impacto ambiental dos empreendimentos e projetos requer processos políticos transparentes e sujeitos a diálogo, enquanto a corrupção, que esconde o verdadeiro impacto ambiental dum projeto em troca de favores” (nº 182).

 

23. Política e Economia a serviço do bem comum e da vida
“A política não deve submeter-se à economia, e esta não deve submeter-se aos ditames e ao paradigma eficientista da tecnocracia. Pensando no bem comum, hoje precisamos imperiosamente que a política e a economia, em diálogo, se coloquem decididamente ao serviço da vida, especialmente da vida humana” (nº 189).

 

24. Uso sustentável dos recursos naturais
“Os esforços para um uso sustentável dos recursos naturais não são despesa inútil, mas pelo contrário um investimento que poderá proporcionar outros benefícios econômicos a médio prazo” (nº 191).

 

25. Consumismo e destruição
“É insustentável o comportamento daqueles que consomem e destroem cada vez mais, enquanto outros ainda não podem viver de acordo com a sua dignidade humana” (nº 193).

 

26. Domínio despótico do ser humano sobre a criação
“Se às vezes uma má compreensão dos nossos princípios nos levou a justificar o abuso da natureza, ou o domínio despótico do ser humano sobre a criação, ou as guerras, a injustiça e a violência, nós, crentes, podemos reconhecer que então fomos infiéis ao tesouro de sabedoria que devíamos guardar” (nº 200).

 

27. Diálogo entre as religiões para o cuidado da natureza
“A maior parte dos habitantes do planeta declara-se crente, e isto deveria levar as religiões a estabelecerem diálogo entre si, visando o cuidado da natureza, a defesa dos pobres, a construção de uma trama de respeito e de fraternidade” (nº 201).

 

28. Mecanismo consumista compulsivo
“O mercado tende a criar um mecanismo consumista compulsivo para vender os seus produtos, as pessoas acabam por ser arrastadas pelo turbilhão das compras e gastos supérfluos” (nº 203).

 

29. Abertura ao bem
“Não há sistemas que anulem, por completo, a abertura ao bem, à verdade e à beleza, nem a capacidade de reagir que Deus continua a animar no mais fundo dos nossos corações” (nº 205).

 

30. Formação das consciências
“Compete à política e às várias associações um esforço de formação das consciências da população. Naturalmente compete também à Igreja. Todas as comunidades cristãs têm um papel importante a desempenhar nesta educação. Espero também que, nos nossos Seminários e Casas Religiosas de Formação, se eduque para uma austeridade responsável, a grata contemplação do mundo, o cuidado da fragilidade dos pobres e do meio ambiente” (nº 214).

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