Marcada pela luta contra as injustiças e em busca da vida abundante aos pequenos da terra, a 38ª Romaria da Terra do Rio Grande do Sul reuniu milhares de pessoas, no dia 17 de fevereiro, terça-feira de carnaval, em David Canabarro (RS).
A cidade é conhecida essencialmente pela agricultura familiar, realidade também de muitos locais da arquidiocese de Passo Fundo (RS), que conta com muitas iniciativas semelhantes e foi ventre e berço de diversos movimentos sociais e políticos ligados à luta pela terra.
À luz do tema “Sucessão rural familiar, políticas públicas e sustentabilidade social”, a romaria reuniu certa de 12 mil romeiros e romeiras engajados no compromisso de transformação social. Caminhando cerca de 2 km da paróquia Sagrada Família ao Módulo Esportivo Municipal, os romeiros denunciavam as diversas situações de morte dos povos da terra e anunciavam experiências promotoras de vida.
Durante o percurso, três paradas chamaram a atenção dos participantes. A primeira, organizada pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), refletiu sobre a sucessão rural. Em seguida, o tema sustentabilidade foi traduzido pela Cáritas Arquidiocesana em um espaço que destacava o pedido do papa: “Por favor, continuem na luta pela dignidade da família rural, pela água, pela vida e para que todos possam se beneficiar dos frutos da terra”. Por fim, a temática das políticas públicas foi reforçada no terceiro espaço, preparado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Celebração Eucarística
A missa, presidida pelo arcebispo metropolitano de Passo Fundo, dom Antonio Carlos Altieri, contou também com a presença de dez bispos do Rio Grande do Sul. Dom Altieri acolheu os presentes afirmando que neste dia “a arquidiocese se torna casa comum onde se reúnem os filhos e filhas com a maternal bênção da Mãe Aparecida”.
O arcebispo lembrou o papa Francisco quando, em outubro passado, apresentou as necessidades da terra, casa e trabalho. Dom Altieri ressaltou ainda que “poderíamos dizer que a primeira Romaria da Terra aconteceu na criação. Quando todos os animais criados, as plantas e o ser humano pisaram, tocaram e se alimentaram no jardim do Éden, no espaço do bem comum”.
História
Realizada pela primeira vez em 1978, a Romaria da Terra do Rio Grande do Sul passa por todo o Estado e nesta edição, ocorreu pela quarta vez na região de Passo Fundo. A arquidiocese já havia acolhido o evento em 1982, na Encruzilhada Natalino; em 1986, na Fazenda Annoni; e no ano de 2000, em Casca.
O compromisso de realizar a próxima edição, em 2016, foi assumido pela diocese de Bagé (RS).
10º Acampamento da Juventude
Concomitante à Romaria da Terra, o Acampamento da Juventude chegou a sua décima edição em 2015. O encontro reuniu mais de 450 jovens de todo o estado nos dias 15 e 16, que refletiram sobre o aspecto da sucessão rural familiar.
Durante o primeiro dia do encontro, o debate girou em torno dos painéis “Gênero, Modelo de produção, Sustentabilidade e Direitos Humanos”. Já o segundo dia foi dedicado aos trabalhos em grupos.
Ainda na segunda-feira, 16, os jovens vivenciaram oficinas reflexivas e práticas, como mística e espiritualidade das causas sociais, abelhas nativas, teatro e juventude rural, filtro dos sonhos, agitação e propaganda, sucessão rural familiar e autonomia, sistemas agroecológicos e frutas nativas, cooperativismo e sindicalismo, entre outras.
Para dom Altieri, o 10º Acampamento da Juventude foi “uma oportunidade a mais de ajudar a juventude a assumir e se sentir parte integrante e responsável na luta pela justiça e pela paz entre os povos. A força da juventude é fundamental nesta empreitada da vida”.
Os jovens do 10º Acampamento da Juventude tiveram participação intensa também na Romaria da Terra, acolhendo os romeiros e romeiras e auxiliando nos momentos de celebração, mística e animação.
Com informações da arquidiocese de Passo Fundo
