Jesus envia missionários

Hoje o evangelho de Marcos 6, 7-13 nos apresenta Jesus depois de ter instruído os apóstolos, os envia pelas vilas  e cidades em missão, para anunciar a todos sua mensagem de amor.

Também hoje ir perto ou longe é dever dos missionários. Aí está a resolução do Documento de Aparecida: realizar a Missão Continental. Todos os cristãos são enviados pelo Senhor a dar-lhe testemunho diante daqueles com os quais convivem. É dever nosso, cumpri-lo com palavras e mais ainda com o exemplo.

O envio de Jesus se prolonga no tempo e envolve também a nós. O cristão é testemunha enviada pelo Senhor a seus irmãos.

Jesus enviou os apóstolos já ao início da sua vida pública. Depois de ter deixado Nazaré, desceu à Judéia, recebeu o Batismo de João no rio Jordão. Voltando à Galiléia, anunciou o reino com discursos, curas. Não todos o seguiam. Nazaré, sua cidade, o tinha rejeitado. Mas os verdadeiros discípulos não lhe faltaram, e entre eles Jesus tinha escolhido os Doze. Agora os manda a ensinar às gentes, conforme o seu exemplo. Os que um dia deverão realizar concretamente a Igreja, fizeram as primeiras experiências sob a guia de seu Mestre.

O envio tinha características particulares. Primeiramente, deveriam dirigir-se, de modo vago, às vilas e cidades vizinhas, na Galiléia do norte. O equipamento que devia acompanhá-los: somente sandálias, uma só túnica, um bastão. Não levar pão, não bolsas, não provisões, não dinheiro. A pé. Nem mesmo uma túnica de muda.

Os enviados do Senhor, se forem bem acolhidos: entrem em uma casa e aí permaneçam. Irão como amigos. Se acolhidos como amigos, condividirão fraternidade.

Mais tarde, teremos o exemplo do apóstolo Paulo, missionário itinerante. Percorrerá largamente as regiões do Mediterrâneo. Possuía uma habilidade, era fabricante de esteiras, tendas.  Onde chegava, trabalhava, ganhava o sustento com suas mãos. Um dia lhe disseram: “Tu deves pregar; a nós cabe provê-lo”; ele se dedicava inteiramente à sua missão. Mas por princípio não queria ser peso a ninguém.

Os enviados, se não forem bem acolhidos: retirem-se, sacudindo a poeira dos calçados. Para compreender a força dessa expressão, devemos saber que os bons israelitas amavam a sua terra: era a terra da promessa, era sagrada, não queriam misturá-la e contaminá-la com outras terras. Quando voltavam de uma viagem ao estrangeiro, chegando junto à porta da pátria, antes de entrar sacudiam de suas sandálias a poeira que consideravam profana. As palavras de Jesus equivaliam a dizer: se não vos acolherem, considerai a terra na qual vivem como terra estrangeira. Por isso “sacudi a poeira em testemunho contra eles”.

Deviam ensinar os mandamentos de Jesus. Eram seus discípulos, não tinham mensagem própria, pessoal. Repetiam as palavras de Jesus: Convertei-vos, o reino dos céus está próximo, vencei o egoísmo, vivei na caridade.

Esta missão era só um início, uma prova geral, que revela a missionariedade da Igreja. Todo cristão é um enviado.  Mais tarde Jesus enviará em missão 72 discípulos, dois a dois. Depois da ressurreição confiará aos apóstolos o mandato oficial: “Ide em todo o mundo, pregai o Evangelho…” E assim partiram. Vinte séculos de história do cristianismo, de missão. É a característica da Igreja.

Paulo VI dizia: “Quando a Igreja toma consciência de si, torna-se missionária”. João Paulo II ensinou-nos a distinguir entre missão geral, que diz respeito a todos os cristãos, e as missões em meio aos povos que ainda desconhecem Cristo. Estes povos, têm o direito ao Evangelho, e em conseqüência nós temos o dever de anunciá-lo.

O Senhor confiou-nos uma missão também entre os vizinhos. A fé deve ser sempre reproposta a cada nova geração. E sempre de novo. Alguém definiu a nossa época como pós-cristã. Ocorre uma nova Evangelização.

Bento XVI afirmou: “Depois de ter presidido à Conferência de Aparecida e recebendo o seu documento final, estou convencido que também para esta querida porção do povo de Deus é importante “recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou por uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá novo horizonte à vida e, com isso, um orientação decisiva”.

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