Deusimar é catequista há seis anos na diocese de São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas. Seu nome indígena é Uahó que, na língua Tukano, significa “Mulher que surgiu das águas”. Seu povo é o Dessano, que vive no Rio Tiqué, no Alto Rio Negro, e fala a língua Tukano, uma das três línguas indígenas reconhecidas oficialmente pelo município de São Gabriel da Cachoeira e pela Federação das Organizações Indígenas. As outras duas são a Banwa e Nheengatu. Segundo explicou, as 23 etnias indígenas presentes na região foram divididas em quatro grupos que adotaram uma destas três línguas.
Na 3ª Semana Brasileira de Catequese (SBC), que a Comissão Bíblico-catequética da CNBB realiza desde o dia 6, em Itaici (SP), Deusimar ou Uahó, como gosta de ressaltar, conquistou a simpatia do público ao apresentar a experiência da catequese com os indígenas. A apresentação foi na tarde de ontem, 7, quando também foram apresentadas experiências de iniciação cristã junto aos crismandos e às comunidades.
“Nós não falamos catequese indígena, mas catequese inculturada”, disse Deusimar, corrigindo os que falam em catequese indígena. “Somos católicos desde a origem, porque, se acreditamos em Deus criador e a Igreja Católica também, então, acreditamos em Jesus”, explicou.
Deusimar não perdeu a oportunidade e lançou um desafio e, ao mesmo tempo, um pedido, que é a realização de uma Semana Brasileira de Catequese com Indígenas. Ela aponta duas razões para o pedido. “É preciso tirar a questão de catequese indígena e trabalhar a catequese inculturada. Além disso, queremos uma metodologia específica para trabalhar com os indígenas”, esclarece.
A catequista tem uma avaliação positiva da SBC em Itaici, sem perder de vista a catequese inculturada. “Esta semana ajuda na formação e abre nossos olhos para lutar por uma catequese inculturada. Além disso, fortalece nosso pensamento de termos subsídios para a catequese inculturada”, avalia. Eles já têm o Novo Testamento traduzido em sua própria língua.
Os Makuxi
Da comunidade indígena Mutamba, na Terra Indígena Araçã, no município de Amajari, em Roraima, o makuxi Carlos de Oliveira Servino trouxe sua experiência de oito anos de catequese com os Makuxi. “A catequese é bem aceita entre os indígenas e nos ajuda a clarear a vivência em cada dia”, diz. Na língua Makuxi, além do Novo Testamento, já existem outros livros de cantos e orações.

Servino faz coro a Deusimar e também defende uma catequese inculturada e lembra que os missionários demoraram a entender os ritos e costumes indígenas. “No início eles [os missionários] não queriam que fizéssemos nossos ritos.
Passados os anos, viram que a gente estava perdendo nossos valores como a terra, nossos ritmos, nossa tradição e nossa oração. Aí começaram a voltar atrás”, conta.
Servino concorda com sua colega Deusimar em relação a uma Semana Brasileira de Catequese com Indígena. “Aí fica bem esclarecido como fica a catequese com os indígenas”, acredita.
Fotos: Pe. Altevir, CSSp
