Quando padre novo, achei a idade de cinqüenta anos um limite razoável de vida. Trabalhei muito, dei tudo de mim a Deus, à causa da formação de novos padres e ao atendimento do povo católico. Certo dia me dei conta de que ultrapassara a faixa dos 50 e ninguém notara, nem eu!

Dia 11 de setembro último fiz 75 anos. É a idade do ancião, a 3ª idade, “a mais bela idade”!

O Direito Canônico (Cânon 401) solicita que o Bispo diocesano peça renúncia de seu ofício quando completa 75 anos: “O Bispo diocesano, que tiver completado setenta e cinco anos de idade, é solicitado a apresentar a renúncia do ofício ao Sumo Pontífice”.

O que o Papa faz com o pedido de renúncia? O mesmo Código Canônico responde com prudência: “Ponderando todas as circunstâncias, tomará providências”.

Enquanto a renúncia não for aceita, o Bispo renunciante continua no ofício. Continua Bispo Diocesano.

É importante que o próprio Bispo se prepare para um novo tempo. É o que procuro fazer. Mas é necessário que a Diocese também se prepare.

Primeiro, mantendo a unidade do Presbitério (padres e bispo unidos). Segundo, orando para que Deus ilumine o sucessor de Pedro na escolha do novo Bispo. Finalmente, gerando no povo disposição de acolher com fé e cordialidade o sucessor escolhido.

Pessoalmente, continuarei como “Bispo emérito”, isto é, uma vez ordenado, sou bispo sempre, mas sem o governo da Diocese. Pretendo trabalhar intensamente para a glória de Deus e o bem do povo. O lugar e o ministério serão decididos em sintonia com o sucessor e as instâncias diocesanas.

Meu pai, quando fez 75 anos, me disse: “Quando era jovem, trabalhei muito pela família e a comunidade, mas dediquei menos tempo à oração. Agora que estou velho me dedico mais à oração”.

Estava certo meu pai. O Apóstolo Paulo nos adverte: “Não temos aqui morada permanente, mas estamos à procura da que está para vir” (Hb 13,14). Portanto, pretendo também me dedicar mais ao ministério da espiritualidade e ao testemunho do sentido da vida.

Dom Aloísio Sinésio Bohn

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