3º Congresso Nacional da CPT debate a relação com a natureza e o histórico de violência no campo

Teve início no dia 17, o 3º Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), na cidade de Montes Claros (MG). Com o tema “Biomas, Territórios e Diversidade Camponesa”, o evento reúne até o dia 21, cerca de 900 pessoas de todas as partes do país.

O momento de acolhida celebrou as lutas, a preservação dos territórios e relembrou os Congressos da CPT, que buscaram, ao longo de sua história, defender a cultura camponesa, sob o lema “No clamor dos povos da terra, a memória e a resistência em defesa da vida”.

O bispo de São José dos Pinhais (PR) e presidente nacional da CPT, dom Ladislau Biernaski, oficializou a abertura das atividades. “Nosso Congresso quer ser de fato um espaço de comunhão, para refletir sobre propostas que defendam nossos biomas contra os que só pensam a terra para explorar e concentrar”, destacou.

Natureza

Os participantes puderam refletir sobre a Conjuntura Ecológica, com a assessoria do professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carlos Walter Porto-Gonçalves. O professor destacou o fator negativo do capitalismo, que, segundo Carlos Walter, é essencialmente antiecológico. “O capitalismo se fortaleceu com a dominação da natureza, vista unicamente como mercadoria, e com a afirmação de que os recursos naturais são ilimitados. Esta visão, neste momento, está em crise diante das mudanças climáticas e do aquecimento global”. O professor afirmou, ainda, que nos últimos 40 anos, a humanidade enfrentou o período mais devastador e ameaçador contra a biodiversidade e, ao mesmo tempo, foi o período em que mais se falou em defesa do meio ambiente.

Uma história de violência

Segundo os participantes do Congresso, historicamente, a ocupação da terra no Brasil foi acompanhada de grande violência contra as comunidades estabelecidas e contra os que apoiaram a luta dos trabalhadores em defesa de seus direitos e de seus territórios.

Nos últimos 25 anos, o serviço de documentação da CPT, que publica desde 1985, anualmente, o relatório de Conflitos no Campo Brasil, registrou 1.162 ocorrências de conflitos em que houve assassinato de trabalhadores e trabalhadoras e/ou seus apoiadores com a morte de 1.546 pessoas. O que marca esta realidade é que das 1.162 ocorrências de conflitos com morte, até hoje, somente 88 foram julgadas, com 20 mandantes e 69 executores condenados. Dos mandantes condenados somente dois estavam presos, Regivaldo Pereira Galvão e Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, responsabilizados pela morte de Irmã Dorothy. No dia de ontem, 19, a Justiça paraense concedeu liberdade provisória a Regivaldo.

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