34º Domingo do Tempo Comum

Dom Carmo João Rhoden 
Bispo Emérito de Taubaté (SP) 

 

34º Domingo do Tempo Comum 20/11/2022. (Lc 23, 35-43) 

Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo

Observações preliminares: Enquanto Jesus padecia na cruz: uns zombavam, outros “O” insultavam e havia ainda quem blasfemasse (cf. Lc 23, 35-37). Mas, um dos ladrões arrependido, suplicava: “Jesus lembra de mim, quando vieres em teu reino”. Jesus então lhe respondeu: “em verdade te digo, ainda hoje, estarás comigo, no paraíso” (Lc 23, 43). 

Durante toda sua vida, Jesus evitou o título de “Rei”. Por quê? Estes, geralmente, mandam, dominam ou abusam do poder. Há, certamente, exceções, mesmo que raras. Os judeus, além de esperarem por um messias, ansiavam por um verdadeiro libertador, no campo político. Alguém, igual ou maior do que Moisés, que os libertasse do tacão romano. Portanto, o título de “Rei”, durante sua atividade evangelizadora, era perigoso para Jesus. Os romanos certamente, não brincavam em serviço: de fato, poderia correr sangue, como já acontecera antes. Aliás, outrora como hoje, não faltam fanáticos… 

No fim da vida, quando não havia mais perigo, Jesus aceitou o título de “Rei’, até porque, seu reinado era diferente. Não veio, simplesmente, para dominar, mas para servir: amando e exigindo justiça para todos. A ordem e o bem-estar que devem, sempre, reinar na sociedade não são conseguidos pelo abuso do poder, mas através do amor-serviço. A liberdade não se conquista através de armas, truculência e guerras, mas pelo amor, respeito e justiça social. 

Outrora, como hoje, existem atitudes diferenciadas diante da morte. Uns vociferam, outros acusam impiedosamente, alguns outros, no entanto, imploram perdão e reconciliação. No caso, um dos ladrões (denominado “bom” …) reconhece: nós merecemos o castigo, mas Ele que mal fez? Pede comovidamente perdão. Ouve então a seguinte resposta: “ainda hoje, estarás comigo no paraíso”. Nosso Deus é amor e perdão. É totalmente diferente.  

Jesus veio para salvar e não para acusar ou condenar. Ofereceu sua vida por todos e não quis que a tirássemos dos outros, mormente dos pequenos e pobres. Insisto: Jesus veio ao nosso encontro e não para julgar e mandar para o inferno. Hoje, a situação no Brasil e no mundo não está demasiadamente quente?  Não só em termos climáticos, o que certamente, já é preocupante (cf. COP 27). Jesus mesmo suspenso na cruz, parece, de certo modo, até estar em seu trono. São João, ao menos, O apresenta assim. Está em paz. Fala com amor. Perdoa. Pede, até, ao Pai que nos perdoe, também, dizendo: “eles não sabem o que fazem”. Hoje, em dia, parece haver acusadores e juízes em demasia, mas faltam promotores e servidores da felicidade, da paz e da unidade. Há prisões demais e confessionários de menos. Faltam confessores e confessantes… De quem é a culpa? Apenas, pergunto: não acuso. É bom, no entanto, pensar muito e bem em tudo isso… E viva a solenidade de Cristo Rei. 

 

  

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