É possível pensar um projeto para todos? Todas as religiões, todos os segmentos sociais e para todos os rincões do país? Ele existe e se chama “Campanha da Fraternidade”.
O tema deste ano interessa desde os centros urbanos até o povo da floresta: “Fraternidade e Segurança Pública”, sob um lema inspirador: “A paz é fruto da justiça”.
Os presídios são depósitos de pessoas aviltadas em sua dignidade? A maioria de pobres e de jovens? Acusados de crimes menores?
Dom Luciano Mendes um dia me falou: “Nossos presídios estão repletos de jovens condenados à morte. Aidéticos sem escrúpulos abusam deles e os contaminam”.
Pensei comigo mesmo: Nós também temos culpa nisto. Nossa pastoral carcerária é frágil. Nossas fazendas de recuperação de drogados e de outros dependentes químicos são apenas simbólicas, embora algumas sejam modelares. A prevenção é difícil, inclusive porque envolve grandes somas de dinheiro. Nos anos 80, segundo informações fidedignas, a droga envolvia, só na América Latina, a soma de 414 bilhões de Reais por ano! Esta é a grande tentação da droga. Para isto se viciam jovens e crianças.
O Brasil hoje distribui um pouco de renda aos miseráveis. Alimenta suas crianças nas escolas. Mas na medida em que falta emprego, é difícil a paz social. Mais difícil uma cultura de paz.
Por outras tantas razões a Campanha da Fraternidade 2009 é muito oportuna. Todos os segmentos da sociedade são convidados a um debate honesto, em vista da segurança pessoal e da paz nas comunidades. Em nome do Evangelho não podemos desistir de uma cultura de paz: “Felizes os que procuram a paz, porque se chamarão filhos de Deus” (Mt 5, 9).
No entanto, não são apenas as estruturas da sociedade a serem melhoradas. O profeta Joel lança o convite: “Voltai para mim com todo o vosso coração” (Jo 2, 6). E Jesus aconselha: “Reza a teu Pai em segredo” (Mt 6, 6). À espiritualidade quaresmal pertence a esmola, a caridade para com o próximo e o jejum.
O papa Bento XVI, na mensagem quaresmal, insiste no jejum como autodisciplina: “A prática do jejum contribui para conferir unidade à pessoa, corpo e alma, ajudando-a a evitar o pecado e a crescer na intimidade com o Senhor”.
Que a Páscoa nos encontre alegres, solidários, harmoniosos e justos. Pois “a paz é fruto da justiça”.